Santo do Dia
FESTA DE SÃO JOÃO, APÓSTOLO E EVANGELISTA
27 DE DEZEMBRO – FESTA DE SÃO JOÃO, APÓSTOLO E EVANGELISTA
Quem é aquele discípulo ao pé da cruz de Jesus ao lado da divina Mãe? Vede que olhar! Ah, é o discípulo mais amado – o apóstolo São João! É a testemunha da transfiguração do Tabor, da dolorosa agonia do Jardim das Oliveiras. Jesus amava-o. Amava-o, e quando instituiu o sacramento do amor, ei-lo, o doce João, reclinado sobre o Coração do divino Mestre. Que doçura incomensurável aquela – repousar a cabeça no peito de Jesus, naquele peito em que o Sagrado Coração pulsava pela humanidade toda, daquele que é a Luz verdadeira que ilumina todo o homem.
Ah! Jesus, então, ainda estava no mundo! Estava no mundo, e o mundo foi feito por Ele. Ah, o mundo! E o mundo não o conheceu. Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. Mas a todos os que o receberam, deu o poder de se tornarem filhos de Deus, àqueles que creem no seu nome, os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus (Jo. 1, 8-13).
Reclinar a cabeça no peito de Deus! Escutar-lhe as batidas do Sagrado Coração!
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Depois que João, o Batista, foi preso, veio Jesus para a Galiléia, pregando o Evangelho do reino de Deus, e dizendo:
– Pois que o tempo é cumprido, e se aproxima o reino de Deus, fazei penitência e crede no Evangelho.
E, passando ao longo do mar da Galileia, viu a Simão, e a André, seu irmão, que lançavam as suas redes ao mar, porque eram pescadores, e disse-lhes Jesus:
– Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens.
E, no mesmo instante, deixadas as redes, seguiram-no.
E, tendo passado um pouco mais adiante, viu a Tiago, filho de Zebedeu, e a João, seu irmão, que também, numa barca, estavam consertando as redes. E chamou-os imediatamente. E eles, tendo deixado na barca a seu pai Zebedeu, com os empregados, seguiram-no. (Mc. 1, 14-20)
São João era filho de Zebedeu e Salomé, e irmão de Tiago Maior. Era natural de Betsaida, e pescador no lago de Genesaré. Fora discípulo de João Batista. E o inspirado autor do quarto Evangelho, a mais bela história de Nosso Senhor Jesus Cristo. Disse Santo Agostinho: “Somente João poderia escrever este Evangelho que transcende as regiões angélicas e a Deus diretamente atinge”. Nele, vemos que o autor foi testemunha ocular daquilo que refere. Escreveu-o na velhice, em Éfeso, a pedido dos discípulos, contra aqueles que negavam a divindade de Cristo. E demonstra que Jesus Cristo é o Filho e o Messias.
Eis o que diz São Jerônimo: “João, Apóstolo, o predileto de Jesus, filho de Zebedeu, irmão do apóstolo Tiago, degolado por Herodes, escreveu depois de todos o Evangelho anunciado pelos bispos da Ásia, contra os hereges que afirmavam que o Cristo não existira antes de Maria. Por esta razão, João foi obrigado a demonstrar a origem divina de Jesus”.
Sob o império de Domiciano, foi exilado para a ilha de Patmos, e sob Nerva, tornou a Éfeso, onde morreu de velhice, sessenta e oito anos depois da Paixão de Cristo.
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Ei-lo ao pé da cruz do Mestre.
Jesus vendo sua Mãe, e junto dela o discípulo que amava, disse à sua Mãe:
– Mulher, eis aí teu filho.
Depois, disse ao discípulo:
– Eis aí tua Mãe.
E, desta hora por diante, Ievou-a o discípulo para sua casa. (Jo. 19, 26-27)
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Depois é a morte de Jesus:
Jesus, tendo tomado o vinagre, disse:
– Tudo está consumado.
E, inclinando a cabeça, rendeu o espírito. (Jo. 19, 30)
E o sepultamento, a ressurreição, o aparecimento a Maria Madalena, aos apóstolos. E a incredulidade de Tomé, e a pesca miraculosa, e Pedro, a Pedra, incumbido de apascentar as ovelhas do vasto rebanho. Como terminará o apostolado de Pedro? E o de João, o amado do Mestre?
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– Em verdade, em verdade te digo: Quando eras mais moço, cingias-te, e ias onde desejavas. Mas, quando fores velho, estenderás as tuas mãos, e outro te cingirá, e te levará para onde tu não queres. (Jo. 21, 18)
Eis aí predita a crucifixão de Pedro.
Isso disse Jesus para significar o gênero de morte com que havia ele de glorificar a Deus. E tendo assim falado, acrescentou:
– Tu, segue-me.
Voltando-se, viu Pedro que o seguia aquele discípulo que Jesus amava, e que na ceia havia repousado sobre o seu peito, e tinha perguntado:
– Senhor, quem é que te há de trair?
Tendo-o visto, pois, disse Pedro:
– E este, que há de ser dele?
Respondeu Jesus:
– Se quero que ele fique até que eu venha, que tens tu com isso? Tu segue-me.
Correu logo esta voz entre os irmãos que aquele discípulo não morreria. E não lhe disse Jesus: – Não morre, mas: – Se eu quero que ele fique até que eu venha, que tens tu com isso? (Jo. 21, 19-23)
Pedro julgava que João os seguia para saber de Jesus sobre a sua sorte, mas que estivesse receoso de o interpelar; daí o mesmo Pedro interrogar o Mestre: Se eu quero que ele fique até que eu venha, respondeu Jesus, isto é, que venha tomar o discípulo amado na mais avançada idade, que tens tu com isso? E Pedro ouviu, quanto a si mesmo: Tu, segue-me – segue-me pelo caminho da cruz.
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As últimas instruções de Jesus. A ascensão do Senhor. Voltam os apóstolos a Jerusalém. Matias substitui Judas e incorpora-se aos onze. É o Espírito Santo, prometido pelo Mestre, desce sobre eles, em forma de línguas de fogo, E Pedro discursa, porque, aos doze; julgaram-nos ébrios, porque falavam todas as línguas. E eis que se converteram, naquele dia, resultado do discurso do chefe dos apóstolos, cerca de três mil pessoas. Os que receberam sua palavra foram batizados, e ficaram agregados, naquele dia, cerca de três mil pessoas. (At. 2, 41)
E surgiram os primeiros cristãos.
Perseveravam na doutrina dos Apóstolos, reuniões comuns, na fração do pão e nas orações (At. 2, 42). E o senhor aumentava cada dia mais o número dos que estavam no caminho da salvação. (At. 2, 47)
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Pedro e João subiram, um dia, ao templo para a oração da hora de noa (15 horas). Era para ali trazido trazido certo homem, coxo de nascimento, o qual punham, todos os dias, à porta do templo, chamada a Formosa, para pedir esmola aos que entravam no templo. Este quando viu Pedro e João, que iam entrando no templo, pedia que lhe dessem esmola.
Pedro, pondo nele os olhos, juntamente com João, disse:
– Olha para nós.
Ele os olhou com atenção, esperando receber alguma coisa. Mas pedro disse:
– Não tenho prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou: Em nome de Jesus Cristo de Nazaré, levanta-te e anda.
E, tomando-o pela mão direita, levantou-o, e, imediatamente, consolidaram-se-lhe os pés e os tornozelos. E dando um salto, pôs-se em pé e andava, e entrou com eles no templo, saltando e louvando a Deus. Todo o povo o viu andando e louvando a Deus. Reconheciam que ele era o mesmo que se sentava à porta Formosa do templo a pedir esmola. E ficaram cheios de espanto e fora de si pelo que lhe tinha acontecido.
E, estando ele agarrado a Pedro e João, todo o povo, estupefato, correu para estes ao pórtico, chamado de Salomão. (At. 3, 1-11)
Pedro, então, pôs-se a discursar. E falava ao povo, que o ouvia. E, enquanto, falava, sobrevieram os sacerdotes, o oficial do templo e os saduceus, descontentes de que ensinassem o povo, e anunciassem, na pessoa de Jesus, a ressurreição dos mortos. E lançaram mão deles, e meteram-nos na prisão até o outro dia, porque já era tarde.
Muitos, porém, daqueles que tinham ouvido a palavra, creram. E o número de homens se elevou a cerca de cinco mil.
Aconteceu que, no dia seguinte, se reuniram os seus chefes, os anciãos e os escribas de Jerusalém, e Anás, príncipe dos sacerdotes, Caifás, João, Alexandre, e todos os que eram da linhagem pontifical. Mandando-os vir à sua presença, interrogaram-nos:
– Com que poder, ou em nome de quem fizestes isto?
Então Pedro, cheio do Espírito Santo, disse-lhes:
– Príncipes do povo e anciãos, ouvi-me: Já que hoje somos interrogados sobre um benefício feita a um homem enfermo, para saber de que modo este homem foi curado, seja notório a todos vós, e a todo o povo de Israel, que é em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo Nazareno, que vós crucificastes, e a quem Deus ressuscitou dos mortos, é neste nome que este está são diante de vós. “Ele é a pedra que foi rejeitada por todos que edificais, a qual foi posta por pedra angular”. (Sl. 117, 22) Não há salvação em nenhum outro, porque, sob o céu, nenhum outro nome foi dado aos homens, pelo qual nós devemos ser salvos.
Vendo eles, pois, a constância de Pedro e de João, sabendo que eram homens sem letras e do povo, admiravam-se, e reconheciam ser os que andavam com Jesus. E vendo também em pé junto deles o homem que tinha sido curado, não podiam dizer nada em contrário.
Mandaram, pois, que saíssem da assembleia. E conferenciavam entre si, dizendo:
– Que faremos destes homens? Porquanto foi feito por eles um grande milagre, notório a todos os habitantes de Jerusalém. É manifesto e não o poderemos negar. Mas para que não se divulgue mais entre o povo, proibamos-lhes com graves ameaças que, para o futuro, não falem mais a homem algum neste nome.
Chamando-os, intimaram-lhes que absolutamente não falassem mais, nem ensinassem em nome de Jesus. Mas Pedro e João, respondendo, disseram-lhes:
– Se é justo diante de Deus obedecer antes a vós que a Deus, julgai-o vós mesmos. Não podemos, pois, deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos.
Eles, então, ameaçando-os novamente, deixaram-nos ir livres, não encontrando pretexto para os castigar, com medo do povo, porque todos glorificavam a Deus por causa do que havia acontecido. Porque já tinha mais de quarenta anos aquele homem, em quem havia sido operada aquela cura miraculosa. (At. 4, 1-22)
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E os milagres e as conversões, operados pelos Apóstolos, sucediam-se. Então, o príncipe dos sacerdotes, e todos os do seu partido, que e a seita dos saduceus, encheram-se de inveja, e deitaram as mãos sobre os Apóstolos, e meteram-nos na cadeia pública. Mas um anjo do Senhor, abrindo de noite as portas da prisão, e, tirando-os para fora, disse:
– Ide, e, apresentai-vos no templo, pregai ao povo todas as palavras desta vida. (ou seja, a doutrina de Jesus Cristo)
Eles, tendo ouvido isto, entraram ao amanhecer no templo, e ensinavam. Mas, quando chegado o príncipe dos sacerdotes e os do seu partido, convocaram o sinédrio e todos os anciãos de Israel, e mandaram à prisão buscar os apóstolos, para que fossem ali trazidos.
Tendo lá ido os ministros, não os encontraram, e voltaram a dar a notícia, dizendo:
– Encontramos realmente a prisão fechada cuidadosamente, e os guardas de pé diante das portas, mas, abrindo-as, não encontramos ninguém dentro.
Ao ouvirem tais palavras, o oficial do templo e os príncipes dos sacerdotes estavam perplexos, e perguntavam entre si o que aquilo queria dizer. Nesse momento, alguém foi dizer-lhes:
– Eis que aqueles homens, que metestes na prisão, estão no templo e ensinam o povo.
Então, foi o chefe da polícia com seus agentes e trouxe-os sem violência, porque temiam que o povo os apedrejasse.
Tendo-os conduzido, apresentaram-nos ao conselho dos sacerdotes que os interrogou, dizendo:
– Expressamente, ordenamo-vos que não ensinásseis nesse nome, e eis que tendes enchido Jerusalém da vossa doutrina, e quereis tornar-vos responsáveis pelo sangue desse homem.
Pedro e os apóstolos, respondendo, disseram:
– Deve obedecer-se antes a Deus que aos homens. O Deus dos nossos pais ressuscitou Jesus, a quem vós matastes, suspendendo-o num madeiro, A este elevou Deus à sua destra como príncipe e salvador, para dar a Israel o arrependimento e a remissão dos pecados. E nós somos testemunhas destas coisas, e também o Espírito Santo, que Deus tem dado a todos os que lhe obedecem.
Tendo ouvido isso, enraiveciam-se e formavam a intenção de os matar, mas, levantando-se no conselho um fariseu, chamado Gamaliel, doutor da lei, respeitado por todo o povo, mandou que saíssem para fora aqueles homens por um pouco de tempo (para que pudessem livremente tratar do caso), e disse-lhes:
– Varões israelitas, considerai bem o que estais para fazer com esses homens, porque não há muito tempo apareceu Teodas, que dizia ser um grande homem, ao qual se associou um numero de cerca de quatrocentos homens, o qual foi morto, e todas aqueles que o acreditavam foram dispersos e reduzidos a nada. Depois deste, surgiu Judas, o galileu, nos dias do recenseamento, e levou o povo após si, mas também pereceu, e foram dispersos todos os seus sequazes. Agora, aconselho-vos a que não vos tentais com estes homens, e os deixeis, porque se esta ideia ou esta obra vem dos homens, ela mesma se desfará. Mas, se vem de Deus, não a podereis desfazer. Assim não correis o risco de fazer oposição ao próprio Deus.
Eles seguiram o seu conselho.
Tendo chamado os apóstolos, depois de os terem mandado açoitar, ordenaram-lhes que não falassem mais no nome de Jesus, e soltaram-nos.
Eles, porém, saíam da presença do conselho, contentes por terem sido achados dignos de sofrer afrontas pelo nome de Jesus. E todos os dias não cessavam de ensinar e de anunciar a boa-nova de Jesus, o Cristo, no templo e pelas casas. (At. 5, 12.42)
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A palavra do Senhor ia-se espalhando cada vez mais, e multiplicava-se muito o número dos discípulos em Jerusalém, e também uma grande multidão de sacerdotes aderia à fé. (At. 8, 25)
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Ora, os Apóstolos que estavam em Jerusalém, tendo ouvido dizer que a Samaria havia recebido a palavra de Deus, mandaram-lhes lá Pedro e João, os quais, tendo chegado, fizeram oração por eles, a fim de receberem o Espírito Santo, porque ainda não havia descido sobre nenhum deles, mas somente haviam sido batizados em nome do Senhor Jesus. Então, impunham-lhes as mãos, e recebiam o Espírito Santo. (At. 8, 14-17)
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Eles, depois de terem dado testemunho e anunciado a palavra do Senhor, voltaram para Jerusalém, e anunciaram o Evangelho por muitas aldeias dos samaritanos. (At. 8, 25)
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Assim, pois, depois da Ascensão, com Pedro chefiou João a Igreja de Jerusalém. Depois da morte de Maria, Mãe de Jesus, foi para Éfeso, onde governou a Igreja da Ásia. Perseguido por Domiciano, em Roma, foi mergulhado numa caldeira de azeite fervente, donde saiu sem quaisquer danos e rejuvenescido. Exilado para Patmos, escreveu o Apocalipse.
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São João Evangelista é o autor do Quarto Evangelho, do Apocalipse e de três Epístolas. A primeira, escreveu-a aos fieis, para combater vários hereges, dos quais alguns negavam a divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo. A segunda é dirigida à Senhora eleita e a seus filhos, que eu amo na verdade. Querem os modernos que a Senhora eleita seja uma igreja da Ásia Menor, porque os filhos seguiam o caminho da verdade. A terceira foi dirigida a Caio, cristão fervoroso, que dava hospitalidade aos pregadores do Evangelho.
Quanto ao Apocalipse (Revelação Teológica), a Igreja sempre o considerou um livro profético. O próprio Evangelista diz que trata das coisas futuras. É um dos livros sagrados mais difíceis de interpretar. De exaustivos estudos, pouco se conseguiu descobrir quanto à significação exata das diversas visões de São João. O tema principal, contudo, gira em torno da segunda vinda de Jesus Cristo, quando do juízo final.
(Fonte: in, Vida dos Santos, Editora das Américas, Vol. XXII, Padre Rohrbacher, 1959, pp. 100-114 – Texto revisto e atualizado)