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CRISTO, CAUSA EXEMPLAR E MODELO DE NOSSA SANTIDADE
Dom Columba Marmion
CRISTO, CAUSA EXEMPLAR E MODELO DE NOSSA SANTIDADE
“Lembra-nos o santo Doutor (Sto. Tomás de Aquino), segundo a doutrina de S. Paulo, que Nosso Senhor é para nós o Alfa e o ômega, isto é, absolutamente tudo, e que, fora d’Ele, não há vida espiritual. Não nos disse no Evangelho o próprio Jesus: ‘Sem Mim nada podeis fazer‘1. Nihil: absolutamente nada. O que podemos por nós mesmos, os nossos planos, nossos métodos de meditação, nossos meios, se tudo isso não estiver baseado em Cristo, para nada servirá, para nada em absoluto, pois Cristo é tudo em nossa santificação. Como afirma S. Tomás, Cristo é a causa exemplar e o modelo de nossa santidade, a causa meritória que dá seu valor a todos os atos de nossa vida, a causa eficiente que opera nossa santidade. Temos, pois, em Cristo o perfeito modelo de nossa perfeição. Ele pagou todas as nossas dívidas, mereceu infinitamente mais do que era necessário à nossa salvação, ‘copiosa apud eum redemplio’2. Morreu por nós e recebeu de seu Pai o poder de nos aplicar o fruto de sua Paixão: ‘Todo o poder me foi dado no Céu e na terra‘.
Sabe-se a importância magna, na síntese tomista, do mistério da predestinação. Essas elevadas perspectivas tudo dirigem. Cristo ocupa o primeiro lugar nos decretos divinos; a ordem hipostática, à qual O eleva sua Filiação divina, coloca-O no ápice do universo finalizado por Ele. Cabeça de um corpo místico a que pertencem os próprios Anjos, Ele é o Redentor dos homens, a Causa exemplar, satisfatória, meritória, impetratória, eficiente e final de nossa santidade. ‘Vós sois de Cristo, e Cristo de Deus‘3.
“‘Deus nos predestinou a sermos conformes a imagem de seu Filho‘4. ‘Aí está toda a nossa perfeição. O Pai Eterno cumula-nos de Suas graças na proporção em que O encontra em nós. Quando Deus vê uma alma completamente transformada em seu Filho, apaixona-Se por ela, não estabelece mais limites à comunicação que lhe faz de Si mesmo: eis o segredo das liberalidades de Deus”5.
________Beato Dom Columba Marmion
2 Sl. 129, 7.
3 Mt. 28, 18. Conferência, Maredret, 20 de outubro de 1909.
4 Rm. 8, 29.
5 Conferência, Maredret, 17 de novembro de 1909.
(Fonte: in, A Doutrina Espiritual de Dom Marmion, MM Philipon, OP, tradução de Lydia Christina, Livraria Agir Editora, Rio de Janeiro/1956, excertos do Cap. II, pp. 102-104 – Texto revisto e atualizado. O título é nosso)