3º DIA
Maria é o coração que me ama
Maria me ama! Oh! Que palavra grata!
S. Francisco de Sales exclamava um dia: Como sou feliz! Minha mãe e a Santa Virgem ma amam tanto! Ai de mim! Quando já não tiver mais minha mãe para me amar, tenho, porém, e terei sempre, a Santa Virgem.
Maria me ama; e o amor que ela tem por mim, foi produzido e é sustentado, em meu coração, pelo tríplice olhar que ela fixa sobre Deus, sobre minha alma, sobre si mesma.
I. Se Maria considera em Deus, vê o amor infinito que Deus nos tem, Ele que nos criou para o objeto de seu amor.
Vê-nos a todos, no paternal coração de Deus, que nos dá vida, que a conserva, que a cerca de encantos; de Deus que nos segue com a ternura de uma mãe, que nos respeita a liberdade, e nem por um só instante desvia os olhos de nós.
Ela vê que este Pai celeste, impelido por seu amor, enviou à terra, para nos arrancar ao inferno, seu Filho muito amado, e que, sempre por amor de nós, o entregou à mais dolorosa morte.
E quando Maria volve os seus olhares a Jesus Cristo, encontra-o nos sofrimentos, nas humilhações, nas dores: é testemunha de sua flagelação, de sua coroação de espinhos, de sua crucifixão; escuta aquela prece tão eloquente: “Meu Deus, que nem um só daqueles por quem eu vim ao mundo pereça eternamente”.
Oh! Como duvidar que Ela nos ame!
Não fôssemos nada para Ela, nada tivéssemos em nós que atraísse a sua estima, nem sua compaixão, simplesmente por amor de Deus, porque sabe que, amando-nos, agrada e consola a seu Deus, Maria nos havia de amar!
Sim, boa palavra: Maria me ama!
Oh! Também eu vos amo, ó minha Mãe!
EXEMPLO
Conversão de um livre pensador pela devoção a Maria
Faz alguns anos morreu na Baviera, na santa paz de Deus, um escritor que tinha sido longos anos ferrenho livre-pensador e inimigo da Igreja de Jesus!
Dotado de viva inteligência e de grande força de vontade, procurava conhecer o destino da criatura humana; e a graça de Deus entrou-lhe na alma, qual raio luminoso de sua conversão.
Conhecer a verdade e abraçá-la por sua forte e reta vontade era um só ato de sua alma sedenta da verdade e até então torturada pela incerteza. O célebre livre-pensador tornou-se, livre e espontaneamente, católico crente e fervoroso. O mal que tinha espalhado em redor de si por seus escritos e discursos, reparou-o ele corajosamente, tanto quanto possível, no jornal e na tribuna.
Um dia, encontrou-se com o sr. Bispo: A’ devoção de Maria Santíssima? O senhor guardava a devoção a Maria Santíssima? Guardei, respondeu, e em grau não pequeno, pode crer, Excelência. Mais admirado ainda o prelado tornou a perguntar: será possível? Como então podia escrever tantas injúrias contra a Igreja de Jesus Cristo, o Filho de Maria Santíssima? Escrevi contra Jesus e sua Igreja, pequei nisso e muito; mas nunca escrevi contra Maria, a Mãe de Jesus. V. Exa. procure em todos os meus escritos e discursos e não encontrará nenhuma frase contra Maria Santíssima. Eu admirava e venerava piedosamente a Mãe de Jesus, ao passo que insultava, crucificava, quanto me era possível, seu Filho adorável. A Maria devo minha conversão, minha felicidade; a ela ficarei eternamente devedor.
(Fonte: livro, em formato PDF, MÊS DE MARIA – Traduzido das Palhetas de Ouro, aumentada com uma coleção de Exemplos para Todos os Dias do Mês por Mons. Dr. José Basílio Pereira, com edição de Carlos Alberto de França Rebouças Júnior, Salvador-Bahia/1953)