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26º DIA
Maria é a voz que me chama
No primeiro dia do presente mês, prometi a Maria a assiduidade em vir render-lhe minhas homenagens; no segundo dia, prometi-lhe a docilidade.
E Maria falou a meu coração; revelou-me seu amor, seu poder, sua misericórdia. Maria falou à minha Inteligência: mostrou-me, dentre suas virtudes, as que estão mais a meu alcance, e prometi ser fiel em. imitá-la.
Eis que agora escuto sua voz que me chama. — Filho: eu aprecio teus sentimentos de amor e de confiança, tua veneração e mais que tudo, teus esforços para imitar minhas virtudes; mas, tenho alguma coisa mais a pedir-te.
Queres realmente ser meu e dar-te inteiramente a mim para que te dê a Jesus Cristo?
Inteiramente, isto é, teu corpo com seus órgãos e sentidos, tendo eu a liberdade de lhe dar a vida ou de paralisá-lo? — tua alma com suas faculdades para forçá-la, de certo modo, a se empregar só no serviço de Deus? — teus méritos, tuas virtudes adquiridas, tuas boas obras, para te conservar, por certo, sua parte incomunicável, mas podendo eu dispor, para maior glória de Deus, de tudo o que é susceptível de ser comunicado a outrem?
Um de meus servos, Santo Agostinho, me chamou o molde vivo de Deus; ele disse, com exatidão, que desde que só em mim se havia formado um Deus homem, também só em mim o homem pode formar-se em Deus, tanto quanto é capaz disso a natureza humana pela graça divina.
Reflete neste pensamento, filho, e desde hoje medita nesta palavra dos Santos: assim como Deus não veio do céu à terra senão passando por Maria e dando-se todo a ela, também a alma não irá da terra ao céu sem consagrar-se inteiramente a Maria e ser levada por ela.
EXEMPLO
Uma vocação devida à Ave Maria
Nascido na ilha Maurícia, de pais ingleses e protestantes, M. Tuckwel tem em si um exemplo tocante das misericordiosas antecipações da graça. Na idade de seis anos, ouviu recitar a Ave Maria, decorou e repetiu-a diante de sua mãe. Ela ralhou e o advertiu que não repetisse mais semelhantes louvores a Maria, porque eram uma das superstições papistas. O menino obedeceu; mas, daí a algum tempo, lendo na Bíblia, acertou com a passagem de S. Lucas que narra a saudação do Anjo a Maria. Como a mãe não soube lhe resolver a dúvida, voltou a recitar a Ave Maria.
Aos 13 anos ouvindo falar contra o culto da SS. Virgem, protestou dizendo: Que contradição vossa! quando a Bíblia vos manda e a todas as gerações, glorificar a Maria e chamá-la bem-aventurada.
Ouvindo isto, sua mãe levantou-se e disse com violenta emoção: Esse menino será nossa vergonha; ele acaba católico.
De fato, logo que foi livre, M. Tuckwel se fez instruir e abraçou’ o catolicismo. Um dia que ele instava com sua Irmã para segui-lo, esta lhe disse, mostrando-lhe os filhos: Vês estes meninos, sabes que eu os amo; pois, eu preferia cravar-lhes… um punhal no coração do que deixá-los entrar nessa religião. Maria quis também triunfar desta oposição, e a venceu. M. Tuckwel viu, uma vez, sua irmã em grande consternação: seus dois filhos estavam com o crupe, a morte era iminente. Dize comigo a Ave Maria e Maria os salvará! Vencida pela dor, a mãe ajoelhou-se e disse com o irmão:
Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pobres pecadores. E seus filhos escaparam.
M. Tuckwel deixou então o seu cargo de oficial para pedir as ordens sacras. Tornou-se um sacerdote conhecido no mundo católico.
(Fonte: livro, em formato PDF, MÊS DE MARIA – Traduzido das Palhetas de Ouro, aumentada com uma coleção de Exemplos para Todos os Dias do Mês por Mons. Dr. José Basílio Pereira, com edição de Carlos Alberto de França Rebouças Júnior, Salvador-Bahia/1953)