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2 DE JULHO – FESTA DA VISITAÇÃO DE MARIA SANTÍSSIMA

2 DE JULHO – FESTA DA VISITAÇÃO DE MARIA SANTÍSSIMA

Visitação de Nossa Senhora (Imagem: Catholic Restoration)

A Visitação de Maria SS. à sua prima Isabel é a continuação, ou como o Corolário sobrenatural, da Anunciação.

O anjo havia dito a Maria que sua prima Isabel tinha concebido um filho, o Precursor do Messias.

Como o Verbo encarnado quis santificá-lo antes de nascer, moveu o zelo da Virgem Mãe a ir, sem demora, visitar sua prima.

Maria empreendeu esta viagem de Nazaré a Hebron, distante de 25 léguas ao sul, provavelmente em companhia de São José, ou tomando parte em alguma caravana de Galileus que se dirigiam para Jerusalém.

Isabel era esposa de Zacarias, sacerdote, e já de idade avançada, sem esperança alguma de ter descendente.

Era prima de Maria SS. pelo seguinte parentesco: o seu avô, Matan tinha 4 filhos: Maria, Sobé, Ana e Jacó. Maria é mãe de Salomé, mulher de Zebedeu. Sobé é mãe de Santa Isabel, esposa de Zacarias. Ana é Mãe de Maria Santíssima.

Jacó é pai de Cléofas e de S. José.

Deste modo, Salomé, Santa Isabel, Maria SS., Cléofas e São José são todos quatros primos em primeiro grau, como os filhos destes o são em segundo grau.

Estes filhos são:

Salomé, mãe de S. Tiago maior e S. João Evangelista.

Sta. Isabel, mãe de S. João Batista.

Maria SS. Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Cléofas, pai de S. Tiago menor, José,, Judas. Simão, Salomé e Maria.

Estas noções esclarecem a significação de tais termos empregados no Evangelho, falando dos irmãos de Jesus; tais irmãos são simplesmente primos em segundo grau. Conforme o modo de falar dos judeus, que chamavam pelo nome de irmãos todos os parentes até ao quarto e quinto grau.

EVANGELHO (Lucas 1, 39-47)

39 – Naquele tempo, levantando-se Maria foi com pressa às montanhas, a uma cidade de Judá.

40 – E entrou em casa de Zacarias, e saudou a Isabel.

41 – E aconteceu que apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino exultou no seu ventre: e Isabel ficou cheia do Espírito Santo.

42 – E exclamou em alta voz, dizendo: Bendita és tu entre as mulheres, e bendito é o Fruto do teu seio.

43 – E donde a mim esta dita que a mãe de meu Senhor venha ter comigo?

44 – Porque logo que a voz da tua saudação chegou aos meus ouvidos, o menino exultou de alegria no meu ventre.

45 – E Bem-aventurada és tu que creste, porque se cumprirão as coisas que da parte do Senhor te foram ditas.

46 – E Maria disse: A minha alma glorifica no Senhor.

47 – E o meu espírito exulta (de alegria) em Deus meu Salvador.

OS ENSINAMENTOS DA VISITAÇÃO

O Evangelho da Visitação é o complemento da Anunciação, e pode ser intitulado o Evangelho do Culto de Maria.

A Anunciação nos revela a grandeza da Mãe de Deus; a Visitação nos mostra o culto a que tem direito esta grandeza.

A Anunciação relata o realizar da Encarnação;

A Visitação mostra as consequências desta Encarnação.

Não podemos, de uma vez, meditar, as diferentes fases desta cena admirável, por isso vamos excluir o Hino sublime do Magnificat e concentrar a nossa atenção sobre as duas faces da cena:

I – A saudação de Maria e seus efeitos;

II – O culto prestado a Maria por Isabel.

I – A SAUDAÇÃO DE MARIA E SEUS EFEITOS

O Evangelho, depois de narrar o colóquio do Arcanjo com a Virgem SS., diz que ela se foi com pressa a uma cidade de Judá e entrando em casa de Zacarias, saudou a Isabel e ouvindo esta tal saudação, o menino que Isabel trazia no seio exultou de alegria.

Temos aqui a saudação da Virgem e os efeitos de tal saudação.

É a única vez em todo o decurso da vida de Maria que notamos uma certa pressa, o que contrasta com a reserva e a calma virginais de seu caráter.

Compreende-se logo que Maria obedece a uma ordem divina, ou pelo menos a u m impulso divino, dado pelo Verbo Eterno que nela encarnou.

Ela tem uma missão a cumprir, e até uma missão urgente.

Esta missão é santificar o Precursor é a libertação de João Batista, do pecado original, pois Isabel estando grávida, havia seis meses, e Deus querendo santificar João no seio materno, havia pressa para fazê-lo antes que nascesse.

É um espetáculo admirável ver esta jovem de 16 anos, bela e tímida como é bela a virgindade que lhe reflete no olhar, fazendo esta viagem penosa de uns 5 a 6 dias, levando em seu coração e em seu seio o Criador do mundo!

É desconhecida dos homens, apenas acompanhada de um nobre ancião que é S. José, ou por uns parentes viajando em caravanas regulares, porém, seguida pelo olhar dos anjos e do próprio Altíssimo.

Chegando a Hebron, Maria entra em casa de sua prima, esposa de Zacarias, saúda-a dizendo: – A paz seja convosco, e ambas estas mulheres: uma, senhora idosa, curvada pelos anos; a outra, jovem de uma singeleza encantadora e suave, caem nos braços uma da outra, enternecidas, como se fossem mãe e filha que se encontram após uma longa separação.

Maria queria dar os parabéns a Isabel pela graça recebida de Deus de ela ter sido escolhida para ser a mãe do Precursor, mas antes que ela possa falar, o Espírito Santo toma a dianteira e inspirando Isabel, esta canta a grandeza da sua prima, escolhida por Deus, como Mãe do Redentor.

Depois de ter louvado e exaltado a Virgem como Mãe de Deus, indica a razão da sua imensa alegria, assinalando os efeitos da saudação da sua jovem parente.

Porque logo que a voz da tua saudação chegou aos meus ouvidos, o menino exultou de alegria em meu seio.

É a tradição não interrupta da Igreja, desde a sua origem, que neste instante, João Batista foi purificado do pecado original e santificado nas entranhas de sua mãe.

De fato, esta exaltação de João, correspondendo à saudação de Maria e inspiração do Espírito Santo em Santa Isabel, estão indicados como da mesma ordem, isto é sobrenatural.

É assim que Isabel o entende, pois, ela diz que é pela exultação de seu filho que reconhece a Mãe de seu Senhor, como se conhece a causa pela produção do efeito.

Notemos ainda esta expressão do Espírito Santo: O menino exultou de alegria – exultavit in gaudio.

Uma simples exultação podia fazer suspeitar um efeito natural, porém, uma exultação de alegria supõe necessariamente uma pessoa desligada do pecado e feita amiga de Deus.

O pecador pode exultar mas não; exultar de alegria pela presença de Deus. Tal alegria é a manifestação da amizade que reina entre os dois, é o sinal da graça divina.

A saudação de Maria produziu este tríplice efeito:

Purificou João do pecado original;

Santificou-o como Precursor do Messias;

Encheu Isabel do Espírito Santo.

II – O CULTO PRESTADO A MARIA POR ISABEL

É a segunda fase desta cena admirável.

Estamos aqui em frente do primeiro milagre operado por Jesus Cristo na terra, e este milagre foi operado por meio da voz da Virgem SS.

Ela vai agora proclamar em alta voz “voce magna” ó culto que devemos a este órgão do poder divino, a esta mulher bendita, por cujas mãos imaculadas passam as graças divinas.

Cheia do Espírito Santo, Isabel exclama pois. dirigindo-se a Maria:

Bendita és tu entre as mulheres, e bendito é o Fruto de teu seio.

Na Anunciação, quando o Arcanjo saudou a Maria, o Verbo Eterno não havia encarnado ainda, e a Virgem não era ainda Mãe de Deus, mas agora o é: o Verbo Eterno já tomou corpo em suas puras entranhas, eis porque não basta mais aclamar a Maria como Bendita, mas é preciso aclamar ainda bendito o fruto de seu seio.

Como tudo isto é admirável, e como se sente em cada palavra a inspiração divina!

Aclamou a Maria e a Jesus, a Mãe e o Filho, eis, portanto, o primeiro ato do culto que Isabel prestou a Deus e a sua Mãe Imaculada: o culto de louvor.

* * *

Isabel continua, sempre com a grande voz, para que todos os séculos possam ouvi-la: – E donde me vem a dita que a Mãe de meu Senhor venha ter comigo?

É nova revelação!

Isabel era em tudo superior a Maria: pela idade, pela posição social, pelo seu matrimônio com Zacarias, pela aparição de um anjo, anunciando-lhe o nascimento do Precursor, e, entretanto, se humilha perante a jovem prima, que exteriormente era desposada com um simples carpinteiro pobre e desconhecido na sociedade.

Isabel acha-se indigna de receber a visita de sua prima, a quem proclama: Mãe de seu Senhor.

Há neste termo: Donde me vem a dita que tu vens a mim uma analogia significativa, comparando-o à expressão que João Batista usará mais tarde, recebendo a visita do Salvador: Tu vens a mim sou eu que devia ser batizado por ti. (Mt. 3, 14). Et tu venis ad me?!

Citando estas duas expressões em circunstâncias idênticas, o Espírito Santo, nos mostra não somente a filiação moral de João Batista, e de Isabel, mas também a de Jesus e de Maria, associados em suas homenagens.

É a segunda proclamação do culto devido à Virgem Santa: o culto à grandeza da Mãe de Deus.

* * *

Isabel termina sua proclamação numa terceira frase profética: – E bem-aventurada és tu que creste, porque se cumprirá o as coisas que da parte do Senhor te foram ditas.

Quais são estas cousas ditas, ou feitas?

Não é a Encarnação: já estava realizada.

Não é a maternidade divina: já era um fato.

Quais são pois estas promessas?

A extensão do reino de Jesus Cristo.

A salvação do mundo.

A sua mediação universal.

Tudo isso era imputável a Maria e lhe valia este culto de louvor, de grandeza e de intercessão, que Isabel lhe tributa oficial e publicamente em alta voz.

A razão porque Maria é bem-aventurada é que creu, é a sua fé viva, sem hesitação.

Não é somente por ter recebido o Verbo Eterno em seu seio e tê-lo amamentado com o seu leite virginal, como a exaltou esta mulher do Evangelho, cuja exclamação Jesus retificou, mas como o fêz entender Jesus Cristo nesta ocasião, é ter crido na palavra de Deus, e ter conformado a sua vida com esta palavra.

III – CONCLUSÃO

Recolhendo os numerosos ensinamentos da festa da Visitação, lembremo-nos de que as ações do Salvador têm sempre uma finalidade sobrenatural: são princípios e como amostras do seu modo de agir com os homens.

Jesus Cristo é a lei viva e basta um único ato dele para estabelecer uma lei.

Deste princípio devemos recolher dois ensinamentos:

1 – Que todas as graças passam pelas mãos de Maria.

2 – Que devemos a Maria, a exemplo de Isabel, o culto de honra, de dignidade e de intercessão. Estas conclusões dimanam diretamente das verdades que acabamos de contemplar.

É uma lei que as obras de Deus são sem retrospecção, de modo que o que Ele faz uma vez, continua a fazer nas mesmas circunstâncias.

O primeiro ato de Jesus encarnado foi um ato de santificação, por intermédio de Maria.

Jesus dá a Maria parte integrante no nascimento espiritual de João, como teve parte no mistério da Encarnação.

Ora, João Batista representava nesta hora, a Igreja e todos os eleitos, conforme ficou dito que, ele foi enviado por Deus, para que todos cressem nele – ut omnes crederent per illum. (Jo. 1, 7).

Logo, Jesus Cristo quer mostrar que Maria SS. Coopera no nascimento espiritual de todos os fiéis.

Eis o direito de Maria, vejamos agora o nosso dever para com ela.

O Arcanjo proclamou a grandeza da Mãe de Deus.

Isabel mostra e pratica o culto que lhe devemos.

O culto de louvor: bendita entre todas as mulheres.

O culto da grandeza: é a Mãe de Deus.

O culto de intercessão: é por ela que João é santificado.

Que página sublime sobre o culto da Mãe de Jesus!

É o Evangelho da sua exaltação, da sua grandeza e da sua mediação universal.

Ó Virgem SS., ressoe a vossa voz a nossos ouvidos para produzir em nós a obra da santificação das nossas almas e excitar em nós uma grande e terna devoção para convosco!

(Fonte: in, O Evangelho das Festas Litúrgicas e Dos Santos Mais Populares, Pe. Júlio Maria Lombaerd, Editora O Lutador, 2ª edição/1952, 45ª Instrução, pp. 251-259 – Texto revisto e atualizado e destaques acrescidos)

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