CÍRIO DE NOSSA SENHORA DE NAZARÉ
O MITO, A HISTÓRIA, A DEVOÇÃO
1 – O que é?
O Círio de Nazaré é uma procissão em louvor a Nossa Senhora de Nazaré que acontece em Belém, capital do Estado do Pará, no segundo domingo de outubro. Em sentido amplo, essa festividade religiosa envolve um conjunto de celebrações que começam em agosto e se prolongam por toda a chamada “Quadra Nazarena”, período de quinze dias após o Círio propriamente dito.
Nessas celebrações, sagrado e profano complementam-se e formam um evento de múltiplas dimensões: religiosa, estética, turística, cultural, etc. Todas essas festividades giram em torno da devoção a uma imagem de madeira de Nossa Senhora de Nazaré que, segundo a lenda, foi “achada” por um caboclo-amazônico chamado Plácido, no local onde hoje se ergue a imponente Basílica de Nazaré.
2 – A trajetória
Por volta de 1700, Plácido José dos Santos encontra a imagem de Nossa Sra. de Nazaré às margens do igarapé Murutucu, levando-a para sua morada e constatando no dia seguinte que esta desaparecerá, retornando ao local do “achado”, o que se repetiria por diversas vezes.
Sabedor do fato o governador da época mandou buscar a imagem trancando-a na capela do Palácio onde passaria a noite vigiada por soldados, mas ali não amanheceu retornado para as margens do igarapé onde fora encontrada
Lendas e mitos misturam-se a fatos históricos nas narrativas que relatam a história do Círio de Nossa Senhora de Nazaré, cuja devoção no Pará teve início na cidade de Vigia.
Para satisfazer o desejo da santa, Plácido decidiu construir no local uma capela, mas devido a notícia ter se espalhado, começaram a chegar muitos curiosos que aumentavam a cada ano e também os promesseiros que vinham trazer “ex votos” para pagamento das promessas. Nas peregrinações se destacavam os círios, grandes velas de cera que acabaram por dar nome à procissão.
Em 1791, o então presidente da Província do Pará, Francisco de Sousa Coutinho, ávido por fomentar o comércio regional paraense, organiza uma grande feira na qual os produtos agrícolas e extrativistas de toda a província seriam expostos e comercializados. Estrategicamente, Sousa Coutinho determinou que a feira, em 1793, deveria ocorrer no final do segundo semestre, na mesma época em que os devotos costumavam homenagear a Virgem de Nazaré.
Em junho de 1793, o presidente da província adoeceu e fez uma promessa: se recuperasse a saúde e pudesse inaugurar a grande feira, levaria a imagem até o palácio do governo e, de lá, esta seria conduzida, em procissão, de volta à igrejinha. Sousa Coutinho se recuperou e, no dia 8 de setembro de 1793, cumpriu a promessa feita.
Também a Igreja ao tomar conhecimento do “milagre’ e da movimentação o primeiro bispo do Pará, D. Bartolomeu (1721-1723) visita a modesta ermida .
A grande popularidade da manifestação chama a atenção dos poderes instituídos – Estado e Igreja, no sentido de exercer o controle sobre ela. Alvo das atenções e dos interesses da Coroa e da Igreja, a devoção popular à Nossa Senhora de Nazaré caminhava para uma futura institucionalização.
O Círio de Nazaré revive, a cada ano, o trajeto feito pela Santa da capela do Palácio de volta ao local do achado nas suas principais procissões: a Trasladação e o círio.
_________Maria Dorotéa de Lima. Superintendência do Iphan no Pará
☞ NOTA 1: Para saber mais sobre a devoção a Nossa Senhora de Nazaré em Belém, Estado do Pará, CLIQUE AQUI.
☞ NOTA 2: Reze as orações da Novena de Nossa Senhora de Nazaré: CLIQUE AQUI. Para a Consagração: CLIQUE AQUI.
(Fonte: in Oficina “Desafios para uma candidatura ao Patrimônio Mundial” (2014) – Círio de Nazaré – Belém/Pará/Brasil. Centro Lúcio Costa. Rio de Janeiro – Novembro/2014 – excertos)