1º DE NOVEMBRO – FESTA DE TODOS OS SANTOS
“Vi uma grande multidão que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas. Estavam de pé diante do Trono e diante do Cordeiro, de vestes brancas e palmas na mão.”
A visão narrada por São João Evangelista, no Apocalipse, fala dos Santos aos quais é dedicado o dia de hoje: Festum omnium sanctorum.
A Enciclopédia Católica define o Dia de Todos os Santos como uma festa em “honra a todos os santos, conhecidos e desconhecidos”. Segundo a Doutrina Católica, o Dia de Todos os Santos celebra todos os que morreram em estado de graça e não foram canonizados (processo regularizado, iniciado no Século V, para o apuramento da heroicidade de vida cristã de alguém aclamado pelo povo e através do qual pode ser chamado universalmente de Beato ou Santo, e pelo qual se institui um dia e o tipo e lugar para as celebrações, normalmente com referência especial na Missa), portanto não têm um dia específico de culto.
A Igreja de Cristo possui muitos Santos canonizados, mas, além desses, a Igreja tem, também, muitos outros Santos sem nome, que viveram no mundo silenciosamente e na nulidade, carregando com dignidade a sua cruz, sem nunca ter duvidado dos ensinamentos de Jesus. Enfim, Santos são todos os que foram canonizados pela Igreja ao longo dos séculos e também os que não foram, e nem sequer a Igreja conhece o nome, e que nos precederam em vida na Terra perseverando na fé em Cristo. Portanto, são mesmo multidões e multidões, e para Deus não existe maior ou menor santidade. Ele ama todos do mesmo modo. O que vale é o nosso testemunho de fidelidade e amor na fé em seu Filho, o Cristo, e que somente Deus conhece. Como mesmo entre os canonizados muitos Santos não têm um dia exclusivo para sua homenagem no calendário, a Igreja reverencia a lembrança de todos, até os sem nome, numa mesma data.
Há alguns Santos que foram “canonizados”, ou seja, declarados oficialmente Santos pelo Sumo Pontífice, porque, por sua intercessão, se conseguiram admiráveis milagres e porque, depois de ter examinado minuciosamente seus textos e de ter feito uma cuidadosa investigação e interrogatório às testemunhas que os acompanharam em sua vida, chegou-se à conclusão de que praticaram as virtudes em grau heroico.
Para ser declarado “Santo” pela Igreja Católica se necessita toda uma série de trâmites rigorosos. Primeiro uma exaustiva investigação com pessoas que o conheceram, para saber se na verdade sua vida foi exemplar e virtuosa. Se for possível comprovar pelo testemunho de muitos que seu comportamento foi exemplar, é declarado “Servo de Deus”. Se por detalhadas investigações se chega à conclusão de que suas virtudes, foram heroicas, é declarado “Venerável”. Mais tarde, se por sua intercessão se consegue algum milagre totalmente inexplicável por meios humanos, é declarado “Beato”. Finalmente, se se conseguir um novo e maravilhoso milagre por ter pedido sua intercessão, o Papa o declara “Santo”.
No caso de alguns Santos o procedimento de canonização foi rápido, como por exemplo, para São Francisco de Agarram e Santo Antonio, cujo processo só durou 2 anos.
Pouquíssimos outros foram declarados Santos seis anos depois de sua morte, ou aos 15 ou 20 anos. Para a imensa maioria, os trâmites para sua beatificação e canonização duram 30, 40, 50 e até cem anos ou mais. Depois de 20 ou 30 anos de investigações, a maior ou menor rapidez para a beatificação ou canonização depende de quem obtém mais ou menos logo os milagres requeridos. Há muitos Santos aguardando o reconhecimentos cujos processos mofam nos arquivos vaticanos. Na sanha modernista que varre o Vaticano, hoje, alguns “santos” vêm sendo reconhecidos a toque de caixa, um até sem um milagre sequer.
O abade São Bernardo, no início de seu sermão sobre o dia, nos esclarece:
“Para quê louvar os Santos, para que glorificá-los? Para quê, enfim, esta solenidade? Que lhes importam as honras terrenas? A eles que, segundo a promessa do Filho, o Pai celeste glorifica? Os Santos não precisam de nossas homenagens. Não há dúvida alguma, se veneramos os Santos, o interesse é nosso, não deles”.
O primeiro registro de um dia comum para a celebração de todos os Santos aconteceu em Antioquia, no Século IV, no domingo seguinte ao de Pentecostes, ou o domingo imediato, quando se celebrava uma festa por todos os Mártires. O culto se estendeu ao Ocidente, dedicado depois a todos os Mártires e também aos Apóstolos e aos anjos. A celebração foi introduzida em Roma no Século VI, quando o Papa Bonifácio IV recebe e consagra a propriedade do Panteão do Campo de Júpiter ou de Marte (templo mandado construir por Marco Vipsânio Agripa, general romano, ministro e genro do Imperador Augusto, encerrado ao culto desde o Século V) dedicando a nova igreja à Virgem Maria e a todos os cristãos já canonizados. Um ano depois, a 13 de Maio, para assinalar essa dedicação, realiza-se a primeira festa litúrgica em comemoração de todos os Santos em geral. Esta festa foi designada primitivamente como Dia de Nossa Senhora dos Mártires, e a data continuou a ser celebrada durante mais de dois séculos no dia 13 de maio, com um ofício próprio. Por volta de 737, passa a ser incluída no cânone da Missa uma alocução dedicada a todos os Santos.
Ainda no Século VIII (em 741), Gregório III manda erigir na Basílica de São Pedro, em Roma, uma capela dedicada ao Divino Salvador, a sua Santíssima Mãe, aos Apóstolos e a todos os Mártires e Confessores, dando-se assim um maior impulso à Festa de Todos os Santos.
No século seguinte (por volta de 835), o Papa Gregório IV quis que a festa de Todos os Santos fosse celebrada em todo o mundo cristão e a introduziu no Calendário Romano, constituindo uma das maiores solenidades para toda a Igreja Cristã. A mudança do dia começara com o abade inglês Alcuíno de York, professor de Carlos Magno, perto do ano 800.
No final do Século X, Santo Odilão ou Odilon, quarto abade de Cluny, junta às celebrações em louvor dos Santos algumas orações em favor do descanso eterno dos defuntos. Esta introdução levou mais tarde a que se procedesse à separação das duas datas, vindo o dia lº de Novembro a ser consagrado a todos os Santos da Igreja Católica, enquanto o dia 2 passou a ser dedicado exclusivamente aos fiéis defuntos, no qual as pessoas rezam a fim de ajudar as almas no Purgatório a obter a bem-aventurança celestial.
Oficialmente, a mudança do dia da festa de Todos os Santos, de 13 de maio para 1º de novembro, só foi decretada em 1475, pelo do Papa Xisto IV.
No Brasil, assim como em toda a América Latina, o Dia de Todos os Santos não é considerado feriado nacional. Muitas pessoas, porém, vão à igreja assistir a missas especiais em celebração aos Santos. Outras ainda procuram ir aos cemitérios para limpar as sepulturas, levando flores, e deixando-as prontas para o dia seguinte, 2 de novembro, quando é celebrado o Dia de Finados, quando se recordam os fiéis que se encontram no Purgatório.
Esta tradição de recordar (fazer memória) os Santos está na origem da composição do Calendário Litúrgico, em que constavam inicialmente as datas de aniversário da morte dos cristãos martirizados como testemunho pela sua fé, realizando-se nelas orações, missas e vigílias, habitualmente no mesmo local ou nas imediações de onde foram mortos, como acontecia em redor do Coliseu de Roma. Posteriormente tornou-se habitual erigirem-se igrejas e basílicas dedicadas em sua memória nesses mesmos locais. O desenvolvimento da celebração conjunta de vários mártires, no mesmo dia e lugar, deveu-se ao facto frequente do martírio de grupos inteiros de cristãos e também devido ao intercâmbio e partilha das festividades entre as dioceses/paroquias por onde tinham passado e se tornaram conhecidos. A partir da perseguição de Diocleciano o número de mártires era tão grande que se tornou impossível designar um dia do ano separado para cada um.
Segundo o ensinamento da Igreja, a intenção catequética desta celebração que tem lugar em todo o mundo ressalta o chamamento de Cristo a cada pessoa para O seguir e ser Santo, à imagem de Deus, a imagem em que foi originalmente criada e para a qual deve continuar a caminhar em amor. Isto não só faz ver que existem Santos vivos (não apenas os do passado) e que cada pessoa o pode ser, mas sobretudo faz entender que são inúmeros os potenciais Santos que não são conhecidos, mas que da mesma forma que os canonizados igualmente veem Deus face a face, têm plena felicidade e intercedem por nós. Nesta celebração, o povo católico é conduzido à contemplação do que, por exemplo, dizia o Cardeal Beato John Henry Newman: “não somos simplesmente pessoas imperfeitas em necessidade de melhoramentos, mas sim rebeldes pecadores que devem render-se, aceitando a vida com Deus, e realizar isso é a santidade aos olhos de Deus”.
Como Nosso Senhor Jesus Cristo, somos convidados a fazer de nossa vida uma Eucaristia, uma oferta viva. Na Igreja antiga, os Santos eram entregues às chamas, às feras, às torturas cruéis. Hoje, os Santos, por terem tido confiança nas promessas de Cristo, lutando contra as seduções do mal e as dificuldades de suas vidas, alegram-se e exultam pela grande recompensa dada por um Rei incompreensivelmente misericordioso e generoso. A Igreja honra os santos com particular solenidade, pois se comprometeram com Deus Pai, em nome de Jesus, de maneira radical com Seu Reino de bondade, de Justiça e de Amor.
Que nós possamos lembrar sempre que a Intercessão dos Santos é uma dádiva divina, um tesouro, reconhecido em um Credo de Romana Igreja:
Confesso também que (…) os Santos, que reinam com Cristo, também devem ser invocados; que eles oferecem suas orações por nós, e que suas relíquias devem ser veneradas. Firmemente declaro que se devem ter e conservar as imagens de Cristo, da sempre Virgem Mãe de Deus, como também as dos outros Santos, e a eles se deve honra e veneração. – Professio fidei Tridentina – “Esta profissão de fé, também conhecida por Credo do Papa Pio IV, é um dos quatro Credos da Igreja Católica. Foi publicada no dia 13 de Novembro de 1565 por aquele pontífice na sua bula Iniunctum nobis, sob os auspícios do conhecido Concílio de Trento (1545-1563), que Pio IV reabriu e terminou. O maior objetivo do Credo foi definir claramente a Fé Católica contra o protestantismo. Aliás, este Concílio afastou de vez qualquer possibilidade de conciliação com os protestantes. Desde então, o Catolicismo fiel à Tradição (tradicionalista) passou a ser designado como “tridentino” (de Trento)”.
Também procuremos tomá-los como modelo de vida e santidade. Os Santos foram homens e mulheres como nós, que em busca da verdadeira felicidade, honraram e doaram suas vidas para a maior glória de Deus Nosso Senhor.
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(Fonte: blog Pale Ideas – Tradição Católica! – Alguns destaques acrescidos)