02 DE AGOSTO – FESTA DE SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO, BISPO E DOUTOR DA IGREJA
SANTO AFONSO MARIA DE LIGÓRIO
Santo Afonso Maria de Ligório nasceu em Marianella, perto de Nápoles, a 27 de setembro de 1696. Era o primogênito de uma família bastante numerosa, pertencente à nobreza napolitana. Recebeu uma esmerada educação em ciências humanas, línguas clássicas e modernas, pintura e música. O jovem Afonso recebeu a formação completa para ser um cidadão da classe nobre. Era um jovem normal da sociedade napolitana.
Sua formação humana e espiritual foi esmerada. Sua mãe e seu pai lhe ensinaram um profundo amor a Jesus Cristo visto como o Menino de Belém, o Crucificado, o Jesus da Eucaristia, e Maria. Afonso aprendeu a buscar a perfeição humana e espiritual. Procurava viver na graça de Deus e não pecar. Desde pequeno participa da vida de comunidade, pertencendo a diversos grupos pastorais para convivência, crescimento espiritual e comprometimento com os necessitados. Eram as confrarias.
Pode preparar-se muito bem em sua formação humana. Ele seria o herdeiro. Em seu conhecimento musical comporá músicas que até hoje são cantadas na Itália. Entre elas o Dueto da Paixão, como também o cântico de Natal mais popular da Itália, “Tu Scendi dalle Stelle” (Eis que lá das Estrelas) e numerosos outros hinos. O pai foi exigente em estudos. Aos 12 anos entra para a faculdade de direito onde se forma com 16 anos. Terminou os estudos universitários alcançando o doutorado nos direitos civil e canônico e começou a exercer a profissão de advogado.
DECISÃO VOCACIONAL
Teve grande sucesso em seu desenvolvimento profissional. Vivia sua vida cristã intensa, com sua família e no grupos espirituais em que participava. Mas faltava, como ele diz, a conversão. Esta ocorreu na Semana Santa de 1722. Em 1723, depois de um longo processo de discernimento, abandonou a carreira jurídica, definiu-se pelo Evangelho e, não obstante a forte oposição do pai, começou os estudos eclesiásticos. Foi o primeiro passo de sua caminhada.
Foi ordenado sacerdote a 21 de dezembro de 1726, aos 30 anos. Seu sacerdócio foi o segundo passo para a definição de sua vida. Chamamos de êxodo. Seu sacerdócio é para o serviço da pregação e do atendimento as pessoas na confissão e orientação dos fiéis. Viveu seus primeiros anos de sacerdócio procurando atender os marginalizados de Nápoles. Fundou as “Capelas da Tarde”, que eram centros dirigidos pelos próprios leigos para a oração, proclamação da Palavra de Deus, atividades sociais, educação e vida comunitária. Na época da sua morte, havia 72 dessas capelas com mais de 10 mil participantes ativos. Este foi o terceiro passo de sua caminhada espiritual. Começou a dedicar sua vida em favor dos pobres da cidade.
Em 1729 Afonso deixou a família e passou a residir no Colégio Chinês de Nápoles. Foi aí que começou a sua experiência missionária no interior do Reino de Nápoles, onde ele encontrou gente muito mais pobre e mais abandonada que qualquer menino de rua de Nápoles. Ele fazia parte de uma associação de missionários da cidade de Nápoles. Era o grande pregador. Numa das missões conhece o pobre do campo. Indo fazer férias em um lugarejo, perto de Scala, tomou contato com a situação de abandono humano e espiritual dos pobres do interior.
FUNDAÇÃO DA CONGREGAÇÃO REDENTORISTA
Nestas férias conheceu uma irmã do mosteiro de Scala que estava trabalhando na fundação de uma nova congregação de irmãs contemplativas. Ela se chamava Maria Celeste Crostarosa. Estabeleceu-se uma grande amizade que vai durar a vida inteira, tanto é que guardou suas cartas por toda a vida. Ajudou-a na fundação da Ordem do Santíssimo Redentor, no dia 13.05.1731. Ela mesma diz a ele que o “Senhor queria que ele deixasse Nápoles e viesse para Scala para fundar a congregação dos homens para a evangelização”. Afonso, diante da experiência com os pobres, sua experiência pastoral e esta chamada de Deus, deixa Nápoles e vai para Scala “para viver entre os casebres e os currais dos pastores”, como escreve seu primeiro biógrafo. Foi o 4º passo de sua caminhada em seu êxodo em direção aos mais abandonados e por sua resposta ao chamado de Deus.
No dia 9 de novembro de 1732, Afonso fundou a Congregação do Santíssimo Redentor, popularmente conhecida como Redentorista, para seguir o exemplo de Jesus Cristo anunciando a Boa Nova aos pobres e aos mais abandonados. Daí em diante, dedicou-se inteiramente a esta nova missão. Não estava sozinho. Os primeiros companheiros, animados, não chegaram a um acordo e o deixaram só. Depois, lentamente vieram outros com grande força apostólica e muita santidade. Entre eles, temos o Beato Sarnelli, S. Geraldo e outros padres jovens animados pelo mesmo ideal de dar a vida pela Copiosa Redenção. Hoje já são 5.500 redentoristas.
UMA VIDA DEDICADA À EVANGELIZAÇÃO
Afonso era um amante da beleza: músico, pintor, poeta e escritor. Colocou toda a sua criatividade artística e literária a serviço da missão e o mesmo ele pediu aos que ingressavam na sua Congregação. Escreveu sobre espiritualidade e teologia 123 obras, que tiveram 21.500 edições e foram traduzidas em 72 línguas, o que comprova que ele é um dos autores mais lidos. Entre suas obras mais conhecidas estão: O Grande Meio da Oração, A Prática de Amar a Jesus Cristo, As Glórias de Maria e Visitas ao Santíssimo Sacramento. A oração, o amor, a comunhão com Cristo e sua experiência imediata das necessidades espirituais dos fiéis fizeram de Afonso um dos grandes mestres da vida interior. Os livros de espiritualidade eram lidos pelo povo, o que ajudou na formação e na piedade não somente dos letrados, como também dos humildes.
A maior contribuição de Afonso para a Igreja foi na área da reflexão teológica moral, com a sua Teologia Moral. Esta obra nasceu da experiência pastoral de Afonso, da sua habilidade em responder às questões práticas apresentadas pelos fiéis e do seu contato com os problemas do dia a dia. Combateu o estéril legalismo que estava sufocando a teologia e rejeitou o rigorismo estrito do seu tempo, produto da elite poderosa. Conforme Afonso, estes eram caminhos fechados ao Evangelho porque “tal rigor jamais foi ensinado nem praticado pela Igreja”. Ele sabia como colocar a reflexão teológica a serviço da grandeza e da dignidade da pessoa humana, da consciência moral e da misericórdia evangélica.
Sua Congregação, evangelizando através das missões e dos retiros, vivendo entre os mais abandonados, contribuiu muito com a Igreja na renovação das populações. Seu modo simples de viver e de pregar eram de grande agrado para o povo.
BISPO
Afonso foi ordenado bispo de Santa Ágata dos Gôdos em 1762, aos 66 anos. Tentou recusar a nomeação porque se sentia demasiado idoso e doente para cuidar adequadamente da diocese. Foi um bispo diferente: pobre, muito dedicado à renovação dos seus padres, do seminário, das paróquias e do povo. Cuidava dos pobres, chegando a dar salário mensal às mocinhas, para não caírem na prostituição por pobreza. Ele não gastava com luxos na diocese, pois dizia que o dinheiro da diocese é dos pobres, o bispo é o administrador. Em uma crise de falta de alimentos, empenhou a diocese para comprar alimentos para população. Em 1775, foi-lhe permitido deixar o cargo e ele foi morar na comunidade redentorista de Pagani, onde morreu no dia 1º de agosto de 1787. Foi canonizado em 1831, proclamado Doutor da Igreja em 1871 e Patrono dos Confessores e Moralistas em 1950.
É um santo a ser mais conhecido, pois tem muito a ensinar para a Igreja de hoje. Sobretudo ele convida aos seus seguidores, sacerdotes, irmãos consagrados e leigos a que façam o caminho que ele fez. Sem fazer seu caminho é impossível segui-lo bem.
HERANÇA ESPIRITUAL
O que leva Santo Afonso a ser um grande homem foi seu intenso amor a Jesus Cristo que ele coloca como centro de todo caminho de santidade. Este amor a Jesus Cristo se transforma em amor ao pobre e necessitado, de modo particular de ajuda espiritual. Tudo o que faz é para que o pobre se sinta amado por Deus e que sua misericórdia está ao seu alcance. Abre os tesouros de Deus aos mais simples. Afirma, contrariamente a outros, que todos podem ser santos, cada um na sua condição.
Compreendendo este grande amor de Deus, faz-se cargo de levá-lo a todos através de todos os meios possíveis para uma completa evangelização. Por isso coloca as casas da Congregação em lugares de fácil acesso ao povo abandonado. Seus padres poderiam também ir facilmente ao encontro destas populações. O conhecimento do povo, força-o a aprofundar os ensinamentos do Evangelho e dá-los ao povo de maneira simples, mas profunda. Além do mais, modifica dos modos de ensinar, colocando como base o respeito à consciência de cada um.
De sua herança espiritual colhemos um grande amor aos mistérios onde Jesus manifesta seu amor: Presépio, Cruz, Eucaristia. E Maria, que para ele é aquela que viveu este amor e pode, com sua intercessão nos trazer a misericórdia de Deus. O amor a Jesus Cristo faz dele um continuador seu.
(Fonte: Portal do Santuário Nacional de Aparecida)