24 DE MAIO – DIA DE NOSSA SENHORA AUXILIADORA
Esta invocação mariana encontra suas raízes no ano 1571, quando Selim I, imperador dos turcos, após conquistar várias ilhas do Mediterrâneo, lança seu olhar de cobiça sobre toda a Europa.
O Papa Pio V, diante da inércia das nações cristãs, resolveu organizar uma poderosa esquadra para salvar os cristãos da escravidão muçulmana. Para tanto, invocou o auxílio da Virgem Maria para este combate católico. A vitória aconteceu no dia 7 de outubro de 1571. Afastada a perseguição maometana, o Santo Padre demonstrou sua gratidão à Virgem acrescentando nas ladainhas loretanas a invocação: Auxiliadora dos Cristãos.
No entanto, a festa de Nossa Senhora Auxiliadora só foi instituída em 1816, pelo Papa Pio VII, a fim de perpetuar mais um fato que atesta a intercessão da Santa Mãe de Deus. Napoleão I, empenhado em dominar os estados pontifícios, foi excomungado pelo Sumo Pontífice. Em resposta, o imperador francês sequestrou o Vigário de Cristo, levando-o para a França.
Movido por ardente fé na vitória, o Papa recorreu à intercessão de Maria Santíssima, prometendo coroar solenemente a imagem de Nossa Senhora de Savona logo que fosse liberto. O Santo Padre ficou cativo por cinco anos, sofrendo toda espécie de humilhações. Uma vez fracassado, Napoleão cedeu à opinião pública e libertou o Papa, que voltou a Savona para cumprir sua promessa. No dia 24 de maio de 1814, Pio VII entrou solenemente em Roma, recuperando seu poder pastoral. Os bens eclesiásticos foram restituídos. Napoleão viu-se obrigado a assinar a abdicação no mesmo palácio onde aprisionara o velho pontífice.
Para marcar seu agradecimento à Santa Mãe de Deus, o Papa Pio VII criou a festa de Nossa Senhora Auxiliadora, fixando-a no dia de sua entrada triunfal em Roma.
A devoção de Dom Bosco
O grande apóstolo da juventude, Dom Bosco, adotou esta invocação para sua Congregação Salesiana porque ele viveu numa época de luta entre o poder civil e o eclesiástico. A fundação de sua família religiosa, que difunde pelo mundo o amor a Nossa Senhora Auxiliadora, deu-se sob o ministério do Conde Cavour, no auge dos ódios políticos e religiosos que culminaram na queda de Roma e destruição do poder temporal da Igreja. Nossa Senhora foi colocada à frente da obra educacional de Dom Bosco para defendê-la em todas as dificuldades.
No ano de 1862, as aparições de Maria Auxiliadora na cidade de Spoleto marcam um despertar mariano na piedade popular italiana. Nesse mesmo ano, São João Bosco iniciou a construção, em Turim, de um santuário que foi dedicado a Nossa Senhora, Auxílio dos Cristãos.
A partir dessa data, Dom Bosco, que desde pequeno aprendeu com sua mãe Margarida, a confiar inteiramente em Nossa Senhora, ao falar da Mãe de Deus, lhe unira sempre o título Auxiliadora dos Cristãos. Para perpetuar o seu amor e gratidão para com Nossa Senhora, e para que ficasse conhecida por todos e para sempre que foi “Ela (Maria) quem tudo fez”, quis Dom Bosco que as Filhas de Maria Auxiliadora, congregação por ele fundada juntamente com Santa Maria Domingas Mazzarello, fossem um monumento vivo dessa sua gratidão.
Dom Bosco ensinou aos membros da família Salesiana a amarem Nossa Senhora, invocando-a com o título de AUXILIADORA. Pode-se afirmar que a invocação de Maria como título de Auxiliadora teve um impulso enorme com Dom Bosco. Ficou tão conhecido o amor do Santo pela Virgem Auxiliadora, a ponto de Ela ser conhecida também como a “Virgem de Dom Bosco”.
Escreveu ele:
“A festa de Maria Auxiliadora deve ser o prelúdio da festa eterna que deveremos celebrar todos juntos um dia no Paraíso.”
Oração A NOSSA SENHORA AUXILIADORA PARA PROTEÇÃO DO LAR
Santíssima Virgem Maria, a quem Deus constituiu Auxiliadora dos Cristãos, nós vos escolhemos como Senhora e Protetora desta casa. Dignai-vos mostrar aqui Vosso auxílio poderoso, Preservai esta casa de todo perigo: do incêndio, da inundação, do raio, das tempestades, dos ladrões, dos malfeitores, da guerra e de todas as outras calamidades que conheceis. Abençoai, protegei, defendei, guardai como coisa vossa as pessoas que vivem nesta casa. Sobretudo concedei-lhes a graça mais importante, a de viverem sempre na amizade de Deus, evitando o pecado. Dai-lhes a fé que tivestes na Palavra de Deus, e o amor que nutristes para com Vosso Filho Jesus e para com todos aqueles pelos quais Ele morreu na cruz. Maria, Auxilio dos Cristãos, rogai por todos que moram nesta casa que Vos foi consagrada. Amém.
☞ NOTA: Para ler mais sobre Nossa Senhora Auxiliadora: https://soutodoteumaria.com.br/24-de-maio-festa-da-bem-aventurada-virgem-maria-nossa-senhora-auxiliadora/ e https://soutodoteumaria.com.br/bencao-com-a-invocacao-de-nossa-senhora-auxiliadora/
SEGUNDA-FEIRA DEPOIS DE PENTECOSTES, DIA (MEMÓRIA) DE SANTA MARIA, MÃE DA IGREJA.
Na segunda-feira depois de Pentecostes, a Igreja celebra a Memória de “Maria Mãe da Igreja”.
A Memória de Maria “Mãe da Igreja”
Seguindo a decisão do Papa Francisco, por meio de Decreto do dia 11 de Fevereiro de 2018, centésimo sexagésimo aniversário da primeira aparição da Virgem em Lurdes, a Congregação do Culto Divino e da Disciplina dos Sacramentos, determinou a inscrição da Memória da “Bem-aventurada Virgem, Mãe da Igreja” no Calendário Romano Geral. Em anexo ao decreto foram apresentados, em latim, os respectivos textos litúrgicos, para a Missa, o Ofício Divino e para o Martirológio Romano. As Conferências Episcopais providenciarão a tradução e aprovação dos textos, que depois de confirmados, serão publicados nos livros litúrgicos da sua jurisdição.
O motivo da celebração está brevemente descrito no próprio decreto. O mesmo recorda que, a maturação da veneração litúrgica reservada a Maria vem no seguimento de uma melhor compreensão da sua presença “no mistério de Cristo e da Igreja”, como explicou o capítulo VIII da Lumen gentium do Concílio Vaticano II. De facto, a razão vem do momento em que se promulgou aquela Constituição conciliar, no dia 21 de Novembro de 1964, em que o Beato Paulo VI quis reconhecer solenemente a Maria o título de “Mãe da Igreja”. O sentir do povo cristão, em dois mil anos de história, acolheu de vários modos, o elo filial que une estreitamente os discípulos de Cristo à sua Santíssima Mãe. De tal união dá um testemunho explícito o Evangelista João, mencionando o testamento de Jesus morrendo na cruz (cf. Jo 19,26-27). Depois de ter entregue a própria Mãe aos discípulos e estes à Mãe, “sabendo que tudo se consumara”, morrendo, Jesus “entregou o espírito” tendo como fim a vida da Igreja, seu corpo místico: de facto, “do lado de Cristo adormecido na cruz nasceu o sacramento admirável de toda a Igreja” (Sacrosanctum Concilium, n. 5).
A água e o sangue jorrando do coração de Jesus sobre a cruz, sinal da totalidade da sua oferta redentora, continuam a dar vida à Igreja através do Batismo e da Eucaristia. Nesta admirável comunhão, sempre a alimentar entre o Redentor e os redimidos, Maria Santíssima realiza a sua missão materna. Assim o lembra a passagem do Evangelho de João 19, 25-34, indicado para a missa da nova Memória já indicado – em conjunto com a leitura do livro do Gênesis, capítulo três e dos Atos dos Apóstolos capítulo primeiro – na missa votiva de “Santa Maria, Mãe da Igreja” aprovada pela Congregação do Culto Divino, em 1973, tendo em vista o Ano Santo da Reconciliação de 1975 (cf. Notitiae 1973, pp. 382-383).
A comemoração litúrgica da maternidade eclesial de Maria encontrou, pois, um lugar entre as missas votivas, na editio altera do Missale Romanum de 1975. Posteriormente durante o pontificado de São João Paulo II deu-se a possibilidade, concedida às Conferências Episcopais, de acrescentar o titulo de “Mãe da Igreja” na Litania Lauretana (cf. Notitiae 1980, p. 159); e, por ocasião do ano mariano, a Congregação do Culto Divino publicou outros formulários de missas votivas sob o título de Maria Mãe e imagem da Igreja na Colectânea de Missas da Virgem Santa Maria. Tinha sido, também aprovado ao longo dos anos, o inserimento da celebração da “Mãe da Igreja” no Calendário Próprio de alguns países, como a Polônia e a Argentina, na Segunda-feira depois do Pentecostes; como, também, noutras datas, foi inscrita em lugares peculiares como na Basílica de São Pedro, que vêm da proclamação do título por parte de Paulo VI, como ainda, nos Próprios das Ordens e Congregações religiosas.
Considerando a importância do mistério da maternidade espiritual de Maria, que na espera do Espírito no Pentecostes (cf. At 1, 14), nunca mais parou de ocupar-se e de curar maternalmente da Igreja peregrina no tempo, o Papa Francisco estabeleceu que na Segunda-feira depois do Pentecostes, a Memória de Maria Mãe da Igreja seja obrigatória para toda a Igreja de Rito Romano. Tornar-se evidente a ligação entre a vitalidade da Igreja do Pentecostes e a solicitude materna de Maria com a mesma. Nos textos da Missa e do Ofício, o texto dos Atos dos Apóstolos 1,12-24 ilumina a celebração litúrgica, como, também, o do Gênesis 3, 9-15.20, lido à luz da tipologia da nova Eva, constituída “Mater omnium viventium” sob a cruz do Filho Redentor do mundo.
O desejo é que esta celebração, agora para toda a Igreja, recorde a todos os discípulos de Cristo que, se queremos crescer e enchermo-nos do amor de Deus, é preciso enraizar a nossa vida sobre três realidades: na Cruz, na Hóstia e na Virgem – Crux, Hostia et Virgo. Estes são os três mistérios que Deus deu ao mundo para estruturar, fecundar, santificar a nossa vida interior e para nos conduzir a Jesus Cristo. São três mistérios a contemplar no silêncio (cf. Cardeal Robert Sarah, A força do Silêncio, n. 57).
Robert Card. Sarah
Prefeito da Congregação do Culto Divino e da Disciplina dos Sacramentos
(Fontes: 1. Academia Marial do Santuário Nacional de Aparecida; 2. Boletim Vaticano – Adaptado para o português do Brasil)