“EU SOU A IMACULADA CONCEIÇÃO”
(Terça-feira na Oitava da Festa da Imaculada Conceição)
COM esta palavra deu-se a conhecer a “Bela Senhora”, por cujo nome a pobre e simples Bernadete perguntava aos 25 de março de 1858 quando A contemplava de uma formosura inconcebível nos rochedos de Lourdes.
“Eu sou a Imaculada Conceição”, quer dizer: Eu sou a Puríssima Virgem Maria, concebida sem pecado; Eu sou Aquela, que entre todos os descendentes de Adão nunca contraiu a mínima mancha da culpa original; Eu sou Aquela, que entre todos os filhos de Eva nunca esteve fora da amizade de Deus; Eu sou Aquela, que saiu das mãos do Criador, para sempre pura, pura sempre bela, para sempre cheia de graça; Eu sou Aquela, que é qual rosa suavíssima de santidade entre inúmeros espinhos de imperfeição; Eu sou Aquela, que é qual jardim de delícias, em que a serpente infernal nunca pôde entrar; em suma, Eu sou a Puríssima Virgem Maria, concebida sem pecado: “Eu sou a Imaculada Conceição”. Pois Deus tinha decretado desde toda eternidade que na segunda Eva, Maria Santíssima, se erguesse com mais felicidade o que havia de cair na primeira, de sorte que aqui vem a propósito a observação de S. Agostinho, que por Eva começou a ruína, a graça – porém – por Maria. E com efeito, como escreve o Papa Pio IX no documento apostólico da definição dogmática da Imaculada Conceição, Eva escutando miseravelmente as vozes da serpente, decaiu da inocência original e tornou-se escrava daquele dragão; mas a Beatíssima Virgem, aumentando continuamente o dom original, sem nunca dar ouvidos à serpente, de todo lhe destruiu a força e o poder pela virtude que divinamente recebera. Por este motivo nunca deixaram os Padre da Igreja de chamar a Mãe de Deus – lírio entre espinhos; terra de todo intacta, virgínea, ilibada, imaculada, sempre bendita e livre de todo o contágio do pecado, da qual se formou o novo Adão; paraíso irrepreensível, brilhantíssimo, ameníssimo de inocência, de imortalidade e de delícias, plantado pelo próprio Deus, e por Ele defendido de todas as insídias da serpente venenosa; lenho imarcescível, que nunca pôde ser corroído pelos vermes do pecado; fonte sempre cristalina e selada com a virtude do Espírito Santo; templo diviníssimo, tesouro da imortalidade; só e única filha, não da morte mas da vida; germe, não da ira mas da graça, o qual – por singular providência de Deus – floresceu sempre virente de uma raiz corrupta e infecta contra as leis estabelecidas e comuns.
(Fonte: opúsculo “Eu sou a Imaculada Conceição”, Pe. Carlos de Meere, C.SS.R., Editora Itatiaia Limitada, 1957, Primeira Parte, pp. 11-12, excertos – Texto revisto e alguns destaques acrescidos)