Santo do Dia
19 DE MARÇO – FESTA DE SÃO JOSÉ, CASTÍSSIMO ESPOSO DE MARIA SANTÍSSIMA E PAI ADOTIVO DE JESUS CRISTO
DIGNIDADE E SANTIDADE DE SÃO JOSÉ
Numa síntese admirável, o Evangelho desta festa põe diante de nós: O Filho de Deus, e o Filho do homem, na única pessoa de Jesus Cristo.
Por ocasião do batismo de penitência, que o Salvador se dignou receber de seu precursor, Deus o proclama seu Filho dileto, e, narrando este fato, o Evangelista mostra-nos este Filho de Deus, considerado como Filho de José.
Era o Filho espiritual de José e filho verdadeiro da Virgem Maria.
Este título, que o Espírito Santo dá a José, dizendo que Jesus era considerado como seu filho, é o pedestal da grandeza do humilde e santo operário.
Meditemos hoje estas sublimes prerrogativas:
I A dignidade de São José.
II – A sua santidade.
I – A DIGNIDADE DE SÃO JOSÉ
A primeira dignidade do glorioso Patriarca é ter sido esposo verdadeiro de Maria, e afora a reserva de uma inviolável virgindade, ter possuído todos os direitos e cumprido todas as funções inerentes a este título de esposo.
São Bernardino, partindo do princípio, que tudo é comum entre esposa e esposo, põe em pleno relevo a dignidade de São José.
Ele tem uma parte em todos os títulos de honra conferidos a Maria Santíssima.
Ela é Mãe; José tem o nome de pai.
Ela é Rainha dos patriarcas, profetas, apóstolos, mártires, confessores e virgens: José também pode ser chamado rei de todas estas ordens.
A comunidade de bens e riquezas é mais legítima ainda que a comunidade de honras.
Os tesouros de Maria pertencem também a José.
Ora, o tesouro, o grande e único tesouro de Maria é Jesus, o Filho de Deus feito seu próprio Filho. Esposo verdadeiro de Maria, José recebe uma dignidade não menos admirável; passa como sendo pai de Jesus e recebe este nome, conforme lemos no Evangelho:
Julgando-se que era filho de José ( Lucas III. 2 3 ) .
Não é este o carpinteiro? (Marcos VI. 3 ) .
Não é ele o filho de José? (João VI. 4 2 ) .
Santo Agostinho observa a respeito: Somente aqueles o julgavam pai de Jesus, porque ignoravam a concepção divina do Salvador, porém, o nome de pai lhe compete e lhe é dado pelo Evangelista: Seu pai e mãe estavam admirados ( Lucas II. 3 J) , e pela própria Virgem Santíssima: Eis que teu pai e eu te procurávamos cheios de aflição. ( Lucas II. 48) .
Não é sem um desígnio de Deus que S. Lucas e a Santíssima Virgem, falando sob a inspiração do Espírito Santo, dão a José este nome.
Tal nome de pai não era um título vão, mas exprimia uma função real, uma autoridade, todos os direitos de pai. José não era o pai natural de Jesus, mas pai espiritual pelo seu matrimônio com Maria Santíssima, pelo seu afeto, pelos cuidados.
Ele havia adotado o Filho de Maria, sua esposa, como seu próprio filho, recebendo-o como tal do próprio Deus; e Jesus, por sua vez, havia escolhido e adotado José como pai, transmitindo-lhe todos os direitos de paternidade. Segue-se daí que, num sentido, José era o chefe e o superior de Maria e do próprio Jesus. Aliás, São Paulo nos ensina: pelo casamento o homem torna-se o chefe da mulher: Caput mulieris vir (I Cor. XI, 3 ) e embora a Virgem Santa, pelo seu voto de virgindade fosse libertada do dever matrimonial, ela devia-lhe, entretanto, como chefe de família, submissão no governo doméstico.
É por isso que Deus, tendo qualquer ordem a transmitir à Sagrada Família, dirige-se sempre a José, como quando lhe comunica a fuga para o Egito, a volta do exílio, a imposição do nome de Jesus, sendo que esta última foi também dirigida a Maria.
Tal superioridade de José estendia-se até sobre o Menino Jesus; é o próprio Evangelho que nô-lo atesta, dizem do que Jesus lhes era submisso.
É um fato, embora não seja um direito. De direito, Jesus Cristo não está subordinado à criatura alguma, porém, quis livremente e para melhor realçar a dignidade de José, obedecer-lhe em tudo, como a um superior, honrá-lo como a um pai verdadeiro.
Esposo de Maria. pai espiritual de Jesus, representante da autoridade do Pai celeste, tal é a tríplice auréola, que ilumina a fronte gloriosa de S. José, e fez dele o homem incomparável, o maior dos santos, o mais glorioso dos Patriarcas.
II – A SANTIDADE DE SÃO JOSÉ
Passando da dignidade à santidade de São José, pode-se afirmar, sem hesitação, que tendo sido o mais elevado em mérito, foi também o mais heroico na prática da virtude.
É uma consequência das inefáveis funções que lhe foram confiadas como Esposo de Maria, pai espiritual de Jesus e representante da autoridade do Padre Eterno sobre o seu Filho Encarnado.
É de regra nas operações divinas que, confiando Deus uma missão providencial e santa a uma criatura, comunica-lhe graças e privilégios exigidos por este ofício.
O Evangelho dizendo-nos que José era um homem justo (Mateus 1, 19 ) mostra claramente que era adornado de todas as virtudes. Aliás o próprio Evangelho nos aponta, em diversas circunstâncias, a prática das virtudes na pessoa de José. Faz-nos entrever a sua moderação e a admirável prudência em percebendo o estado de Maria após a Encarnação do Filho de Deus; a sua fé e a sua obediência recebendo ordens de Deus. Não é sublime esta saída repentina para o Egito?
O anjo lhe ordena que fuja de noite, que parta para um país estrangeiro, levando consigo a mãe e a criança, como se o Céu nada pudesse fazer em favor desta mulher, que lhe dizem ser a Mãe de Deus.
E este menino, que ele deve reconhecer como único Deus verdadeiro, nem sequer pode defender-se dos inimigos, que lhe ameaçam a existência.
Tudo isso seria capaz de fazer vacilar uma fé menos robusta que a de José. E, entretanto, nem uma objeção cai de seus lábios, nenhuma dúvida penetra em seu espírito: ele crê, adora em silêncio e parte, sem esperar o dia. Nada nos revelou Deus, da santidade de S. José, nem da sua glória, nem de seu poder, de modo que estamos reduzidos a simples conjecturas, porém, tais conjecturas se apoiam no Evangelho, deduzem-se dos fatos ali narrados.
A glória é a coroação da graça e da santidade:
Soares, e com ele os teólogos, pensam que S. José morreu antes da Paixão de Jesus Cristo, e foi ressuscitado por ele, sobrepujando, em glória, os Apóstolos e o próprio João Batista.
São Francisco de Sales julga que S. José está no céu, em corpo e alma, merecendo o culto de dulia mais elevado.
O poder de S. José deriva da sua glória. Não há dúvida, diz S. Bernardino de Sena, que Jesus Cristo, no céu, não tenha diminuído, mas sim aumentado, a dignidade e o poder de intercessão, de que havia cercado, na terra, seu Pai adotivo. S. Bernardo diz: A uns santos Deus outorgou a honra de servirem de padroeiros em certas circunstâncias particulares; São José, porém, recebeu o poder de socorrer-nos em todas as necessidades e de defender todos aqueles que recorrerem a seu patrocínio.
É a razão porque o S. Padre Pio IX o proclamou padroeiro da Igreja universal.
III – CONCLUSÃO
Terminemos com as palavras do Santo Padre Leão XIII, dando as razões que justificam o Patrocínio universal de São José.
“A santa casinha, que José governava com lealdade de pai, continha as premissas da Igreja nascente.” Do mesmo modo que Maria Santíssima é a Mãe de Jesus Cristo, é também a Mãe de todos os cristãos, que gerou no Calvário.
Jesus Cristo é como o primeiro dos cristãos, os quais, pela adoção e redenção, são seus irmãos. Tais são as razões por que o santo Patriarca considera como lhe sendo particularmente consagrada a multidão dos cristãos, que compõem a Igreja. Sobre esta família imensa, espalhada por toda a terra, o santo esposo de Maria e pai espiritual de Jesus, possuí uma espécie de autoridade paternal. É, pois, natural e digno do glorioso Patriarca José que, do mesmo modo que provia outrora a todas as necessidades da Sagrada Família, cobrindo-a com a sua proteção, proteja agora a Igreja de Jesus Cristo. Santo Afonso de Ligório diz que o patrocínio de São José pode, sobretudo, alcançar-nos três grandes graças, de que precisamos:
1 – A remissão dos pecados, que teria obtido de N. S. durante a vida, para algum pecador que o implorasse.
2 – O amor de Jesus Cristo, a quem tanto amava.
3 – A morte preciosa que mereceu, tendo a felicidade de expirar entre os braços de Jesus e Maria.
Consagremo-nos, pois, a S. José, neste dia, e imploremos o seu poderoso patrocínio.
✟ ORAÇÃO A SÃO JOSÉ, DE SÃO CLEMENTE HOFBAUER ✟
São José, ó meu terno pai, ponho-me para sempre sob a vossa proteção; considerai-me como vosso filho, e preservai-me de todo o pecado. Lanço-me nos vossos braços, para que me acompanheis no caminho da virtude, e me assistais na hora da minha morte.
☞ NOTA: O Evangelho da Festa de hoje é de S. Mateus 1, 16.18-21.24a (cf. Evangelho Quotidiano).
(Fontes: 1. texto: livro, em formato PDF, “O Evangelho das Festas Litúrgicas e dos Santos Mais Populares”, Pe. Júlio Maria, Missionário de N. S. Do Santíssimo Sacramento, 2ª edição/1952, Editora “O Lutador”, 26ª Instrução, pp. 132-136, obtido no blog Alexandria Católica; 2. oração: livro “As Mais Belas Orações de Santo Afonso”, Coordenadas pelo Pe. Saint-Omer, Redentorista, traduzidas por Dom Joaquim Silvério de Sousa, Editora Vozes, 1961, Artigo 5: Devoção a São José, p. 510 – Ambos os textos foram revistos e atualizados, bem como destaques por nós acrescentados)