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II DOMINGO DA PAIXÃO OU DOMINGO DE RAMOS
II DOMINGO DA PAIXÃO OU DOMINGO DE RAMOS
Estação em S. João de Latrão
A Igreja celebra hoje a entrada triunfal do Salvador em Jerusalém.
Antes da missa, benzem-se as Palmas (Ramos) e forma-se a procissão.
Costumam ser ramos de palmeira, de oliveira, de salgueiro, de buxo e de outras árvores de estimação, conforme os respectivos lugares; ajuntam-lhes flores, se é tempo delas, de onde vem os nomes diversos desta festa: Domingo de Ramos, de Palmas, de Páscoa florida.
A bênção das palmas ou ramos se faz com várias orações entre as quais se lê ou canta o Evangelho de Mateus 21, 1-9, que se refere à entrada de Jesus em Jerusalém.
Muito antiga no Oriente a Procissão que segue a bênção de Ramos, começou a ser praticada, acredita-se, na Palestina, de onde se propagou naquelas partes e na Igreja latina, no século VI ou VII. Consta, porém, que se fazia antes dessa época na igreja de Roma, que a transmitiu às outras Igrejas do Ocidente. Representa a procissão a entrada triunfal de Jesus Cristo em Jerusalém. Depois de cantar antífonas e responsos análogos à circunstância, para-se à porta da igreja, a qual está fechada; aqui lição e mistério.
Remontando nosso pensamento às alturas, representa-nos a Igreja nestas significativas cerimônias o estado do gênero humano, antes que entrasse Cristo na jerusalém celeste. Lá reinavam os Anjos atrás das portas fechadas aos homens; ora, penetraram na igreja os meninos do coro, que figuram os Anjos. e cantam com a voz infantil e pura o cântico eternal: Gloria, laus et honor, etc. Glória, louvor e honra a vós, Cristo Rei Redentor.
E os fieis da parte de fora, como homens banidos do céu, repetem o canto dos Anjos, Honra, louvor e glória, etc.
Então, o celebrante, figura de Cristo, bate à porta com a haste da cruz; a cruz é a chave do céu, e diz: Príncipes, abri vossas portas. Levantai-vos, portas eternas, que entrará o Rei da Glória. E perguntam os Anjos: Quem é o Rei da Glória? O sacerdote: É o Senhor poderoso e forte, o Senhor que ganha as batalhas; e alteando a voz, bate de novo, e reitera a ordem de abrir: Príncipes, abri, etc.
Com a terceira intimação abre-se a porta, e o Sacerdote, ou antes Jesus Cristo, entra na igreja com os fieis que agregou nos caminhos da vida.
Usavam outrora os meninos do coro e outros que se achavam na parte de dentro, inclinar seus ramos ao celebrante no ato de transpor o limiar sagrado, em homenagem ao vencedor do demônio e da morte. Presentemente, canta-se uma antífona que lembra a entrada triunfante dos eleitos no céu, depois do Juízo Final.
Com sentimentos de alegria e de tristeza convém que acompanhemos a procissão de Ramos: alegria, pelo triunfo do Salvador, e com a lembrança de nossa futura recompensa, ao entrar com ele na celeste Jerusalém; tristeza, ao considerar que esses mesmos Judeus, com aclamações retumbantes neste dia, ergueram aos ares brados de morte, no fim de cinco dias, e lançaram aos ecos da cidade e do calvário, blasfêmias e impropérios contra aquele a quem hoje recebem como Filho de Davi. Ai, quantos Judeus assim entre Cristãos! Oxalá nenhum de nós seja assim!
Como é consagrado todo o ofício de Ramos a honrar o Salvador, canta-se a Paixão na Missa.
Para nos tornar mais sensível a esse terrível acontecimento, faz a Igreja ouvir três vozes: a voz do historiador que conta o fato, a voz dos Judeus ou do pecador que acusa seu deus e pede que morra, e a voz da augusta vítima que conserva no meio dos algozes sua majestosa serenidade, com a brandura de cordeiro. Parece-nos assistir ao drama espantoso; penetra-se-nos o coração; experimentamos sentimentos que não pode inspirar uma simples leitura da Paixão.
Ó Igreja Católica, como bem conheces a humana natureza!
(Fonte: livro Manual do Christão – Goffiné, Frei Leonardo Goiffiné, Colégio da Imaculada Conceição, Botafogo/RJ, 10ª edição/1925, pp. 445-448 – Texto revisto e atualizado)