A PÁSCOA DO SENHOR – DOMINGO DA RESSURREIÇÃO

Cristo Ressuscitou, aleluia! (Foto: Pe. Paulo Ricardo)

Cristo Ressuscitou, aleluia! «Este é o dia que o Senhor fez: exultemos e alegremo-nos nele:»

A PÁSCOA DO SENHOR – DOMINGO DA RESSURREIÇÃO

 

Ó Jesus, fazei-me digno de participar no gozo da Vossa Ressurreição.

1 – «Este é o dia que o Senhor fez: exultemos e alegremo-nos nele:» (BR). É o dia por excelência, o dia mais alegre de todo o ano, porque nele «Cristo, a nossa Páscoa, foi imolado». Também o Natal é festa de alegria, mas ao passo que a alegria natalícia tem uma nota inconfundível de doçura, a alegria pascal é dominada pela nota do triunfo: é o gozo pelo triunfo de Cristo, pela Sua vitória. A liturgia da Missa indica-nos as duas características da alegria pascal: alegria na verdade (Ep.: I Cor. 5, 7 e 8), alegria na caridade (Postcom.).

Alegria na verdade, segundo a vibrante exortação de S. Paulo: «celebremos a festa não com fermento velho … , mas com os ázimos da pureza e da verdade». Há neste mundo muitas alegrias efêmeras, baseadas em fundamentos frágeis e inconsistentes, mas a alegria pascal é a alegria de possuir a verdade que Cristo trouxe ao mundo e confirmou com a Sua Ressurreição. A Sua Ressurreição diz-nos que a nossa fé não é vã, que a nossa esperança não se funda num morto, mas num vivo, no vivo por excelência, cuja vida é tão poderosa que pode vivificar, no tempo e na eternidade, todos aqueles que acreditam n’Ele: «Eu sou a Ressurreição e a vida; o que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá» (Jo 11, 25). Alegria na verdade, porque só as almas sinceras e retas, que procuram com amor a verdade e agem segundo a verdade, podem gozar plenamente da Ressurreição. Alma sincera é aquela que se reconhece tal qual é, com os seus defeitos, com as suas deficiências, com a sua necessidade de conversão, e que, justamente pela consciência da sua miséria, está sinceramente decidida a querer purificar-se do velho fermento das paixões, para se renovar inteiramente em Cristo ressuscitado.

Mas a verdade deve operar-se na caridade: «veritatem facientes in caritate:» (Ef. 4, 15), e por isso é mais oportuna que nunca a oração que o Postcommunio nos põe nos lábios: «infundi em nós, Senhor, o espírito da Vossa caridade; e fazei, pela Vossa bondade, que … vivamos sempre unidos em perfeita concórdia». Não pode existir verdadeira alegria pascal onde não houver concórdia e benevolência mútuas.

2 – O Evangelho (Mc 16, 1-7) apresenta-nos as piedosas mulheres, as fidelíssimas, que, ao alvorecer do Domingo, correm ao sepulcro e que no caminho perguntam preocupadas umas às outras: «Quem nos há de revolver a pedra da boca do sepulcro?:» Mas esta preocupação, – aliás bem justificada pelo tamanho e peso da pedra que fechava o túmulo, não as faz desistir do seu intento porque estão inflamadas no desejo de encontrar Jesus. E eis que, ao chegarem, veem a pedra removida e, entrando no sepulcro, encontram um anjo que lhes dá a grande nova: «Ressuscitou; não está aqui». Por alguns momentos Jesus não Se deixa ver nem encontrar, mas pouco depois, quando as mulheres, conforme a ordem recebida do anjo, vão dar a novidade aos discípulos, Ele aparecer-lhes-á, dizendo: «Eu vos saúdo!» (Mt 28, 9), e a sua alegria é então plena.

Também nós temos o desejo ardente de encontrar o Senhor. Certamente há já muitos anos que nos pusemos à Sua procura e talvez o nosso desejo tenha sido acompanhado de sérias preocupações: Como farei para remover os obstáculos, para tirar da minha alma as pedras que me impedem de encontrar o Senhor, de me entregar inteiramente a Ele, de O fazer triunfar em mim? Mas porque desejávamos encontrar o Senhor, sustentados pela Sua graça, pudemos superar tantos obstáculos e a divina Providência nos ajudou a remover muitas pedras, a vencer muitas dificuldades. Todavia, a busca de Deus é progressiva e deve continuar por toda a vida; por isso, como as piedosas mulheres, devemos ter sempre a santa preocupação de encontrar o Senhor. Esta preocupação tornar-nos-á laboriosos e diligentes nessa procura e, ao mesmo tempo, confiantes na ajuda divina, porque é certo que onde as nossas forças não podem chegar, o Senhor providenciará, fazendo Ele por nós aquilo que nós não podemos fazer.

A Páscoa marca em cada ano uma renovação na nossa vida espiritual, na busca de Deus. Cada ano retomamos o nosso caminho em direção a Ele «in novitate vitae» (Rom. 6, 4).

Colóquio – «Senhor Jesus, Jesus piedoso, Jesus bondoso, que Vos dignastes morrer pelos nossos pecados e ressuscitastes para a nossa justificação, eu Vos rogo, pela Vossa gloriosa Ressurreição, que me ressusciteis do sepulcro dos meus vícios e pecados para que eu mereça participar verdadeiramente na Vossa Ressurreição. Dulcíssimo Senhor que subistes ao céu triunfante na Vossa glória e estais sentado à direita do Pai, Rei poderosíssimo, atraí-me para as alturas até Vós, a fim de que eu corra ao odor do Vosso perfume e não desfaleça enquanto Vós me levais e conduzis. Atraí a boca da minha alma sequiosa para a fonte divina da eterna saciedade; atraí-me do abismo para a fonte viva, para que dela beba segundo a minha capacidade e dela sempre viva, ó meu Deus, minha vida.

«Revesti, ó Senhor, eu Vos peço, revesti o meu espírito de penas como as da águia para que voe e não desfaleça; que voe e chegue até aos esplendores da Vossa glória, a fim de que aí seja apascentado com os Vossos segredos, à mesa dos celestes cidadãos, no lugar da Vossa páscoa, perto duma abundantíssima fonte; repouse em Vós, ó Senhor, o meu coração; coração semelhante a um grande mar agitado por ondas tumultuosas.

«Preciosíssimo, desejadíssimo, amabilíssimo Senhor, quando Vos verei? Quando comparecerei diante da Vossa face? Quando serei saciado com a Vossa beleza? Quando me levareis deste cárcere tenebroso a fim de confessar o Vosso nome sem ser confundido?… Que farei eu, miserável, oprimido pelo peso das cadeias das minha mortalidade? Que farei?… Enquanto estamos no corpo peregrinamos para o Senhor. Não temos aqui morada permanente, mas procuramos a cidade futura, porque a nossa pátria está nos céus.

«Ó Senhor, concedei-me a graça de aderir a Vós enquanto trouxer comigo estes frágeis membros, pois quem adere ao Senhor é um espírito com Ele» (Santo Agostinho).

(Fonte: livro Intimidade Divina Meditações sobre a Vida Interior para Todos os Dias do Ano, Pe. Gabriel de Sta. Maria Madalena, OCD, Edições Carmelitanas, Porto-Portugal, 2ª edição/1967, Do Domingo da Ressurreição à Festa da Santíssima Trindade, pp. 547-550 – Texto revisto e atualizado, com alguns destaques acrescentados por nós)

Sou Todo Teu Maria: “Foi pela Santíssima Virgem Maria que Jesus Cristo veio ao mundo, e é também por Ela que deve reinar no mundo.” (São Luis Maria de Montfort)