Duas coisas são especialmente necessárias ao perfeito pregador: ser rico de ideias ao expor a doutrina e brilhar pela elevação de sua vida religiosa. E se o sacerdote não pode ter estas duas coisas juntas, a vida ilibada é mais importante do que a capacidade doutrinária, pois o fruto proveniente das ações vale mais que a retórica. E exemplo de uma vida luminosa é mais eficaz do que a eloquência ou a elegante oratória.
Portanto, já que os sacerdotes da Igreja são “os céus que narram a glória de Deus” (cf. Sl 19, 1), é indispensável que o pregador seja transbordante da chuva da doutrina espiritual e refulja por sua vida religiosa, à maneira do Anjo que, anunciando aos pastores o nascimento do Senhor, resplandecia de fulgurante luz e exprimia por palavras o que viera anunciar. Isto equivale ao que disse o profeta Malaquias: “Os lábios do sacerdote guardam a ciência e é da sua boca que se espera a doutrina, pois ele é o mensageiro do Senhor dos exércitos” (Ml 2, 7).
E se ele não pode ser mensageiro que com a língua desempenha perfeitamente a tarefa de pregador, seja pelo menos a estrela que emite os luminosos raios de uma vida santa. E isto justamente pelo fato de que, com sua luz, a estrela tornou mais conhecido aquilo que o Anjo anunciara por palavras aos pastores. Por isso lê-se no livro de Daniel: “Os sábios refulgirão como o esplendor do firmamento, e os que tiverem introduzido muitos (nos caminhos) da justiça luzirão como estrelas por toda eternidade” (Da 12, 3). Mas é necessário que quem não seja dotado de eloquência para pregar, refulja com maior luminosidade pelos méritos de sua vida.
➱ NOTA: Hoje, 21 de Fevereiro, celebra-se São Pedro Damião, Bispo e Doutor da Igreja (*1.007 ✞1.072 – Faenza – Itália), era um sacerdote contemplativo, de vida simples, e adepto à vida monástica.
(Fonte: Revista “Arautos do Evangelho“, número 206, Fevereiro/2019, pp. 2 e 49)