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A ILUSÃO DAS RIQUEZAS

A ILUSÃO DAS RIQUEZAS

(Imagem: Liturgia das Horas.onLine).

Salmo 48(49)

  • Introdução: O salmista põe o problema da riqueza e prosperidade do ímpio a contrastar tantas vezes com a pobreza e sofrimentos do justo, e resolve-o, fazendo ver que a felicidade do mau é precária e provisória, — semelhante à dos animais de engorda que acaba em catástrofe, — porque termina com a morte ao passo que a dos Justos é então que começa, sendo retirados da mansão da morte para Junto de Deus.

A ilusão das riquezas I e II

Dificilmente um rico entrará no Reino dos Céus (Mt 19,23).

–2 Ouvi isto, povos todos do universo, *
muita atenção, ó habitantes deste mundo;
–3 poderosos e humildes, escutai-me, *
ricos e pobres, todos juntos, sede atentos!

–4 Minha boca vai dizer palavras sábias, *
que meditei no coração profundamente;
–5 e inclinando meus ouvidos às parábolas, *
decifrarei ao som da harpa o meu enigma:

–6 Por que temer os dias maus e infelizes, *
quando a malícia dos perversos me circunda?
–7 Por que temer os que confiam nas riquezas *
e se gloriam na abundância de seus bens?

–8 Ninguém se livra de sua morte por dinheiro *
nem a Deus pode pagar o seu resgate.
–9 A isenção da própria morte não tem preço; *
não há riqueza que a possa adquirir,
–10 nem dar ao homem uma vida sem limites *
e garantir-lhe uma existência imortal.

=11 Morrem os sábios e os ricos igualmente; †
morrem os loucos e também os insensatos, *
e deixam tudo o que possuem aos estranhos;
=12 os seus sepulcros serão sempre as suas casas, †
suas moradas através das gerações, *
mesmo se deram o seu nome a muitas terras.

–13 Não dura muito o homem rico e poderoso; *
é semelhante ao gado gordo que se abate.

–14 Este é o fim do que espera estultamente, *
o fim daqueles que se alegram com sua sorte;
=15 são um rebanho recolhido ao cemitério, †
e a própria morte é o pastor que os apascenta; *
são empurrados e deslizam para o abismo.

– Logo seu corpo e seu semblante se desfazem, *
e entre os mortos fixarão sua morada.
–16 Deus, porém, me salvará das mãos da morte *
e junto a si me tomará em suas mãos.

–17 Não te inquietes, quando um homem fica rico *
e aumenta a opulência de sua casa;
–18 pois ao morrer não levará nada consigo, *
nem seu prestígio poderá acompanhá-lo.

–19 Felicitava-se a si mesmo enquanto vivo: *
“Todos te aplaudem, tudo bem, isto que é vida!”
–20 Mas vai-se ele para junto de seus pais, *
que nunca mais e nunca mais verão a luz!

–21 Não dura muito o homem rico e poderoso: *
é semelhante ao gado gordo que se abate.

  • Considerações e aplicações litúrgicas: Os ricos também morrem… Toda a gente o sabe, menos, muitas vezes… eles mesmos!

Fecham os olhos a essa evidência iniludível, procuram desviar a atenção de tudo o que lhes lembre esse transe, para  que essa lembrança não lhes venha estragar o prazer… o vil prazer de gozar desalmadamente o fruto da riqueza na satisfação de todos os instintos da carne… até que, inopinadamente para eles, lhes sucede o que aos animais de engorda, agravados com a perspectiva duma eternidade horrorosa.

Nem chorados são tantas vezes!

Quanto à morte do que para ela soube se preparar pelo cumprimento de todos os seus deveres individuais e sociais tem de grande, de belo, e sempre de consolador, pela esperança de uma eternidade feliz, tanto a do rico gozador tem de  ridículo, de vil, e sobretudo de horrendamente angustioso, pela apreensão covarde — naquela hora, visão nítida — de uma sobrevivência desgraçada.

Não pode o homem remir-se, não pode comprar a Deus uma vida eterna?!

Jesus Cristo a todos remiu, ricos e pobres, só faltando que cada um ponha a sua pequena quota parte de boa vontade para que essa Redenção lhe aproveite. Ele mesmo ensinou aos ricos como o deviam fazer. — «Granjeai amigos com essas riquezas, fonte de iniquidades!» — Tornai amigos, em primeiro lugar, porque é de justiça, os vossos dependentes, os vossos empregados, fazendo com que, dos bens que Deus pôs na vossa mão e que são d’Ele também, eles tirem o fruto necessário ao seu bem-estar razoável, bem-estar que não seja revoltantemente inferior ao vosso. Tornai depois amigos os pobres, todos os pobres que Deus puser no vosso caminho, na medida em que o puderdes. Assim tomareis grato Aquele que prometeu receber como feito a Si o bem que fizerdes ao mínimo dos seus irmãos, o qual vos receberá, após uma morte honrosa e confortada, na mansão da eterna e perene felicidade.

 

(Fontes: 1. Salmo: Liturgia das Horas.online/vésperas da terça-feira da 6ª Semana do Tempo Comum; 2. Introdução e considerações: in Os Salmos e Cânticos do Breviário Tradução e Comentário, Pe. Bernardino de S. José, Livraria Editora Braga, 2ª edição/1947, Quarta-Feira, III Noturno, pp. 288, 291-292, em formato PDF obtido do blog Alexandria Católica. Texto revisto e atualizado)

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