Mariologia

8 DE SETEMBRO – NATIVIDADE DA SANTÍSSIMA VIRGEM MARIA

8 DE SETEMBRO – NATIVIDADE DA SANTÍSSIMA VIRGEM MARIA

Natividade de Nossa Senhora (imagem: reprodução da internet)

PREPARAÇÃO. “Quem é aquela que vem ao mundo como a aurora?” pergunta o Espírito Santo (Cant 6, 9). Nós a conheceremos pela grandeza dos seus destinos. Consideremos, pois: os destinos de Maria e os nossos; os deveres que deles dimanam para ela e para nós. – Renovemo-nos na disposição de corresponder fielmente às graças divinas; por essa prática chegaremos à santidade à qual somos chamados. Elegit nos in ipso ante mundi constitutionem ut essemus sancti (Ef 1, 4).

1º Os destinos de Maria e os nossos

Maria, ao nascer, recebeu de Deus a missão de santificar-se e trabalhar na salvação do gênero humano. Para esse fim, recebeu desde a sua conceição, um cabedal de graça, superior ao dos anjos e santos reunidos, um cabedal que a elevou acima das criaturas, a fez medianeira universal entre o céu e nós. Mãe de Deus e Mãe dos homens, deve necessariamente estar à altura dessas duas prerrogativas, por uma santidade supereminente e uma poderosa intercessão proporcionada às nossas precisões.

Filha do Pai e esposa do Espírito Santo, foi-lhe mister adquirir as mais sublimes virtudes e tornar-se um canal digno dos desígnios de seu celeste esposo, que por ela quer santificar a humanidade decaída. A sua perfeição deve enfim corresponder ao esplendor do trono que lhe está preparado à destra do seu divino Filho. Tais destinos exigem os dons, os privilégios mais escolhidos, como Maria os recebeu, e uma fidelidade sublime em relação a essas prerrogativas como a exerceu a Virgem sem mancha.

Nós também, guardada a proporção, viemos ao mundo para santificar-nos e conduzir outros à salvação. Para isso o Senhor deu-nos no batismo um cabedal de fé, de esperança, de caridade, de virtudes e dons celestes que devemos valorizar. Ajuntou ainda numerosos privilégios: o da filiação em Jesus Cristo ou da adoção divina; o da união e semelhança com Jesus, a videira mística e nosso adorável modelo; o da habitação substancial e permanente do Espírito Santo em nós.

Nestas condições e com as graças atuais a nós concedidas cada dia, é-nos bem fácil cumprir o nosso destino. Temo-lo feito até agora? Ah! quantas exprobrações merecidas poderia Deus dirigir-nos! Já desde a infância, durante a adolescência e, mais tarde ainda, esquecendo o nosso fim último, procedemos como se não dependêssemos de Deus, tomando por lei as nossas ideias e a nossa vontade própria!… Deploremos esses desvarios, e resolvamo-nos a redobrar de fervor durante o pouco tempo que nos separa da eternidade.

Meu Deus, preservai-me da desgraça de resistir às vossas luzes, aos vossos atrativos, aos bons movimentos que me vêm de vós. Ora inspirais-me fugir de tal perigo, de tal leitura, de tal pessoa, de tal perda de tempo; ora dais-me o desejo de velar, orar, mortificar tal ou tal defeito. Ah! Quantas vezes tenho frustrado o efeito desses convites para a virtude! Ah! Se lhes tivesse correspondido desde a infância, haveria já adquirido a perfeição dos santos. Dai-me, pois, a mais perfeita fidelidade em recolher-me, em ouvir a vossa voz e em obedecer-vos em todas as minhas ações e em toda a minha vida.

2º Os deveres de Maria e os nossos

Do sublime destino de Maria emanava para ela a obrigação de corresponder-lhe em todos os instantes da sua existência terrestre; e ela jamais perdeu a mínima parcela do tempo da sua admirável vida; empregou-o todo, sem interrupção alguma, em produzir os mais belos atos de virtudes. Digamos melhor: desde a sua conceição imaculada até a sua santa morte, foi um só ato sempre crescente e consumado até à união mais estreita que jamais houve com o soberano Bem.

Se não podemos aproximar-nos de tão perfeito modelo, não somos, por isso, menos obrigados a tender à sua imitação. Deus deu-nos a vida presente como um tesouro a despender não segundo os nossos caprichos, mas unicamente segundo as suas intenções e desígnios sobre a nossa alma. Ora, ele quer de nós uma tendência e um trabalho contínuos para a nossa perfeição. Que diríamos de um servo a quem o seu senhor confia uma soma de dinheiro para se procurar os alimentos necessários, e que o emprega em vaidades e nos prazeres? Que pensar, pois, de vós, que perdeis o vosso tempo na tibieza e na futilidade, em vez de o consagrar à vossa santificação?…

A vida nos é dada ainda como um campo a cultivar. Cada dia assemelha-se ao sulco onde semeamos os nossos pensamentos, desejos, intenções, afeições e todas as nossas ações. O germe cresce, produz fruto bom ou mau de acordo com as nossas disposições. O bem transforma-se em messe de méritos para a eternidade; o mal torna-se o joio destinado ao fogo pela justiça divina. Importa-nos, pois, semear sempre de acordo com a fé e a graça. Para esse fim imitemos a santa menina, cuja natividade hoje celebramos e a seu exemplo: olhemos o nosso Criador como nosso primeiro princípio e último fim, agradecendo-lhe sem cessar os benefícios e referindo tudo à sua glória; 2º vivamos em constante união com ele, união baseada sobre a humildade e a fé em suas grandezas; união fortalecida pela confiança e pelo abandono à sua direção, e aperfeiçoada pelo amor filial pronto a todos os sacrifícios.

Ó Virgem santa, desde a vossa entrada no mundo, não me desprezeis e fazei-me puro aos olhos do Senhor. Eu lhe consagro, como a vós e convosco, todo o meu espírito, todo o meu coração, todos os instantes da minha vida. Ensinai-me a pensar sempre nele e a dirigir para ele todas as minhas aspirações, toda a minha atividade. Ajudai-me especialmente a oferecer-lhe as minhas penas e a sofrer com gosto por seu amor.

(Fonte: in Meditações Para Todos os Dias do Ano, R. P. Bronchain, C.SS.R, traduzidas da 13ª edição francesa pelo R. P. Oscar Chagas, C. SS.R., Tomo Terceiro, Editora Vozes, 1940, pp. 30-32, obra em formato PDF obtida do blog Alexandria Católica. Texto revisto, atualizado e com destaques acrescidos)

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