“Victimae paschali laudes”: A SEQUÊNCIA DA PÁSCOA

Victimae paschali laudes: A SEQUÊNCIA DA PÁSCOA

A Páscoa, maior de todas as solenidades, é enriquecida com uma sequência: a Victimae paschali laudes. Este texto é entoado após a 2ª leitura, obrigatoriamente no Domingo de Páscoa e de maneira facultativa durante a Oitava Pascal (até o II Domingo da Páscoa, inclusive).

Sua origem remonta provavelmente ao século XI, sendo atribuída ao presbítero Wippo de Borgonha, capelão do imperador Conrado III do Sacro Império Romano. Porém, não há consenso quanto à sua autoria: outros atribuem-na ao abade Notker Balbulus (autor de várias sequências no século X) ou a Adão de São Vítor (grande poeta do século XII).

De toda forma, esta sequência foi provavelmente composta para práticas de piedade popular na manhã do Domingo de Páscoa, devido à sua melodia simples e caráter didático: a estrutura do hino prevê um diálogo entre os Apóstolos (estrofes 1-4) e Maria Madalena (estrofes 5-6) e uma solene conclusão cantada por ambos (estrofe 7).

É possível que este hino acompanhava alguma representação do encontro de Maria Madalena com os Apóstolos, porém longo começou a fazer parte da Liturgia. A reforma litúrgica do Concílio de Trento a inseriu no Missal, permanecendo até hoje.

Segue o texto original da sequência em latim, conforme consta no Missale Romanum de 1962:

1. Victimæ paschali laudes
Immolent Christiani.

2. Agnus redemit oves:
Christus innocens Patri
Reconciliavit peccatores.

3. Mors et vita duelo
Conflixere mirando:
Dux Vitæ mortuus,
Regnat vivus.

4. Dic nobis, Maria,
Quid vidisti in via?

5. Sepulcrum Christi viventis,
Et gloriam vidi resurgentis,
Angelicos testes,
Sudarium et vestes.

6. Surrexit Christus spes mea:
Praecedet suos in Galilaeam.

7. Scimus Christum surrexisse
A mortuis vere:
Tu nobis, victor Rex,
Miserere.

(Em algumas versões acrescenta-se um “Amen! Alleluia!” ao final do texto, ausente no original).

Publicamos também a tradução oficial para o Brasil, uma das mais pobres que possuímos: perdeu-se a métrica e as adaptações na linguagem distanciaram-se demais do original. Infelizmente, esta é a única versão que pode ser usada na Missa (além do texto típico em latim):

1. Cantai, cristãos, afinal:
“Salve ó vítima pascal!”
Cordeiro inocente, o Cristo
Abriu-nos do Pai o aprisco.

2. Por toda ovelha imolado,
Do mundo lava o pecado.
Duelam forte e mais forte:
É a vida que vence a morte.

3. O Rei da vida, cativo,
Foi morto, mas reina vivo!
Responde, pois, ó Maria:
No caminho o que havia?

4. “Vi Cristo ressuscitado,
O túmulo abandonado.
Os anjos da cor do sol,
Dobrado no chão o lençol.

5. O Cristo que leva aos céus,
Caminha à frente dos seus!”
Ressuscitou, de verdade:
Ó Cristo Rei, piedade!

Para nos ajudar a compreender melhor o texto, propomos aqui, por fim, a tradução de Portugal, mais fiel ao original. Esta tradução, porém, não pode ser usada na Missa aqui no Brasil, permanecendo apenas para nosso estudo:

 

1. À Vítima pascal
Ofereçam os cristãos
Sacrifícios de louvor.

2. O Cordeiro resgatou as ovelhas:
Cristo, o Inocente,
Reconciliou com o Pai os pecadores.

3. A morte e a vida
Travaram um admirável combate:
Depois de morto,
Vive e reina o Autor da vida.

4. Diz-nos, Maria:
Que viste no caminho?

5. Vi o sepulcro de Cristo vivo,
E a glória do ressuscitado.
Vi as testemunhas dos Anjos,
Vi o sudário e a mortalha.

6. Ressuscitou Cristo, minha esperança:
Precederá os seus discípulos na Galileia.

7. Sabemos e acreditamos:
Cristo ressuscitou dos mortos:
Ó Rei vitorioso,
Tende piedade de nós.

(Fonte: blog Pílulas Litúrgicas)

Sou Todo Teu Maria: “Foi pela Santíssima Virgem Maria que Jesus Cristo veio ao mundo, e é também por Ela que deve reinar no mundo.” (São Luis Maria de Montfort)