INSTRUÇÕES DE FREI LEONARD GOFFINÉ
➱ Breve nota biográfica: Frei Leonard Goffiné nasceu em Colônia, Alemanha, em 6 de dezembro de 1648 e faleceu em 11 de agosto de 1719. Foi padre católico da Ordem Premonstatense (Ordem de São Norberto), e escreveu diversos textos devocionais que exerceram muita influência sobre a espiritualidade católica alemã por mais de dois séculos depois de sua morte. (cf. https://pt.wikipedia.org/wiki/Leonard_Goffin%C3%A9)
DO 3º MANDAMENTO DE DEUS E DO 1º MANDAMENTO DA IGREJA
Guardar os domingos e festas de guarda.
Ouvir Missa nos domingos e festa de guarda.
A que nos obriga o terceiro mandamento?
A render a Deus o cultor exterior, como ao culto interior nos obriga o primeiro mandamento. Tanto como a alma, vem o corpo de Deus; honre, pois, este como aquela ao seu Criador.
O que proíbe o terceiro mandamento?
Tudo que é incompatível com a santificação do domingo ou das festas, como são as obras servis, em que mais parte tem o corpo que o espírito: lavrar a terra, coser, etc.
Por que se chamam servis tais obras?
Porque ordinariamente são ocupações dos servos; não são lícitas, porém, ainda que não se façam com intenção de lucro.
O que prescreve o 1º mandamento da Igreja?
Que assistamos à missa, sob pena de pecado mortal, nos domingos e festas de guarda.
Quais são as condições para bem ouvir a missa?
Podem reduzir-se a quatro: o respeito, a atenção, a devoção e a integridade.
Em que consiste o respeito?
O respeito consiste na decência do traje e modéstia da compostura ou atitude, sem olhares nem conversações impróprias para o lugar e ato.
Em que consiste a atenção?
A atenção consiste em ocupar-se com o que se passa no altar. Para estar atento, importar escolher lugar, se possível for, que favoreça o recolhimento, valer-se de um livro apropriado, ou acompanhar as ações do celebrante.
Em que consiste a devoção e a integridade?
A devoção consiste em unir-nos ao sacrifício do Senhor na imolação dos nossos vícios, com o voto sincero de imitar seus exemplos e cumprir seus mandamentos. A integridade consiste em ouvir a missa inteira.
Que vantagens nos traz o terceiro mandamento?
1º. Livra-nos de esquecer o nosso fim derradeiro (último) e de extrair do nosso coração pelo amor exclusivo dos bens terrenos; 2º. Proporcionar aos pobres e aos trabalhadores o tempo de reparar as forças do corpo pela cessação do trabalho, e as da alma com a oração, com a palavra de Deus e frequência dos sacramentos. Dá a todos os filhos da Igreja a oportunidade de confessar-se e de receber a divina Eucaristia, o que devem fazer a miúdo, sem tem em vista a sua salvação.
Nos domingos e dias santificados, os fiéis devem assistir aos ofícios e às instruções, e, quando lhes for possível, tomar parte em todos os exercícios religiosos, para alimentar sua devoção e, com seu exemplo, animar a de seus irmãos. Devem ouvir com respeito e atenção a palavra de Deus. Nada mais insuportável e indigno do que desdenhar ou ouvir com negligência as palavras de Jesus Cristo. Devem os fiéis empregar seu tempo em rezar e honrar a Deus, em instruir-se das coisas que podem tornar a sua conduta mais cristã, e fazer toda espécie de boas obras, socorrendo os pobres com a esmola, visitando os enfermos ou consolando os que se acham em aflição, porque, como diz S. Tiago, a religião pura e sem mácula aos olhos de Deus nosso Pai consiste em socorrer os órfãos e as viúvas que se acham em aflição (Tg. 1, 27).
Não será justo que haja dias consagrados ao culto divino em que nos ocupemos todos em conhecer e adorara a um Deus, cujos infinitos benefícios recebemos todos os dias, a toda hora?
Abençoado mandamento este que nos chama à presença de Deus, a conversar com Ele. Porquanto, por meio da oração, contemplamos a majestade de Deus e conversamos realmente com Ele. E quando escutamos aqueles que nos pregam com zelo os nossos deveres religiosos, é a voz de Deus que se nos faz ouvir pelo órgão de seus ministros; enfim, e o próprio Jesus Cristo que adoramos presente no sacramento do altar.
(Fonte: livro Manual do Christão – Goffiné, Frei Leonard Goffiné, Colégio da Imaculada Conceição, Botafogo/RJ, 10ª edição/1925, pp. 677-679 – Texto revisto e atualizado e alguns destaques acrescidos)