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A Felicidade consistirá na Riqueza?

A Felicidade consistirá na Riqueza?

(imagem: Formação Canção Nova)

A felicidade é a ambição de todo o ser humano. A busca da felicidade é uma prova da nossa imperfeição. É como disse Pascal: «A felicidade é o objetivo de todos os homens, sem exceção. Sejam quais forem os meios que empreguem, todos têm em vista a mesma aspiração.»

«Ó felicidade, aspiração e alvo do ser humano! Bondade, prazer, contentamento! Qualquer que seja o nome que te deem,

É sempre qualquer coisa por que todos suspiramos eternamente,

Que nos dá força para suportar a vida e para enfrentar a morte.»  (Alexandre Pope)

Embora procuremos essa felicidade através de outros seres humanos, a verdade é que a consideramos um bem exclusivamente nosso.

O fato de nos sentirmos felizes quando obtemos algo que desejamos, ou de nos sentirmos infelizes com a privação do que ambicionamos, prova que a felicidade está ligada aos objetivos dos nossos desejos ou intentos.

Por essa razão, no fundo da atividade de cada ser humano há sempre prazer e alegria ou tristeza e dor, exatamente como ao cabo de toda a vida humana está um céu ou um inferno.

A felicidade residirá na abundância e nas riquezas?

Há, realmente, várias vantagens em ser rico. Heródoto afirmava que a fortuna permitia ao homem satisfazer as suas paixões.

George Bernard Shaw escreveu que o dinheiro dá poderio: «O dinheiro fala; o dinheiro imprime; o dinheiro faz-se ouvir através da rádio; o dinheiro governa».

E, no entanto, as riquezas não podem constituir felicidade, porquanto representam apenas uma forma de a alcançar e não são parte essencial do nosso ser. Deus Nosso Senhor exprimiu isto mesmo quando disse: «A vida do homem não reside na abundância das suas riquezas». Se colocarmos uma moeda junto dos olhos, deixaremos de ver o Sol. A falta de bens materiais não é fatalmente a causa da infelicidade. Há mais divórcios e mais miséria íntima entre os ricos do que entre os pobres: «O freio de ouro não torna melhor o cavalo».

A abundância de riquezas tem a particularidade de tornar os homens mais ambiciosos. É como disse Jefferson: «Ainda não vi que a honestidade dos homens aumentasse com a sua fortuna». Seja qual for a riqueza que possua, o homem abastado abomina perder o que tem, exatamente como detestaria que lhe arrancassem um só cabelo, muito embora a sua cabeleira fosse abundante. Este espírito de cobiça endurece a alma e suscitou este aviso de Deus Nosso Senhor: «É mais fácil fazer passar um camelo pelo buraco duma agulha que a um homem rico entrar no Reino dos Céus».

Há um paradoxo peculiar ao homem rico: quanto mais ambicioso for, mais pobre se sente, porque deseja sempre algo mais. As almas consagradas, que fizeram voto de pobreza, são mais ricas do que todos os ricos, pois que, não ambicionando coisa alguma, na realidade tudo possuem.

Em qualquer caso, como é louco todo aquele que faz consistir a felicidade naquilo que algum dia há de deixar!

Se as riquezas são de fato nossas, por que é que as não levamos conosco? As únicas coisas que levaremos conosco na hora da morte serão as mesmas que conservaríamos após um naufrágio. Shakespeare disse: «Se tu és rico, és pobre, pois, à semelhança do burro que leva sobre o dorso pesadas barras de ouro, também tu vergas sob o peso das tuas riquezas; mas, ao cabo da breve jornada, a morte despojar-te-á da carga». No dia derradeiro, os parentes e amigos, reunidos em torno do leito de morte do homem rico, perguntam: «quanto deixou?» pois onde houver um testamento há quase sempre litígio. Quanto aos anjos, esses, perguntarão: «quais os bens que trará consigo?»

«A propriedade de um homem muito abastado produzia abundantes colheitas, e ele dizia consigo, preocupado: «O que devo fazer, se não tenho onde armazenar as minhas colheitas?» E, por fim, decidiu: «Farei assim: Demolirei os meus celeiros, construirei outros mais espaçosos e terei assim onde guardar o grão e as alfaias agrícolas. Depois, direi comigo mesmo: «Já possuis abundância de bens para muitos anos; agora„ descansa come, bebe e diverte-te». Deus, porém, disse-lhe: «Louco, esta mesma noite chamarei ao meu tribunal a tua alma, e as riquezas que juntaste para quem serão?»

Assim acontece com todo aquele que amontoa tesouros para si, e é pobre das riquezas de Deus.

(Fonte: opúsculo Os Problemas da Vida, Fulton J. Sheen, Livraria Figueirinhas-Porto, tradução de Martha Mesquita da Câmara, Cap. I, pp. 8-10, no formato PDF, adquirido do blog Alexandria Católica)

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