O SANTO CURA D’ARS E O CULTO EUCARÍSTICO
«Homem de penitência, s. João Maria Vianney tinha igualmente compreendido que “o padre, antes de tudo, deve ser homem de oração”. Todos conhecem as longas noites de adoração que, este jovem pároco duma aldeia, então pouco cristã, passava diante do Santíssimo Sacramento. O sacrário da sua igreja tornou-se o foco da sua vida pessoal e do seu apostolado, a ponto de não se poder evocar justamente a paróquia de Ars no tempo do Santo, senão por estas palavras de Pio XII sobre a paróquia cristã: “O centro é a igreja e, na igreja, o sacrário e, ao lado, o confessionário onde se restitui a vida sobrenatural ou a saúde ao povo cristão”.
«A oração do cura d’Ars, que passou por assim dizer os trinta últimos anos de vida na igreja onde o retinham os seus inúmeros penitentes, era sobretudo uma oração eucarística. A sua devoção para com nosso Senhor, presente no Santíssimo Sacramento do altar, era verdadeiramente extraordinária. “Está ali – dizia – aquele que tanto nos ama; por que nós não havemos de amá-lo?” E, por certo, ele amava-o e sentia-se como que irresistivelmente atraído para o sacrário. Explicava ele aos seus paroquianos: “Para bem rezar não há necessidade de falar tanto! Sabemos pela fé que Deus está ali, no sacrário; abrimos-lhe o nosso coração e sentimo-nos felizes por ser admitidos à sua presença. É a melhor maneira de rezar”. Não perdia ocasião de inculcar aos fiéis o respeito e o amor à divina presença na Eucaristia, convidando-os a aproximarem-se com frequência da Sagrada mesa; e dava-lhes exemplo desta profunda piedade: “Para se convencerem disso, referiram as testemunhas, bastaria vê-lo celebrando a missa, e fazendo a genuflexão ao passar diante do sacrário”.
“O exemplo admirável do santo cura d’Ars conserva ainda hoje todo o seu valor”, atesta Pio XII. Nada poderá substituir na vida de um padre a oração silenciosa e prolongada diante do altar. A adoração de Jesus, nosso Deus, a ação de graças, a reparação pelas nossas próprias faltas e pelas dos homens, a súplica por tantas intenções que lhe são confiadas, elevam este padre ao máximo de amor para com o divino Mestre a quem prometeu fidelidade e para com os homens que confiam no seu zelo pastoral. E pela prática deste culto, esclarecido e fervoroso para com a Eucaristia, que um padre aumenta a sua vida espiritual e se preparam as energias missionárias dos mais valorosos apóstolos.
Acrescente-se o beneficio que daí resulta para os fiéis, testemunhas desta piedade dos seus padres e atraídos pelo seu exemplo. Dizia Pio XII ao clero de Roma: “Se vós quiserdes que os fiéis orem com devoção dai-lhes vós o exemplo, na igreja, fazendo as orações na sua presença. Um padre ajoelhado diante do sacrário, numa atitude exterior respeitosa e em profundo recolhimento, é para o povo objeto de educação, um aviso, um convite à emulação na prece”. Foi esta, por excelência, a arma apostólica do jovem cura d’Ars; não duvidemos do seu valor em todas as circunstâncias.»
________________Papa João XXIII, excertos da Carta Encíclica “Sacerddotii Nostri Primordia”, Sobre o Sacerdócio no Centenário da Morte do Santo Cura D’Ars, números 24 e de 28 a 30.
☞ NOTA: Tradicionalmente, o Dia do Padre é comemorado no dia de São João Vianney, 4 de Agosto, mas no Brasil, comemora-se no Primeiro Domingo de Agosto (Mês das Vocações).
(Fonte: site Vaticano – A Santa Sé)