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6 DE JANEIRO – FESTA DA EPIFANIA DO SENHOR
6 DE JANEIRO – FESTA DA EPIFANIA DO SENHOR
Ó pequenino Jesus, em Vós reconheço o Rei dos céus e da terra: fazei que eu Vos possa adorar com a fé e o amor dos Magos.
1 – «Hoje o mundo reconheceu àquele que a Virgem deu à luz… Hoje refulge a festa da Sua manifestação.» (BR.). Hoje Jesus manifesta-Se ao mundo como Deus.
O Introito da Missa introduz-nos diretamente neste espírito, apresentando-nos Jesus na majestade real da Sua divindade: «Eis que veio o soberano Senhor: Ele tem nas Suas mãos o cetro, o poder e o império.» A Epístola (ls. 60, 1-6) prorrompe num hino de glória anunciando a vocação dos gentios à fé; também eles reconhecerão e adorarão em Jesus o seu Deus. «Levanta-te e resplandece, Jerusalém, porque veio a tua luz… E as nações caminharão à tua luz e os reis ao resplendor da tua aurora… Todos virão de Sabá trazendo ouro e incenso e publicando os louvores do Senhor». Já não se vê, à volta do presépio, a humilde presença dos pastores, mas o faustoso cortejo dos Magos que vieram do Oriente como representantes dos povos pagãos e de todos os reis da terra, para prestarem homenagem ao Deus Menino.
Epifania (ou Teofania) quer dizer «manifestação de Deus»; e esta manifestação de Deus vemo-la realizada em Jesus que hoje Se manifesta ao mundo como seu Deus e Senhor. Já um primeiro prodígio, o da nova estrela aparecida no Oriente, revelara a Sua divindade; mas à recordação deste milagre que ocupa o primeiro lugar na liturgia deste dia, a Igreja junta mais dois: a água convertida em vinho nas bodas de Caná, e o Batismo de Jesus no rio Jordão, enquanto uma voz, vinda do céu, atesta: «Este é o meu Filho muito amado». «Três milagres ilustraram o santo dia que hoje celebramos», canta a Antífona do Magnificat: três milagres que devem dispor-nos para reconhecer e adorar com fé viva, no Menino Jesus, o nosso Deus, o nosso Rei.
2 – «Vimos a sua estrela no Oriente e viemos com presentes adorar o Senhor». Nestes versículos da Missa de hoje está sintetizada a conduta dos Magos. Ver a estrela e pôr-se a caminho foi obra de um momento. Não duvidaram porque a sua fé era firme, segura e inteira. Não hesitaram perante a fadiga da longa viagem, porque o seu coração era generoso. Não deixaram para mais tarde, porque a sua alma estava pronta.
No céu das nossas almas também aparece frequentemente uma estrela: uma inspiração íntima e clara de Deus, que nos convida a um ato de generosidade, de desprendimento, a uma vida de maior intimidade com Ele. Devemos saber sempre seguir a nossa estrela com a fé, com a generosidade e com a prontidão dos Magos. Seguida assim, conduzir-nos-á sem dúvida ao encontro do Senhor, far-nos-á achar Aquele que procuramos.
Os Magos perseveraram na sua busca mesmo quando a estrela desapareceu aos seus olhos; da mesma forma devemos nós perseverar no bem mesmo através das trevas interiores: é a prova da fé, que somente se pode superar com um intenso .exercício de fé pura e nua. Sei que Deus assim o quer, sei que Deus me chama e isto basta: Seio cui credidi et certus sum (II Tim. 1, 12); sei quem é aquele em quem acreditei e aconteça o que acontecer nunca poderei duvidar d’Ele.
Com estas disposições vamos com os Magos ao presépio. «E assim como aqueles ofereceram, dos seus tesouros, místicos dons ao Senhor, saibamos nós também tirar dos nossos corações dons dignos de Deus». (BR.).
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Colóquio – «Ó Jesus, eu Vos adoro porque sois o Senhor meu Deus. Sois um Deus grande e Rei de todos os reis. Nas Vossas mãos estão todos os confins da terra e Vós contemplais os cimos dos montes. Vosso é o mar e Vós sois Aquele que o fez e sob as Vossas mãos se formou a terra … E nós somos o Vosso povo e as ovelhas da Vossa mão» (cfr. Sal. 94). Sim, ó Jesus, eu sou urna ovelha Vossa, uma criatura Vossa e alegro-me por reconhecer o meu nada diante de Vós. Mas mais contente fico, amabilíssimo Menino, ao reconhecer e adorar em Vós o meu Deus e o meu Criador. Como eu quereria que todos os povos Vos reconhecessem tal qual sois e que todos se prostrassem diante de Vós, adorando-Vos como seu Deus e Senhor!
Ó Senhor, Vós o podeis, mostrai a todos a Vossa divindade e corno um dia conduzistes até Vós, os Magos do Oriente, congregai agora também, ao redor do Vosso presépio, todos os povos e todas as nações. Mas Vós me dais a entender que quereis a minha pobre colaboração para a vinda do Vosso reino; Vós quereis que eu reze, sofra e trabalhe pela conversão dos que estão perto e dos que estão longe. Quereis que também eu leve ao Vosso presépio os presentes dos Magos: o incenso da oração, a mirra da mortificação e do sofrimento generosamente abraçado por Vosso amor, o ouro da caridade; caridade que faça o meu coração todo e exclusivamente Vosso, caridade que me obrigue a trabalhar, a dar-me pela conversão dos pecadores e dos infiéis e pela maior santificação dos Vossos eleitos.
Ó meu dulcíssimo Rei, criai em mim um coração de apóstolo. Como eu quereria trazer hoje aos Vossos pés os louvores e as adorações sinceras de todos os homens da terra! Mas, ó Jesus, ao pedir-Vos que Vos manifesteis ao mundo, peço-Vos também que Vos manifesteis cada vez mais à minha pobre alma. Que brilhe também para mim hoje a Vossa estrela e me indique o caminho que a Vós conduz; que o dia de hoje seja igualmente para mim uma verdadeira Epifania, uma nova manifestação ao meu entendimento e ao meu coração. Quem mais Vos conhece, mais Vos ama, ó Senhor; e eu só desejo conhecer-Vos para Vos amar e me dar a Vós com uma generosidade cada vez maior.
(Fonte: livro Intimidade Divina Meditações Sobre a Vida Interior para Todos os Dias do Ano, Pe. Gabriel de Sta. Maria Madalena, OCD, Edições Carmelitanas, Porto-Portugal, 2ª edição/1967, Tempo do Natal, pp. 169-172 – Texto revisto e atualizado)