2 DE JULHO – FESTA DA VISITAÇÃO DE NOSSA SENHORA

A VISITAÇÃO DE MARIA A ISABEL

2 DE JULHO – FESTA DA VISITAÇÃO DE NOSSA SENHORA

A VISITAÇÃO DE MARIA A ISABEL

Ó minha Mãe, Maria Santíssima, sede sempre o meu modelo, o meu amparo e o meu guia.

1 – «Naqueles dias, levantando-se Maria, foi com pressa às montanhas, a uma cidade de Judá», lemos no Evangelho de hoje (Lc. 1, 39-47). A Caridade de Maria é tão delicada que Ela sente profundamente as necessidades alheias e, apenas as adverte, vai logo, espontânea e decidida, prestar ajuda. Soube pelo anjo Gabriel que a sua prima Isabel estava para ser mãe e, sem demora, põe-se a caminho para ir oferecer-lhe os seus humildes préstimos. Se considerarmos as dificuldades das viagens naqueles tempos, em que os pobres – como era Maria – ou tinham de andar a pé por estradas más ou, quando muito, podiam servir-se de algum mísero meio de locomoção encontrado no caminho, se considerarmos além disso que a Virgem permaneceu três meses junto de Isabel, compreenderemos que para praticar este ato de Caridade, a Senhora teve de afrontar não poucos incômodos. Porém, com estes, nada se preocupa: a caridade impele-a e Ela esquece-se totalmente de si porque, como diz S. Paulo, «a caridade não busca os próprios interesses» (ICor. 13, 5). Pensa em quantas vezes tu, não para te poupares a uma viagem trabalhosa, mas unicamente para evitares um pequeno incômodo, omitiste um ato de caridade: pensa em como és tardo e preguiçoso em prestar ajuda aos teus irmãos. Contempla Maria e vê como tens necessidade de aprender d’Ela!

A caridade faz com que Maria não só esqueça as comodidades, mas até a sua dignidade, a mais alta dignidade que jamais teve uma simples criatura. Isabel é idosa, porém, Maria é Mãe de Deus; Isabel está para dar à luz um homem, Maria, dará à luz o Filho de Deus. E não obstante, Maria, diante da sua prima, como diante do Anjo, continua a considerar-se a humilde escrava do Senhor e nada mais. E porque se considera escrava, na prática, procede como tal, mesmo quando se trata do próximo. Não será, talvez, verdade que se sabes humilhar-te na presença de Deus, se sabes reconhecer-te imperfeito no segredo do teu coração, te desagrada aparecer assim perante o próximo, e estás pronto a ofender-te se alguém te trata como tal? Não será verdade que te esforças por fazer valer a tua dignidade, a tua cultura, as tuas capacidades, os cargos mais ou menos honrosos que te foram confiados? A tua dignidade não vale nada e contudo és tão cioso dela! A dignidade de Maria toca o infinito, e Ela considera-se e procede como se fosse a última de todas as criaturas.

2 – «E Isabel exclamou em alta voz: Bendita és tu entre todas as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. E donde a mim esta dita, que a Mãe do meu Senhor venha ter comigo?» Interiormente iluminada pelo Espírito Santo, Isabel reconhece na sua jovem prima a Mãe de Deus e, comovida, prorrompe em palavras de louvor e admiração. Maria não protesta: ouve com simplicidade porque sabe muito bem que essas palavras de elogio não lhe dizem respeito, mas apenas ao Onipotente que operou n’Ela grandes coisas. Imediatamente, do seu coração humílimo, todos os louvores de Isabel sobem para Deus num movimento espontâneo e rapidíssimo: «Tu Isabel, glorificas a Mãe do Senhor – diz a Virgem – mas a minha alma glorifica o Senhor. Tu afirmas que à minha voz o menino exultou de alegria no teu seio, porém, o meu espírito exulta em Deus meu Salvador… Tu proclamas feliz aquela que acreditou, mas o motivo da sua fé e da sua felicidade é o olhar que a bondade divina lhe dirigiu. Sim, todas as gerações me chamarão bem-aventurada, porque Deus olhou para a Sua humilde serva» (S. Bernardo). Esta bela paráfrase do Magnificat permite-nos captar ao vivo as reações do espírito de Maria: abisma-se na humilde confissão do próprio nada, toca, por assim dizer, no fundo da sua baixeza, e depois, quanto mais baixo desceu, tanto mais se levanta, se eleva para Deus, não temendo reconhecer e louvar as grandes coisas que Ele realizou n’Ela porque vê perfeitamente serem um puro dom Seu.

Se perante os teus êxitos, os louvores, o aplauso das criaturas, se perante as graças que Deus te concede és ainda susceptível de vã complacência, é porque ainda não tocaste, como Maria, o fundo da tua baixeza, não te abismaste bastante na consideração do teu nada, não te convenceste ainda praticamente da tua radical insuficiência, impotência, miséria e fraqueza. Pede a Maria a grande graça de te introduzir neste conhecimento claro e prático do teu nada. Não tenhas ilusões; o caminho para o alcançar é um caminho áspero e duro: o caminho das humilhações. Mas Maria é Mãe e, se Ela te acompanha, tudo, com a sua ajuda, se tornará mais fácil e suave.

Colóquio – «Ó Maria, como é eminente a vossa humildade quando vos apressais a prestar serviço aos outros! Se é verdade que quem se humilha será exaltado, quem o será mais do que vós que tanto vos humilhastes?

«Ao ver-vos, Isabel admira-se e exclama: Donde a mim esta dita que a Mãe do meu Senhor venha ter comigo? Todavia, é maior ainda a minha admiração ao ver que, tal como o vosso Filho, não viestes para ser servida, mas para servir… É por este motivo que ides ter com Isabel: vós, a Virgem, junto da mulher casada, a Rainha junto da serva, a Mãe de Deus junto da mãe do precursor, vós que dareis à luz o Filho de Deus, junto !daquela que dará à luz um escravo. Mas a vossa humildade profundíssima não diminui em nada a vossa magnanimidade; a vossa grandeza de ânimo em nada ofendeu a vossa humildade. Vós, tão pequenina aos vossos olhos, fostes contudo tão grande na vossa fé, na vossa esperança no Altíssimo, que nunca duvidastes das Suas promessas e acreditastes firmemente que vos tornaríeis Mãe do Filho de Deus.

«A humildade não vos tornou pusilânime, nem a magnanimidade altiva, mas estas duas virtudes fundiram-se perfeitamente em vós.

«Ó Maria, vós não me podeis fazer participar nos vossos grandes privilégios de Mãe de Deus; estes pertencem-vos unicamente a vós. Porém quereis fazer-me participar nas vossas virtudes e para este fim me propordes os vossos exemplos. Se portanto, me faltarem a humildade sincera, a fé magnânima, a caridade delicada e compassiva, como me poderei desculpar? … Ó Maria, ó Mãe de misericórdia, vós, cheia de graça, alimentai-nos com as vossas virtudes, a nós, vossos pobrezinhos!» (cfr. S. Bernardo).

NOTA: Mais sobre a festa da Visitação de Nossa Senhora: https://soutodoteumaria.com.br/2-de-julho-festa-da-visitacao-de-maria-santissima/; https://soutodoteumaria.com.br/oracao-a-nossa-senhora-da-visitacao/

(Fonte: livro Intimidade Divina Meditações Sobre a Vida Interior para Todos os Dias do Ano, Pe. Gabriel de Sta. Maria Madalena, OCD, Edições Carmelitanas, Porto-Portugal, 2ª edição/1967, Festas Fixas, pp. 1460-1463 – Texto revisto e atualizado)

Sou Todo Teu Maria: “Foi pela Santíssima Virgem Maria que Jesus Cristo veio ao mundo, e é também por Ela que deve reinar no mundo.” (São Luis Maria de Montfort)