A CHAGA DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS
JESUS exalou o último suspiro sobre a árvore da cruz. Ao pé da Cruz estavam Maria, sua Mãe, João, o discípulo amado, e Maria Madalena. Chega um soldado, aproxima-se e olha. “Está morto, pensa, mas feri-lo-ei para ter certeza”, e apontando logo a lança para o lado direito de JESUS, a impele com violência; o agudo ferro atravessa o peito, penetra até o Coração e o abre. E quando ele retira a lança, vê sair da Chaga, Sangue e Água. Eram as derradeiras lágrimas, derradeiras gotas de Sangue daquele Coração divino. Novo milagre de amor! Mistério que encerra por si só muitos mistérios! JESUS quis que seu Coração fosse ferido, dizem os santos Doutores, para que, pela Chaga visível, conhecêssemos a Chaga invisível, que o amor lhe fez. Quis que seu Coração fosse aberto para que pudéssemos penetrar nele sem obstáculo e encontrar ali asilo e refúgio. Este adorável Coração, aberto para nós, nunca mais se fechará: todos, justos e pecadores, podem refugiar-se nele sem receio de serem repelidos. As feridas feitas aos mortos não cicatrizam; e, como a morte e amor fizeram a do nosso JESUS, permanecerá sempre aberta para atrair a rodas as gerações humanas: foi assim que o Salvador amou o mundo. Finalmente, essa Chaga é um fecundo manancial de graças. A Água e o Sangue, que dela jorram, prefiguram todos aqueles preciosos favores da misericórdia e do amor divinos. Vamos, pois, buscar aí os socorros de que precisamos: força para nossa fraqueza; luz para nossa cegueira; consolo para nossa aflição.
Clamemos com Santa Gertrudes:
“Ó meu JESUS, minha doce esperança, seja o vosso divino Coração, ferido de amor por mim, o asilo seguro da minha alma. Suplico-vos, pelo vosso Coração trespassado, que também o meu possa ser tocado com a espada do vosso amor”.
Aquela sagrada abertura do Coração de JESUS e última efusão de Sangue que dela jorrou, não seria o supremo recurso reservado para solucionar os grandes males de nossa época? Não seria a ocasião de recorrermos ao Sangue divino e o invocarmos a favor da Igreja, dos governantes, pela paz no mundo? Pedir a conversão dos pobres pecadores sobretudo? Entremos hoje nesse Coração amantíssimo! A isso JESUS nos convida, dizendo-nos como a Margarida Mª Alacoque: “Eis o lugar da tua morada”. Permaneçamos aí toda a nossa vida. E, à hora da morte, possamos exclamar como o Padre de Ravignan: “Ah! Abertura do Coração de JESUS! Que bela porta para entrarmos no Céu!”.
(Fonte: opúsculo Devocionário do Preciosíssimo Sangue de Jesus Cristo, Editora Divina Misericórdia, 2004, “O Precioso Sangue Histórico e orações da Igreja do Santo Sepulcro de Neuvy, França”, organizado pelo Padre Philippe Nahan e traduzido do francês por Roberto Caldeira Soares, pp. 37-38 – Texto revisto e com destaques acrescidos)