7º DIA
Maria há de me amar sempre
Quero continuar minhas considerações de ontem.
II. Maria há de me amar sempre, porque há de ser sempre o que indicam os nomes que lhe dá a Igreja: o refúgio dos pecadores e a mãe de misericórdia.
E para que esses nomes, se não houvesse nem pecadores nem míseros?
Sois culpado, e por isso temeis ser repelido? Oh! não conheceis Maria!
Maria é a Mãe de Jesus que veio à terra não pelos justos, mas pelos pecadores como vós. Maria foi constituída, diz S. Bernardo, a dispensadora desse sangue divino, e sobre quem o derramará senão sobre os pecadores?
Sois culpado, e por isso temeis ser repelido? Oh! não conheceis Maria!
Maria tornou-se Mãe de Deus por causa dos pecadores, em favor deles! Se é assim, diz Santo Anselmo, como posso eu me entregar ao temor? Não tenho o direito de dizer-lhe: Tende piedade de mim, vós que de algum modo me deveis o que sois?
Sois culpado e por isso temeis ser repelido! Tereis acaso a vontade obstinada de viver no pecado? Certamente que não.
Então, sem dúvida, eu posso vos inspirar a confiança em Maria, que é a advogada dos pecadores e não do pecado: Pois bem diz S. Bernardo, ela está pronta a vos auxiliar; a sua proteção é a escada dos pobres pecadores, que os faz subir, suavemente, até Deus.
Vinde, pois, a Maria, vinde sem temor; não achareis em seu coração, nem em sua face, nada de austero, nada de terrível, ela oferece a todos o leite que cura e a lã que preserva do frio. Percorrei o Evangelho, e se encontrardes em Maria o menor pensamento que acuse dureza, impaciência, severidade, então admitirei a vossa hesitação em recorrer a ela. Porém, não ; Maria abre a todos os braços de misericórdia, a fim de que todos gozem de suas graças: os escravos recebendo a liberdade, os enfermos a saúde, os aflitos a consolação, os pecadores o perdão, os justos a graça, os anjos a alegria… Vamos, portanto, à sua presença, prostremo-nos a seus pés e, prendendo-a fortemente, não a deixemos ir sem que nos tenha lançado a sua bênção.
EXEMPLO
Conversão devida a N. Sra. das Vitórias
Um bom homem, por influência de uma leitura má, deixara os costumes cristãos, ao ponto de, estando gravemente enfermo, não querer ouvir falar de sacramentos. Deixou até de receber o seu digno Cura que vinha visitá-lo, só porque este, vendo-o em perigo, lhe falava em confissão. Desesperando de fazê-lo voltar a melhores sentimentos só com os seus rogos, a filha, moça piedosa, resolveu recomendá-lo às orações da Arquiconfraria de N. S. das Vitórias. Foi bastante; poucos dias depois, no dia da Imaculada Conceição, o Cura veio visitar o enfermo ; e este, não só o acolheu, mas, em presença de todas as visitas que então aí se achavam, pediu-lhe espontaneamente que viesse confessá-lo no dia seguinte. Assim recebeu todos os sacramentos, rogando mesmo aos vizinhos, que conheciam suas idéias antirreligiosas, viessem assistir à cerimônia do Sagrado Viático, para serem testemunhas da reparação, como o haviam sido do escândalo que ele tinha dado.
(Fonte: livro, em formato PDF, MÊS DE MARIA – Traduzido das Palhetas de Ouro, aumentada com uma coleção de Exemplos para Todos os Dias do Mês por Mons. Dr. José Basílio Pereira, com edição de Carlos Alberto de França Rebouças Júnior, Salvador-Bahia/1953)