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A TRANSFIGURAÇÃO DO SENHOR

Segunda Dominga da Quaresma

A TRANSFIGURAÇÃO DO SENHOR

Segunda Dominga da Quaresma

Entende-se por Transfiguração do Senhor a mudança milagrosa que fez em seu corpo no monte Tabor, à vista dos três discípulos S. Pedro, S. Tiago e S. João, mostrando-se-lhes em estado de resplendor e glória, tendo aos lados Elias e Moisés.

Pondera S. Tomás como convinha que se transfigurasse o Senhor da vida, para confirmar a fé e esperança dos Apóstolos, que haviam de sofrer estas duas virtudes estranhas provações, com os opróbrios, suplício e morte ignominiosa do Mestre. Mui imperfeita ideia formavam os Apóstolos da religião, antes que lhe viesse o Divino Espírito. Poderoso auxílio traziam-lhes para fé e esperança, os milagres que operava o Filho de Deus. Careciam, portanto, de alguma coisa mais estrondosa, prova evidente de divindade presente em Jesus, que lhes desse a um tempo mais acertada ideia da prometida ventura; isso achamos na Transfiguração.

Levou consigo a Pedro, Cristo Senhor Nosso, diz S. João Crisóstomo, porque havia de ser pastor da Igreja universal, e tinha já confessado a divindade do Mestre conforme as luzes que do Padre Eterno recebera.

Levou S. Tiago, porque havia de, primeiro que todos, assinar com o sangue a divindade do Senhor, e S. João, que entre os Evangelistas mais clara e explicadamente publicaria a mesma natureza divina:

No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.

Como foram, porém, testemunhas das glórias do Tabor, assim o foram da agonia no Horto; reserva o Senhor as suas doçuras aos que participam das amarguras da Paixão.

Em lugar retirado sobre o alto monte manifesta-se Cristo ao Apóstolos no esplendor de sua Transfiguração; assim revela-se ainda todos os dias às almas fiéis que procuram no retiro e que se remontam, pela oração, acima de tudo criado. De favores tais não são dignas as almas mesquinhas que rastejam toda a vida; são, antes, o prêmio dos esforçados que procuram os cimos da virtude.

O corpo que vemos abatido e gasto nos trabalhos da penitência, brilhará como um sol na eternidade; com esta certeza perseveram tantos cristãos fervorosos, tantos santos religiosos, nos rigores da vida austera.

As próprias doçuras espirituais na vida presente, são frutos que na cruz se colhem. Em meio daquela glória que por toda parte refulgia, no dia e hora, que se pôde chamar triunfo da humanidade sagrada de Jesus Cristo, não tinha este Bendito Senhor outro assunto do seu discurso senão as afrontas, torturas, e morte que o esperavam; assim devem ser toda nossa glória na terra, diz S. Paulo, a cruz e a mortificação. Absit mihi gloriari nisi in cruce Domini Nostri Jesus Christi. (Gal. 6, 14)

Proíbe Cristo às testemunhas de sua gloriosa Transfiguração que a divulguem antes de sua ressurreição, porque pode essa notícia estorvar a sua morte. Coisa admirável! Para manifestar a sua glória, procura o Senhor uma montanha retirada, com poucas testemunhas a quem ainda impõe silêncio sobre o que viram; em se tratando, porém, de sofrer morte oprobiosa, escolhe o monte à vista de tida Jerusalém. Que diz aqui a nossa soberba?

REZEMOS

Pai nosso que estais nos céus, dai-nos vossa graça, e livrai-nos da impostura dos que dizem que é impossível o que nos mandais, blasfemando assim contra vossa bondade e até contra vossa justiça.

(Fonte: livro Manual do Christão – Goffiné, Frei Leonardo Goffiné, Colégio da Imaculada Conceição, Botafogo/RJ, 10ª edição/1925, pp. 365-366 – Texto revisto e atualizado e alguns destaques acrescidos)

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