SÃO BERNARDO DE CLARAVAL: SEGUNDO SERMÃO PARA A FESTA DE TODOS OS SANTOS
“Corramos para os irmãos que nos esperam”
Que aproveitam aos santos o nosso louvor, a nossa glorificação e até mesmo esta solenidade? Para quê tributar honras terrenas a quem o Pai celeste glorifica, segundo a promessa verdadeira do Filho? De que lhes servem os nossos elogios? Os santos não precisam das nossas homenagens e nada podemos oferecer-lhes com a nossa devoção. Realmente, venerar a sua memória interessa-nos a nós e não a eles.
Por mim, confesso, com esta evocação sinto-me inflamado por um desejo veemente.
O primeiro desejo que a recordação dos santos desperta ou aumenta em nós é o de gozar da sua tão amável companhia, de merecermos ser concidadãos dos espíritos bem-aventurados, de sermos integrados na assembléia dos patriarcas, na falange dos profetas, no senado dos apóstolos, no exército dos mártires, na comunidade dos confessores, nos coros das virgens; enfim, de nos reunirmos e nos alegrarmos na comunhão de todos os santos.
Aguarda-nos aquela Igreja dos primogênitos e nós ficamos insensíveis; desejam os santos a nossa companhia e nós pouco nos importamos; esperam-nos os justos e nós parecemos indiferentes.
Despertemos, finalmente, irmãos. Ressuscitemos com Cristo, procuremos as coisas do alto, saboreemos as realidades celestes. Desejemos os que nos desejam, corramos para os que nos aguardam, preparemo-nos com as aspirações da nossa alma para entrar na presença daqueles que nos esperam. Não devemos apenas desejar a companhia dos santos, mas também a sua felicidade, ambicionando com fervorosa diligência a glória daqueles por cuja presença suspiramos.
Desejemos, pois, esta glória com total e segura ambição. Mas para podermos esperar tal glória e aspirar a tamanha felicidade, devemos desejar também ardentemente a intercessão dos santos, a fim de nos ser concedido por sua intercessão o que as nossas possibilidades não alcançam.
_______Sermo 2 In Omnium Sanctorum
(Fonte: site O Caminho Cisterciense – Na Escola de Cristo)