Catolicismo

DOMINGO DA RESSURREIÇÃO

DOMINGO DA RESSURREIÇÃO
Estação em Santa Maria Maior

É esta festa, de todas a primeira e a mais augusta, o dia do Senhor por excelência.

Páscoa quer dizer Passagem. Por ordem de Deus, os Judeus a celebravam com a maior solenidade, em memória de sua libertação do Egito e dos milagres que operara o Senhor, mandando o Anjo exterminador para imolar os primogênitos dos egípcios, até que o faraó deixasse partir os Hebreus. O mesmo Anjo do Altíssimo guiou-os, assinalando-lhes os passos com maravilhas, até a terra prometida a Abraão e à sua posteridade, que já então formava nação numerosa, para sempre célebre. Havia de ser sua história, ao decorrer dos séculos, para todas as nações a figura profética do novo povo de Deus, chamado por Jesus Cristo a ser, do Oriente ao Ocaso, um povo santo, objeto único das divinas promessas, herdeiro de bênçãos infinitas de que é o Messias, para todas as gerações, causa mentoria e árbitro eterno.

A Páscoa dos Judeus foi, com efeito, símbolo expressivo da nossa. O cordeiro que ofereciam a Deus e cada família consumia em respasto legal cujo sangue lhe tingia os limiares e os preservara da morte, figurava claramente o Cordeiro de Deus, que mais tarde proclamou o Batista, nas beiras do Jordão, na pessoa de Cristo Nosso Senhor. E para que fosse mais exata a figura, o Salvador do mundo, antes de consumar o sacrifício da Cruz, deu-se realmente a si próprio à sua Igreja, sob espécies eucarísticas, como cordeiro imaculado, vítima de oblação divina, oferecida de um a outro polo, até o fim dos tempos, conforme a profecia de Malaquias.

Foram chamados todos os filhos da Igreja a participar em comum deste grande sacrifício, recebendo o corpo e o sangue de Cristo sob as espécies do pão e vinho; e como esmorecesse o fervor dos primitivos fieis, deu a igreja preceito estrito a todos os cristãos de comungarem ao menos pela Páscoa, sob pena de excomunhão.

É, pois, essa comunhão geral para o mundo cristão como o selo do último testamento divino, a transição da primeira à segunda aliança, que há de ser eterna. Porquanto, Cristo ressuscitou por sua própria virtude, conforme expressamente o prometera; já não morre mais, diz o Apóstolo, e é a sua ressurreição nossa glória, nossa força e nossa esperança. Com ela deu pleno cumprimento aos desígnios da infinita justiça e da misericórdia infinita; tudo demonstrou: a sua divindade, a santidade e excelência da sua missão, a verdade da fé e do Evangelho, sua obra por ele consumada.

Por isso, antes de voltar ao céu, durante quarenta dias manifestou-se várias vezes como Homem-Deus a seus discípulos, ora separados, ora reunidos em número de quinhentos; por isso, acabadas suas instruções aos apóstolos, deu-lhes, e em sua pessoa aos seus sucessores pastores da Igreja, a missão de converter o mundo inteiro, o poder divino de perdoar os pecados, abrindo assim ou fechando o céu, pelos merecimentos daquele que por nós morreu.

A festa da Páscoa, diz S. Gregório, é a solenidade das solenidades, que da terra nos ergue à eternidade feliz, cujas delícias nos faz antecipar pela fé, esperança e caridade.

 

 

(Fonte: livro Manual do Christão – Goffiné, Frei Leonardo Goiffiné, Colégio da Imaculada Conceição, Botafogo/RJ, 10ª edição/1925, pp. 500-502 – Texto revisto e atualizado)

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