Correspondência das Horas Canônicas do Ofício Divino
com os Principais Mistérios da
Vida de Nosso Senhor Jesus Cristo
Por Ofício divino entende-se a coleção de orações dadas pela Igreja a fim de serem recitadas em diferentes horas do dia ou da noite. Segundo o que indicava o salmista “Cantai vossos louvores sete vezes ao dia”. A Igreja dos primeiros séculos distribuiu as orações públicas em sete horas, as quais determinou:
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Matinas e Laudes, que se recitavam à meia-noite;
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Prima, após o levantar do sol;
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Terça, as nove horas da manhã;
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Sexta, ao meio-dia;
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Noa, às três horas da tarde;
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Vésperas, às seis horas da tarde;
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Completas, às 9 horas da noite.
Nos séculos de verdadeira fé, estas diversas partes do Ofício divino eram salmodiadas todos os dias às horas marcadas; mais tarde, a Igreja, por condescendência e atendendo às necessidades e fraqueza de seus filhos, mostrou-se mais indulgente neste ponto.
Estas diversas horas se referem, segundo os autores ascéticos, aos mais tocantes mistérios da vida de Nosso Senhor Jesus Cristo.
O Ofício das Matinas nos lembra o nascimento do Salvador e sua vida dolorosa na gruta de Getsêmani, sua oração e agonia e as cordas que o amarraram.
As Laudes, celebramos a ressurreição e a assunção de Maria, que, segundo piedosa crença, ter-se-ia operado durante a aurora; é por este motivo que, no Ofício da Santa Virgem, a Igreja coloca em Laudes as antífonas da assunção.
A Prima, lembramo-nos dos ultrajes, sofrimentos, açoites, etc., suportados por Jesus Cristo em casa de Caifás. Igualmente a aparição à Santa Virgem após a ressurreição e a visita das antas mulheres ao sepulcro.
A Terça, lembramo-nos da flagelação, da coração de espinhos e da condenação à morte. Podemos ainda honrar a descida do Espírito Santo, que se deu nesta mesma hora.
A Sexta, dedicamos à crucificação de Jesus Cristo e às palavras pronunciadas por ele na santa Cruz, dando-nos Maria por Mãe.
A Noa, consideremos Jesus morrendo na cruz, a agitação da natureza neste momento, a descida do reino de Satanás, e a Igreja nascendo do lado aberto de seu divino Esposo preso à Santa Cruz.
Em Vésperas, a Igreja propôs honrar a descida da Cruz, o corpo de Jesus Cristo colocado nos braços de sua Santa Mãe e a instituição do adorável Sacramento da Eucaristia .
Completas vêm, como o nome indica, formar o completamento, a conclusão de todo o Ofício, e assim aqui se honra a sepultura de Jesus Cristo e sua estadia no túmulo.
Os Terceiros encontrarão nestes pensamentos um alimento à sua piedade durante a recitação do Ofício divino.
(Fonte: livro Ofício Parvo da Bem-Aventurada Virgem Maria Segundo o Breviário Romano, 1940, Observações para Rezar o Ofício [excertos], pp. 9-10 – Texto revisto e atualizado, com destaques acrescentados)