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VIGÍLIA DA FESTA DA ASSUNÇÃO DA BEATÍSSIMA VIRGEM MARIA AO CÉU, EM CORPO E ALMA

VIGÍLIA DA FESTA DA ASSUNÇÃO DA BEATÍSSIMA VIRGEM MARIA AO CÉU, EM CORPO E ALMA

Assunção da Santíssima Virgem Maria (Imagem: blog Sacra Galeria)

Esse mistério de que a soberana Virgem, há poucos dias de seu felicíssimo trânsito, ressuscitou e foi assunta à Celestial Jerusalém em seu próprio corpo imutado com todos os dotes de glória não é de fé Divina, pois não temos dele escritura expressa, nem definição da Igreja*. Está, porém, tão firmemente assentado no sentir comum dos fiéis, na autoridade dos Sagrados Doutores, assim latinos como gregos, na clara razão e boa teologia, e em várias revelações que pessoas santas tiveram acerca dessa verdade que o duvidar dela seria temeridade escandalosa, principalmente parecendo este pio sentir o mesmo que tiveram os Sagrados Apóstolos, quando no sepulcro da Senhora acharam menos seu virginal corpo, e somente as roupas em que envolto o tinham ali depositado.

* A Assunção de Maria Santíssima foi definida pelo Papa Pio XII, em 1º de novembro de 1950, pela Constituição Apostólica Munificentissimus Deus, e o autor do presente texto, Pe. Manuel Bernardes, viveu de 1644 a 1710.

A história refere S. João Damasceno**. E foi que a ilustríssima e piíssima virgem Pulquéria, irmã do imperador Teodósio, o Menor, e esposa do imperador Marciano, como era devotíssima da Virgem Senhora Nossa, edificou em honra da mesma Senhora um templo magnificentíssimo em Constantinopla, para o qual intentou trasladar de Jerusalém as relíquias da mesma Senhora, parecendo-lhe que estariam ainda no Getsêmani, no vale de Josafat, onde os Sagrados Apóstolos (como era fama) as tinham depositado. Chamando, pois, ao patriarca de Jerusalém, Juvenal, que naquele tempo tinha vindo da Palestina ao Concílio Calcedonense, lhe comunicou o seu desígnio, entendendo conduziria mais segura e decentemente tão precioso penhor. Porém, a essa proposta lhe respondeu logo o patriarca: Na Divina Escritura nada se acha escrito da morte da Virgem Maria Mãe de Deus; mas sabemos, por antiga e verdadeira tradição, que no tempo do seu glorioso trânsito, os Apóstolos, que repartidos pelo mundo andavam ocupados na pregação evangélica, foram em brevíssimo tempo trazidos pelos ares onde a Virgem estava, e assistiram à sua cabeceira, até que entregou sua bendita alma nas mãos de seu Filho. Depois de morta, levaram o sagrado corpo ao lugar chamado Getsêmani, onde foi depositado, e por três dias contínuos se ouviram ali músicas celestiais, com que os Anjos o veneravam. No fim dos quais, como cessasse essa veneração angélica, e o apóstolo S. Tomé, que não se havia achado presente à despedida da Virgem, instasse que se abrisse o sepulcro, para consolar-se ao menos com a vista, venerando o corpo defunto, com efeito se abriu a seus rogos; e então viram todos que já ali não estava o sagrado penhor, mas somente as roupas em que fora envolvido, espalhando suavíssima fragrância. E maravilhados do mistério (este é agora o ponto que estabelece a sobredita verdade) só isto puderam imaginar e ter para si, que o Senhor, que se havia agradado de tomar substância humana daquele corpo, deixando-o inteiro em sua Conceição e Nascimento e mais ilustrada sua virgindade, se agradou também de honrá-lo com transladação gloriosa, antes da universal ressurreição dos mortos. Isso é o que referiu da tradição antiga aquele patriarca à imperatriz Pulquéria, com o que ela cessou do seu intento.

** Orat. 2 de B. Mariae Assumptione.

(Fonte: livro Meditações sobre os Principais Mistérios da Virgem Santíssima Nossa Senhora, Padre Manuel Bernardes, Editora Pinus, 1ª edição/2010, Meditação XIV, pp. 242-243 – O título da postagem é nosso)

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