28 DE ABRIL, DIA DE SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT, PRESBÍTERO, FUNDADOR E PATRONO DA FAMÍLIA MONFORTINA
1. Breve Biografia:
“São Luís Maria Grignion de Montfort nasceu no dia 31 de Janeiro de 1673, em Montfort, França. Foi ordenado sacerdote dia 5 de junho de 1700, no seminário São Sulpício, em Paris. Seus primeiros anos de sacerdócio foram dedicados principalmente ao trabalho com os pobre no hospital de Poitiers, onde conheceu a Maria Luíza Trichet, a quem guiou em sua vocação. Do Papa Clemente XI obteve o título de Missionário Apostólico e percorreu a França anunciando aos pobres o mistério da Sabedoria e o amor de Cristo Encarnado e Crucificado. Estabeleceu e todas as partes a prática do santo Rosário e da santa Escravidão de amor, ou perfeita Consagração a Cristo pelas mãos de Maria, como meio eficaz para viver fielmente a aliança do batismo.
Aos 43 anos de idade, dia 28 de abril de 1716, em plena missão popular na pequena cidade de São Lourenço, Luís Maria é chamado por Deus à glória do céu. Sua atividade foi essencialmente missionária e assim foi todo o estilo de sua vida. Viveu numa pobreza total para evangelizar os pobres. Dia 12 de março de 1853, o Papa Pio IX declarou seus escritos isentos de qualquer erro. Entre estes é universalmente conhecido ‘Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem Maria’. O Papa Leão XIII declarou-o beato dia 22 de janeiro de 1888. Pio XII canonizou-o solenemente no dia 20 de julho de 1947. Dia 20 de julho de 1996 o Papa João Paulo II inseriu sua festa no calendário romano universal.”
2. O Papa São João Paulo II e São Luís Maria de Montfort
“1. Há 160 anos foi publicada uma obra destinada a tornar-se um clássico da espiritualidade mariana. São Luís Maria Grignion de Montfort compôs o Tratado sobre a verdadeira devoção à Virgem Santíssima no início de 1700, mas o manuscrito permaneceu praticamente desconhecido por mais de um século. Quando finalmente, quase por acaso, em 1842 foi descoberto e em 1843 foi publicado, teve sucesso imediato, revelando-se uma obra de eficiência extraordinária para a difusão da ‘verdadeira devoção’ à Virgem Santíssima. Eu próprio, nos anos da minha juventude, tirei grandes benefícios da leitura deste livro, no qual ‘encontrei a resposta às minhas perplexidades’ devidas ao receio que o culto a Maria, ‘dilatando-se excessivamente, acabasse por comprometer a supremacia do culto devido a Cristo’ (Dom e mistério, pág. 38). Sob a orientação sábia de São Luís Maria compreendi que, quando se vive o mistério de Maria em Cristo, esse risco não subsiste. O pensamento mariológico do Santo, de facto, ‘está radicado no Mistério trinitário e na verdade da Encarnação do Verbo de Deus (ibid.).
“2. São Luís Maria propõe com singular eficiência a contemplação amorosa do mistério da Encarnação. A verdadeira devoção mariana é cristocêntrica. Com efeito, como recordou o Concílio Vaticano II, ‘a Igreja, meditando piedosamente na Virgem, e contemplando-a à luz do Verbo feito homem, penetra mais profundamente, cheia de respeito, no insondável mistério da Encarnação’ (Const. Lumen gentium, 65).
O amor de Deus mediante a união a Jesus Cristo é a finalidade de qualquer devoção autêntica, porque como escreve São Luís Maria Cristo ‘é o nosso único mestre e deve instruir-nos, o nosso único Senhor do qual devemos depender, a nossa única Cabeça à qual devemos permanecer unidos, o nosso único modelo com o qual nos devemos conformar, o nosso único médico que nos deve curar, o nosso único pastor que nos deve alimentar, o nosso único caminho que nos deve vivificar e o nosso único tudo, em todas as coisas, que nos deve satisfazer’ (Tratado sobre a verdadeira devoção, 61).
3. A devoção à Santa Virgem é um meio privilegiado ‘para encontrar Jesus Cristo, para o amar com ternura e para o servir com fidelidade’ (Tratado sobre a verdadeira devoção, 62). Este desejo central de ‘amar com ternura’ é imediatamente dilatado numa fervorosa oração a Jesus, pedindo a graça de participar na indizível comunhão de amor que existe entre Ele e a sua Mãe. A relatividade total de Maria a Cristo, e, n’Ele, à Santíssima Trindade, é antes de mais experimentada na observação: ‘Todas as vezes que pensas em Maria, Maria louva e honra contigo a Deus. Maria é toda relativa a Deus, e eu chamá-la-ia muito bem a relação de Deus, que existe unicamente em relação a Deus, o eco de Deus, que não diz e não repete a não ser Deus. Se dizes Maria, ela repete Deus. Santa Isabel louvou Maria e proclamou-a bem-aventurada porque acreditou. Maria o eco fiel de Deus entoou: Magnificat anima mea Dominum: a minha alma louva ao Senhor. Aquilo que Maria fez naquela ocasião, repete-o todos os dias. Quando é louvada, amada, honrada ou recebe algo, Deus é louvado, Deus é amado, Deus recebe pelas mãos de Maria e em Maria’ (Tratado sobre a verdadeira devoção,225).
É ainda na oração à Mãe do Senhor que São Luís Maria exprime a dimensão trinitária da sua relação com Deus: ‘Saúdo-te Maria, Filha predileta do Pai eterno! Saúdo-te Maria, Mãe admirável do Filho! Saúdo-te Maria, Esposa fidelíssima do Espírito Santo!’ (Segredo de Maria, 68). Esta tradicional expressão, já usada por São Francisco de Assis (cf. Fontes Franciscanas, 281), mesmo contendo níveis heterogêneos de analogia, é sem dúvida eficaz para exprimir de certa forma a peculiar participação de Nossa Senhora na vida da Santíssima Trindade.
4. São Luís Maria contempla todos os mistérios da Encarnação que se realizou no momento da Anunciação. Assim, no Tratado sobre a verdadeira devoção, Maria é apresentada como ‘o verdadeiro paraíso terrestre do Novo Adão’, a ‘terra virgem e imaculada’ pela qual Ele foi plasmado (n. 261). Ela é também a Nova Eva, associada ao Novo Adão na obediência que repara a desobediência original do homem e da mulher (cf. Ibid., 53; Santo Ireneu Adversus haereses, III 21, 10-22, 4). Por meio desta obediência, o Filho de Deus entra no mundo. A mesma Cruz já está misteriosamente presente no momento da Encarnação, no momento em que Jesus é concebido no seio de Maria. Com efeito, o ecce venio, da Carta aos Hebreus (cf. 10, 5-9) é o acto primordial da obediência do Filho ao Pai, aceitação do seu Sacrifício redentor ‘quando entra no mundo’.
‘Toda a nossa perfeição, escreve São Luís Maria Grignion de Montfort, consiste em ser conformes, unidos e consagrados a Jesus Cristo. Por isso, a mais perfeita de todas as devoções é incontestavelmente a que nos conforma, une e consagra mais perfeitamente a Jesus Cristo. Mas, sendo Maria a criatura mais conforme a Jesus Cristo, tem-se como resultado que, entre todas as devoções, a que consagra e conforma mais uma alma a nosso Senhor é a devoção a Maria, sua Mãe santa, e que quanto mais uma alma estiver consagrada a Maria, tanto mais estará consagrada a Jesus Cristo’ (Tratado sobre a verdadeira devoção, 120). Dirigindo-se a Jesus, São Luís Maria exprime como é maravilhosa a união entre o Filho e a Mãe: ‘Ela é de tal forma transformada em ti pela graça, que não vive mais, não existe mais: és unicamente Tu, meu Jesus, que vives e reinas nela… Ah! se conhecêssemos a glória e o amor que tu recebes nesta maravilhosa criatura… Ela está tão intimamente unida… De facto, ela ama-te mais ardentemente e glorifica-te mais perfeitamente do que todas as outras criaturas juntas’ (Ibid., 63).
(Fontes: 1. opúsculo Liturgia Própria da Família Monfortina, Edições Monfortinas, 1999, p. 7; 2. excertos da Carta do Papa João Paulo II às Famílias Monfortinas sobre a Doutrina do seu Fundador, capturado em https://w2.vatican.va/content/john-paul–ii/pt/letters/2004/documents/hf_jp-ii_let_20040113_famiglie-monfortane.html)