MARIA, NOSSO PERPÉTUO SOCORRO
MARIA CONSERVA-NOS, A TODO INSTANTE, A VIDA DA GRAÇA
Encarnando-se e morrendo por nós, o Verbo divino fez-nos passar da morte do pecado para a vida sobrenatural. Ora, ele associou a Santíssima Virgem a essa maravilhosa regeneração. Como Mãe de Jesus, ela tornou-se, segundo Santo Agostinho, a Mãe de todos os seus membros, isto é, das almas que formam o seu corpo místico. Ela nos deu à luz espiritualmente no Calvário, onde Jesus nos deu a vida da graça e proclamou sua Mãe a nossa Mãe; e ela o foi por seus dons e por sua caridade.
Desde então esta Mãe incomparável está cheia de solicitude incessante por nossa salvação; vê em nós o sangue de seu Filho que nos regenerou e que nos dá uma vida mais preciosa que todas as vidas corporais dos homens. Esta vida, que é a de Deus nos corações, Maria trabalha para no-la conservar e aperfeiçoar e não se dá descanso enquanto não a recuperarmos depois de perdida. Para este fim ela recebeu do Pai celeste, em nosso favor, todo o depósito das graças da Redenção; por isso vem em nosso auxílio e enriquece-nos de bens a todos os instantes da nossa peregrinação terrestre. Daí o seu belo título de Mãe do Perpétuo Socorro, título inseparável do de Mãe das nossas almas, pois que a nossa vida sobrenatural se alimenta das fontes que a produziram, isto é, em Jesus, plenitude dos bens celestes e em Maria, canal constante que no-los transmite. Como o riacho fornece às plantas as águas necessárias à sua subsistência, assim a divina Mãe nos comunica os socorros indispensáveis à nossa vida espiritual; é como essa vida necessita de uma assistência contínua, o socorro de Maria é para nós sem interrupção, quando lhe suplicamos sem cessar. Non Ímpediaris orare semper.
Esta doutrina é de moldo a nos inspirar confiança nesta terna Mãe. Jamais ela esquecerá as angústias do seu coração materno, as que nos proporcionaram a vida divina: jamais deixará perecer os que a imploram e que lhe custaram o sangue de seu Filho. Guardemo-nos, pois, de toda pusilanimidade, pensando nela; de toda hesitação, orando; de toda desconfiança na sua mediação, proteção e assistência contra os inimigos. Mãe querida, como poderíeis deixar-nos cair no pecado que é a morte da alma; após terdes visto o vosso divino Filho expirar sobre a cruz para dele nos preservar? Ah! perdi no passado a vida da graça porque deixei de invocar-vos. Proponho-me suplicar-vos de hoje em diante a fim de viver sempre sob a vossa direção. Fazei que eu compreenda bem: 1º a felicidade de perseverar em vossa santa amizade e de assim ser o filho adotivo do Pai celeste e o herdeiro do seu reino; 2º a desgraça dos que vivem e morrem no pecado mortal e são excluídos para sempre da filiação divina e da assembleia dos eleitos. Recordai-me sempre estas duas verdades para que sempre vos invoque e confie em vós. Amém
(Fonte: in Meditações Para Todos os Dias do Ano, R. P. Bronchain, C.SS.R, traduzidas da 13ª edição francesa pelo R. P. Oscar Chagas, C. SS.R., Tomo Segundo, Editora Vozes, 1940, Meditação do dia 24 de Maio, pp. 411-413, obra em formato PDF obtida do blog Alexandria Católica. Texto revisto, atualizado e com destaques acrescidos)