Rito TradicionalSabedoria dos Santos

SERMÃO DE SÃO BOAVENTURA, BISPO

(Quarta-feira Santa)

São Boaventura, Bispo e Doutor Seráfico

SERMÃO DE SÃO BOAVENTURA, BISPO

(Quarta-feira Santa)

Quando Cristo sofreu na cruz para nos purificar, lavar e resgatar, a bem-aventurada Virgem estava presente, aceitando a vontade divina e conformando-se com ela; e aprouve-lhe que o fruto do seu seio fosse oferecido na cruz por nós.

Pagou aquele resgate como corajosa e pia, de piedade respeitosa para com Deus. Daí o que está nos Provérbios: Enganadora é a beleza e vã é a formosura, a mulher que será louvada é a que teme a Deus. (Prov. 31, 30) Foi louvada Ana, porque ofereceu a Samuel; ela ofereceu o filho para ser servo, ao passo que a bem-aventurada Virgem ofereceu o seu para ser crucificado. Ó Abraão, quiseste oferecer teu filho, mas o que ofereceste foi um carneiro! Enquanto a gloriosa Virgem ofereceu seu Filho. É louvada a viúva pobrezinha, que ofereceu tudo quanto tinha; mas esta mulher, isto é, a Virgem gloriosa, misericordiosíssima, piedosa e dedicada a Deus, ofereceu todo seu haver.

Pagou aquele preço a Virgem gloriosa, forte e boa, por piedade de compaixão com o Cristo. Em João está: A mulher, quando dá a luz, tem tristeza, porque chegou sua hora. (Jo 16, 21) A bem-aventurada Virgem não teve dor anterior ao parto, porque não concebera pelo pecado como Eva, a quem foi dada a maldição; mas teve dor depois, na cruz. Nas demais mulheres, a dor é do corpo; nesta, é do coração; nas outras, é dor de corrupção; nesta é dor de compaixão e amor.

Saldou aquele resgate a bem-aventurada Virgem, como forte mulher e piedosa, com piedade de compaixão pelo mundo e, sobretudo, pelo povo cristão.

Acaso pode a mulher esquecer-se de sua criança, a ponto de não ter pena do filho de suas estranhas? (Is 49, 13) Aqui pode-se compreender que todo o povo cristão é fruto do seio da gloriosa Virgem.

Oh! que mãe bondosa temos! Tornemo-nos semelhantes à nossa mãe e imitemos sua bondade. Tanto se compadeceu de nossas almas que reputou em nada seu dano temporal e seu sofrimento corporal. Por conseguinte, consintamos em crucificar nosso corpo por amor à salvação de nossa alma. Fomos remidos por alto preço. (I Cor. 6, 20) Não vos torneis escravos dos homens (I Cor. 7, 23) nem dos demônios nem dos pecados.

(Fonte: livro Ofício Marial Lecionário, Editora FTD S/A, 1965, Leitura da Quarta-feira – Semana Maior, pp. 298/299)

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