DIA 26 DE ABRIL – FESTA DE NOSSA SENHORA DO BOM CONSELHO

 

1. (BREVE) HISTÓRIA DA DEVOÇÃO

Perto de Roma, ergue-se a simpática cidade de Genazzano, onde está radicada a Ordem de Santo Agostinho desde 1278.

Era o dia 25 de abril de 1467. uma imensa multidão lotava as ruas e praças da Cidade, celebrando a festa de São Marcos Evangelista, patrono do lugar.

À tarde, quando o maior número de pessoas se concentrava nos arredores do templo dos Padres Agostinianos, começaram a se ouvir harmonias encantadoras. Uma nuvem luminosa irradiava resplendores mais brilhantes que o próprio sol. No foco central da nuvem, a atônita multidão pôde perceber uma imagem fascinante da Rainha do Céu que, descendo majestosa e sorridente, vinha tomar posse daquele templo por Ela escolhido como sua morada. Sinos movidos por mãos invisíveis lançavam ao ar seus sons festivos saudando a celestial Senhora.

Felizes mil vezes os povos e as almas escolhidas por Maria como a sua herança predileta!

A partir desse insólito acontecimento, os Padres Agostinianos começaram a espalhar o culto a Nossa Senhora do Bom Conselho.

A Virgem Maria é honrada com este título, pois é a Mãe do Cristo, o qual é chamado por Isaías 9, 5 “Admirável Conselheiro”. Ela viveu toda a sua vida sob a direção do “Espírito do Conselho” e “aderiu intimamente” ao divino “Conselho” … Foi cumulada por Deus dos dons do Espírito, entre os quais sobressai “o espírito de Sabedoria” e o “dom do Conselho”.

A riqueza desses dons Ela comunica prazerosa aos filhos e discípulos, aconselhando-os que executem o que “Cristo lhes manda fazer”.

2. PROCEDÊNCIA DA VENERANDA IMAGEM

Os fieis pensavam que a imagem teria vindo do Céu. Mas, dias após, dois peregrinos estrangeiros desvendavam o mistério.

Eram dois albaneses que, fugindo da perseguição dos turcos, vinham da cidade de Escútari^* (Albânia) acompanhando a prodigiosa imagem, que, pelo mesmo motivo, abandona o santuário onde ela era venerada.

Os afortunados peregrinos vinham seguindo a Imagem atravessando rios, vales e montanhas, escalando altura e cruzando precipícios, inclusive o mar Adriático, que passaram a pé firme, sem experimentar fome, sede e fadiga.

Chegando às portas da Cidade Eterna, a Imagem desapareceu de suas vistas. Foram fias de angústia à sua procura.

Por fim, nasce o sol da esperança. Corre a notícia do que sucedera na cidade de Genazzano.

Para lá se dirigem e constatam ser a mesma encantadora Imagem que eles vinham seguindo. Caem de joelhos exultantes de felicidade e, com demonstrações de extraordinária emoção, narram ao povo estupefato as maravilhas de sua divina Rainha.

Agora, lá estão eles para cantar um hino de louvor e agradecimento às misericórdias de Maria.

Infelizes as almas que se fazem credoras do abandono de tão carinhosa Mãe!

3. SANTOS, PAPAS E INCONTÁVEIS PEREGRINOS

Nos últimos cinco séculos, têm-se multiplicado as visitas de fieis à Mãe do Bom Conselho de Genazzano, vindos das mais variadas regiões do mundo. A todos e a cada um, Ela acolhe sob seu olhar de serenidade e ternura, ouve suas preces, alcança-lhes a graça, o favor, o milagre suplicados.

Entre seus grandes devotos destacam-se diversos Sumos Pontífices, como São Pio V, Bento XIV, o Beato Pio IX e São Pio X, o Papa Leão XIII (que incluiu a invocação Mãe do Bom Conselho na Ladainha Lauretana), Pio XII (que a Ela consagrou seu pontificado) e, mais recentemente, o Beato [hoje, Santo] João Paulo II.

Aos pés da Virgem de Genazzano se ajoelharam também numerosos santos, como São Paulo da Cruz, Santo Afonso de Ligório, São João Bosco, São Luís Orione e a Beata [hoje, Santa] Madre Teresa de Calcutá.

Esta última, albanesa de nascimento, assim como muito de seus compatriotas católicos, ansiava pelo retorno da “Senhora de Scútari” ao seu lugar de origem. Quando esteve em Genazzano, em junho de 1993, Madre Teresa deixou escrito no livro de visitantes: “Maria, Mãe de Jesus, a tua casa na Albânia! Nós te amamos e temos necessidade de Ti! Tua és nossa Mãe, volta, nós te pedimos!”.

4. A SANTA IMAGEM

Nela observamos detalhes primorosos. Contemplamos a Mãe e o Filho intimamente unidos. Maria segura o Filho com ambas as mãos.

Entretanto, abraça-o como que desprendida de si mesma. É para nós que Ela cuida dele. Protege e envolve o Filho nas dobras de seu manto. Mas deixa seu sorrisinho à livre visão, porque deseja conduzir todos os homens a Jesus.

O véu é símbolo de segredo. Cobre a cabeça da Mãe e continua a envolver o Filho, para significar que o mistério do Coração de Maria é Jesus.

Essa expressão de íntima unidade entre Mãe e Filho quer indicar que Jesus é a razão de sua existência. A Ele pertence seu coração, seu amor. Por isso, não é de admirar que as feições de ambos sejam tão semelhantes!

Atestam os que os conheceram em vida que jamis houve um filho mais semelhante à sua mãe … (Santo Tomás de Vilanova).

Deus ao se fazer homem não quis escolher outra semelhança que a de Maria.

Do fundo do quadro saem reflexos cambiantes, matizando as roupas e simbolizando a glória do paraíso, para onde iremos segundo os sábios conselhos de Maria.

Quem se une à mãe, é conduzido por Ela ao Filho que, por sua vez, nos leva ao Pai. “Por Maria a Jesus, por Jesus ao Pai”.

– Mãe, que minha alma seja tua verdadeira imagem, para que me assemelhe a Jesus, de quem tu és espelho fidelíssimo.

E ao contemplar-me Jesus, sinta a complacência de ver em mim a imagem que Ele gravou em ti.

Observamos ainda no quadro um letreiro que circunda a cabeça da Mãe e do Filho. É uma súplica confiada à Mãe Medianeira para que apresente ao Filho nossas indigências: “Santíssima Mãe do Bom Conselho, ora por nós a teu Filho Jesus”.

5. SÚPLICA (de um hino litúrgico)

Mãe fiel do Bom Conselho

guia-me sempre no amor;

em meu viver sê o reflexo

da presença do Senhor.

Tu que sabes da amargura

do que chora noite e dia,

aponta-me, ó Virgem pura,

a senda que ao céu guia.

Luz do pobre peregrino.

Estrela da salvação,

brilha sempre em meu caminho

e brilha em meu coração.

6. ORAÇÃO À MÃE DO BOM CONSELHO

Gloriosíssima Virgem Maria, escolhida pelo eterno Conselho para Mãe do Verbo Humanado, tesoureira das divinas graças e advogada dos pecadores, eu, o mais indigno dos vossos servos, a vós recorro para que me sejais guia e conselheira neste vale de lágrimas. Alcançai-me, pelo preciosíssimo sangue de vosso divino Filho, o perdão dos meus pecados, a salvação da minha alma e os meios necessários para obtê-la. Alcançai também para Santa Igreja o triunfo sobre seus inimigos e a propagação do reino de Jesus Cristo em todo mundo. Amém.

(Fontes: 1. opúsculo Nossa Senhora do Bom Conselho, Pe. Matias Boñar, OSA, Edições Loyola, 5ª edição/2003, itens 1, 2 e 5, pp. 4-5 e 7-8; 2. opúsculo A Mãe do Bom Conselho de Genazzano Coleção Tesouros Marianos, coordenação Pe. Lourenço Ferronatto, EP, ACNF-Associação Cultural Nossa Senhora de Fátima, 1ª edição, São Paulo/2012, pp. 22-23 e 30 – O título desta postagem é nosso assim como alguns destaques)