Rito Tradicional
DOMINGO DA SEPTUAGÉSIMA
Hoje [no Rito Tradicional Romano] se inicia o Tempo da Septuagésima, um período em que a Igreja nos prepara para os árduos exercícios espirituais da Santa Quaresma. Hoje é o princípio do Ciclo da Páscoa.
A Igreja, durante este período, rememorará a obra da criação que é também exórdio da Redenção.
No Ofício de Matinas, recorda-se a criação do mundo; nas I Vésperas, a ordem dada por Deus:
Do madeiro que se encontra no meio do paraíso não deves comer; na hora que comeres, da Morte morrerás (Antífona do Magnificat de I Vésperas).
Deus, em Sua onisciência, já sabia da prevaricação de Adão; tudo estava sob Seu domínio onipotente. Ele, em Seu imenso Amor, ainda adverte a nosso primeiro pai de que morte morreria: não qualquer uma, mas da morte espiritual.
Na Missa, a Igreja, na Parábola dos trabalhadores da vinha, mostra-nos que Deus até o último momento está disposto a perdoar-nos nossos pecados e nos conceder Sua graça. Alguns não entendem esse Amor e retrucam:
Estes últimos trabalharam uma hora e os igualaste conosco que suportamos o peso e o calor do dia (Evangelho).
Deus, pacientemente, digna-Se explicar-Se:
Amigo, não te faço injustiça: não te ajustaste Comigo por um dinheiro? Toma o que é teu e vai-te: pois quero dar a este último tanto quanto a ti. Porventura não Me é lícito fazer do Meu o que quiser? Ou é invejoso o teu olho porque EU SOU Bom?” (Evangelho).
Na Parábola, “a vinha é a Igreja Universal, como ensina o Papa São Gregório Magno, que, desde o justo Abel até o último dos eleitos que deve nascer até ao fim do mundo, é como um vinhedo que não cessa de produzir ramos da verdadeira santidade” (Homilia 19, séc. VI).
E o dinheiro é o galardão do justo, a vida eterna que não podemos merecer por nós mesmos, mas que Deus nos promete por causa de Seu Filho Unigênito “cheio de graça e de verdade” (cf. Jo 1,14), firmando-nos, assim, na virtude da Esperança.
Enquanto, liturgicamente, ainda não chega nossa salvação, mas se relembra o pecado original, o Ofício termina, extraordinariamente, com o “Aleluia”, pois ele será calado até que cheguem as alegrias pascais.
(Fonte: Pela Fé Católica – Tradição, Escritura, Magistério)