Reinado do Coração de Jesus

PRIMÓRDIOS DA DEVOÇÃO AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS

Continuação do post anterior.

PRIMÓRDIOS DA DEVOÇÃO AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS

Continuação …

O DISCÍPULO AMADO

S. João é o apóstolo do amor. Com seu olhar do águia penetra, escruta os mistérios mais profundos da Divindade, e, com alma ardente de amor, se ama, se esforça em narrar aqueles fatos, que descobrem a caridade imensa do Salvador.

Só S. João nos refere a conversa de Jesus com Nicodemos, na qual o Divino Mestre põe em evidencia o grande amor do Pai em dar ao mundo o seu Filho no mistério da Encarnação. (S. João III, 16)

Ele nos narra a conversação de Jesus com a Samaritana. «Se tu conhecesses o dom de Deus e quem é aquele que te pede de beber, disse Jesus à mulher que veio ao poço».(S. João IV, 10) Ele nos descreve o perdão concedido por Jesus à mulher culpada. «Mulher ninguém te condenou? pergunta-lhe o Salvador: eu também não te condeno, vai em paz; não peques mais». (S. João VIII, 1-11)

S. João nos fala do pão vivo, do pão eucarístico e da sua necessidade para a vida das almas. O mesmo apóstolo nos descobre a razão do seu grande amor a Jesus, quando nos repete por quatro vezes que o Divino Mestre amava-o com preferência, e como prova desta preferência, nos recorda o singular privilégio que gozou de repousar a cabeça sobre o peito do Salvador nos últimos momentos de sua vida mortal. (S. João XIII, 23)

Jesus amava todos seus apóstolos, todos lhe eram caros; mas tinha predileção por S. João. João era o mais moço; era dos que foram chamados primeiramente a seguir o Salvador. Os companheiros sabiam-no o predileto; mas não tinham ciume nem inveja. Não tinha porventura Jesus o direito de distribuir suas graças, segundo os conselhos e as inclinações do seu Coração?

NO CENÁCULO

Achava-se Jesus no Cenáculo com seus discípulos. Iam cear. Ainda mais: ia Ele preparar-nos a grande ceia das almas. S. João fala do grande mistério por estas palavras: «Tendo – o Salvador – amado os seus que estavam no mundo, os amou até o fim». Quer dizer que os amou com amor extremo, como não podia ser maior o amor. (S. João XIII, 1)

Por este motivo, Ele tivera o mais ardente desejo de comer esta páscoa com eles, antes de começar sua paixão. Estando à mesa, Jesus sente o peso da ingratidão monstruosa do discípulo traidor: se o Coração sente um aperto extraordinariamente forte, sua figura divina fica cheia de tristeza. Ele precisava desabafar-se. «Tendo dito aquelas palavras, Jesus ficou perturbado no seu interior e protestou e disse: na verdade, na verdade vos digo que um de vós me há de trair».(S. João XIII, 21)

João chega-se a Jesus, o contempla, o compreende, avalia a intensidade da dor do seu Coração Divino e com filial afeto se reclina docemente sobre o peito do Mestre, como quem queria sentir suas pulsações, medir sua dor e protestar-lhe sua fidelidade em reparação da traição de Judas.

E não deve ser este um ato passageiro: ele se demora assim por algum tempo: é o amigo que se aperta ao peito amigo no momento solene da tristeza, na hora suprema do Adeus e da separação. Um anjo há de confortar Jesus no horto; um outro anjo consola-O neste instante com a cabeça reclinada sobre seu peito adorável.

«E um dos discípulos repousava sobre o peito de Jesus e Jesus o tinha como dileto amigo». Sobre o peito João está cheio de compaixão do amigo Divino e dá-Lhe tudo quanto pode dar um alma cheia de amor.

Não só ele dá, mas recebe ainda mais do que dá. Junto à fonte do amor, sobre o Coração de Jesus, ele tira dela o mais que pode, fica inebriado e um dia virá em que repetirá ás almas as palavras saídas daquele Coração. Depois da ceia, ele há de dar a conhecer o magnífico discurso de Jesus e tornará conhecido o excesso de amor que Jesus teve por nós, instituindo o Sacramento da Eucaristia. João não é o historiador do Santíssimo Sacramento, nem é o filósofo, nem o teólogo: não fala do fato, não se ocupa do rito da instituição; ele só diz que o Salvador com este divino achado, atingiu a maior altura a que o amor podia subir, alem da qual não é possível ir.

Pergunta Baunard: porventura podia outro que não fosse o discípulo amado chegar a “tanta sublimidade de doutrina? E responde: os Santos Padres da Igreja acreditam que não. Essa sublimidade só poderia ser adquirida na fonte mesma da Divindade, naquela noite misteriosa e solene em que João repousou sobre o Divino peito.

Boussuet, fiel interprete dos Santos Padres, diz expressamente que Jesus Cristo na última ceia deu seu Coração ao discípulo do amor.

_________Continua…

(Fonte: livro, em formato PDF, EU REINAREI A Devoção ao Sagrado Coração de Jesus no seu desenvolvimento histórico, Pe. Fernando Piazza dos Menores dos Enfermos, tradução do Dr. Alberto Saladino Figueira de Aguiar, Escolas Profissionais do Lyceu Sagrado Coração de Jesus, São Paulo/1932, Cap. III – Os Fatos de Evangelho, pp. 54-57, obtido do blog Alexandria Católica – Texto revisto e atualizado)

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