CONTEMPLAR A IMACULADA
São Pio X (1835-1914), Papa – Encíclica «Ad diem illum laetissimum»
Sexta-feira na Oitava da Festa da Imaculada Conceição
Se a fé consiste, como diz o apóstolo, no «fundamento das coisas que se esperam» (Heb 11,1), convém que a Imaculada Conceição de Maria, que nos confirma na fé, também reavive em nós a esperança. Tanto mais que, se a Virgem foi protegida do pecado original, foi para ser a Mãe de Cristo; ora, ela foi Mãe de Cristo para que as nossas almas pudessem voltar a viver de esperança.
E, omitindo agora a caridade para com Deus, encontramos na contemplação da Virgem Imaculada um estímulo para observar religiosamente o preceito que Jesus Cristo declarou seu por excelência, a saber, que nos amemos uns aos outros como Ele nos amou. «Apareceu no Céu um grande sinal: uma mulher revestida de sol com a lua a seus pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça» (Ap 12,1). Todos sabemos que esta mulher representa a Virgem Maria, que, sem pôr em causa a sua integridade, gerará o nosso Rei.
E prossegue o apóstolo: «Tinha um filho no ventre e gritava com as dores e ânsias da maternidade» (Ap 12,2). São João vê a Santíssima Mãe de Deus no seio da beatitude eterna e, contudo, nos trabalhos de um misterioso parto. Que parto é este? O nosso, naturalmente, porque nós, que ainda estamos neste exílio, temos de ser gerados para o perfeito amor de Deus e para a felicidade eterna. E as dores deste parto assinalam o ardor e o amor com os quais Maria vela sobre nós do alto do Céu e trabalha, por meio de infatigáveis orações, para levar à sua plenitude o número dos eleitos.
É nosso desejo que todos os fiéis se apliquem a adquirir a virtude da caridade e aproveitem sobretudo, para esse efeito, as festas […] em honra da Imaculada Conceição de Maria.
(Fonte: Evangelho Quotidiano – Comentário da Solenidade da Imaculada Conceição)