Santo do Dia
20 DE AGOSTO – FESTA DE SÃO BERNARDO DE CLARAVAL, ABADE E CONFESSOR
20 DE AGOSTO – FESTA DE SÃO BERNARDO DE CLARAVAL, ABADE, DOUTOR E CONFESSOR
Bernardo de Claraval (1090 – 1153)*
Bernardo nasceu de pais nobres no castelo de Fontaines, nas cercanias de Dijon, na Burgúndia, centro-leste de França. Seu pai, Tescelin Sorrel, era um cavaleiro da cruzada, conhecido por sua honra, justiça e bravura. Ele tomou parte na Primeira Cruzada, quando Jerusalém foi capturada em 1099, e morreu numa cruzada posterior. Seus seis filhos foram treinados como cavaleiros, com a exceção de Bernardo. Sua mãe, Aleth, era uma mulher profundamente piedosa e um modelo de virtude espiritual. Bernardo era o objeto especial de seu amor e atenção, assim, ela tomou parte direta em sua educação primária. Tragicamente, ela morreu quando Bernardo tinha apenas treze anos.
Os primórdios escolares de Bernardo plantaram nele um grande interesse em aprender. Ele foi enviado à escola altamente respeitada de Saint-Vorles, em Chatillom, França, um colégio teoló-gico. Ali foi instruído nos rudimentos da gramática, lógica, retórica, as Escrituras e os autores dos grandes clássicos latinos, tais como Virgílio, Terence, Ovídio e Boëthius. Esses estudos moldaram a mente de Bernardo para seu estudo posterior da teologia centrada em Deus.
Bernardo logo se encontrou diante da maior decisão de sua vida. Seguiria o serviço militar e cívico como fizeram seu pai e irmãos? Ou buscaria a vida monástica? Depois de agonizar ante esta escolha, Bernardo decidiu tornar-se monge.
Com vinte e dois anos juntou-se ao monastério de Citeaux, em 1112, a primeira abadia da ordem cisterciense, sendo também a mais pobre e distante das abadias. Para Bernardo, esta decisão foi monumental, referindo-se a esta como o tempo de sua conversão a Cristo.
No monastério, Bernardo submeteu-se ao mais severo ascetismo, mas seu tempo em Citeaux foi de profunda aprendizagem. Estudou as Escrituras, os pais da Igreja, e autores clássicos; com uma crescente obsessão por aprender, considerava o tempo de sono um desperdício.
Após três anos neste mosteiro, destacou-se por sua erudição e piedade exemplares. Como resultado, foi comissionado a construir um novo monastério no remoto condado de Champagne (1115). O local escolhido foi um lugar escarpado, cheio de tantas dificuldades e perigos, que era chamado de “o vale do absinto”. Quando Bernardo chegou com doze monges para fundar o monastério, deu ao local o nome de Clairvaux (Claraval), que significa “Vale Límpido” ou “Vale da Luz”. Quando o monastério ficou pronto, Bernardo foi designado seu primeiro abade.
Seu alvo era estabelecer um padrão estrito de vida monástica, incluindo pobreza e trabalho duro. Em sua nova ocupação, Bernardo lia diligentemente, meditava, estudava, pregava e escrevia, levando seu corpo à beira do colapso.
O imenso talento de Bernardo se tornou rapidamente evidente – ele foi considerado gênio de primeira ordem! Sob sua diretriz, o monastério de Claraval cresceu rapidamente, logo suplantando até mesmo a comunidade-mãe de Citeaux.
Durante a sua vida, Bernardo se distinguira como autor, pregador, hinólogo e cruzado, mas acima de tudo isso, ele era monge. Muito da reforma monástica durante o século XII foi resultado de seus esforços.
Bernardo tornou-se um dos maiores pregadores da Idade Média e, provavelmente, um dos maiores de todos os tempos. Os sermões que pregava aos monges formaram grande parte de sua produção literária. Nestas exposições baseadas na Bíblia e que exaltavam a obra e pessoa de Cristo, Bernardo buscava explicar o texto bíblico e alcançar o coração de seus ouvintes. Seus escritos revelam uma forma literária altamente polida que caracteriza uma beleza formal e riqueza de imagem. Muitos de seus escritos focavam a oração e outros temas espirituais, pois buscavam promover devoção à Pessoa de Cristo.
As obras teológicas de Bernardo se relacionam estreitamente com a graça soberana na salvação. Ele escreve:
“Ele [Deus] disse ‘Haja luz‘, e houve luz. Ele disse ‘convertei-vos’, e os filhos dos homens foram convertidos. Então, evidentemente, a conversão das almas consiste na operação da voz divina, e não da humana. Em outro lugar afirma: ‘Ela [a conversão] é o dedo de Deus, uma clara mudança causada pela mão direita do Altíssimo. Tua conversão é uma boa dádiva, um dom perfeito, sem dúvida descendo do Pai das luzes. E assim, a Ele elevamos com razão a voz de louvor, o qual só faz coisas maravilhosas, e o qual trouxe aquela generosa redenção que está nEle, e que não é mais destituída de efeito em ti.”
O ensino de Bernardo foi profundamente apreciado por Lutero e Calvino. Este último via Bernardo como o maior testemunho em prol da verdade entre o sexto e décimo sexto século. Já Lutero saudava Bernardo como um homem de admirável santidade e o considerava como um dos melhores santos medievais. Charles Spurgeon concordou com Lutero, dizendo: “São Bernardo foi um homem que admiro em grau máximo, e o tenho com um dos escolhidos do Senhor”. Ele continuou dizendo que Bernardo era “um dos homens mais santos e humildes”, o qual, “parece cair em delírio de amor quando fala de seu divino Mestre”.
A obra mais famosa de Bernardo é uma série de oito Sermões sobre o Cântico de Salomão, sendo estas mensagens reunidas em um livro “Sermões sobre o Cântico de Salomão” (1135-1153), reconhecido como a obra-mestra do gênero. Nestes Sermões, Bernardo interpreta o Cântico de Salomão como uma alegoria entre o amor espiritual de Cristo, o noivo, e a sua noiva, a Igreja. Es-te livro insta que os crentes deem um passo avante para a união mística com Deus através de Cristo.
O “doutor língua de mel”, também escreveu doces hinos, sendo este um trecho de um deles, chamado “Jesus, Tu, a Alegria dos Corações Amorosos”:
“Jesus, a alegria dos corações amorosos,
Tu, a Fonte da Vida, Tu, a Luz dos homens,
Da melhor bênção que a terra comunica,
Voltamos vazios para Ti outra vez.”
Bernardo continuou em sua função de guardião da verdade, vindo a ser conhecido como o “martelo dos hereges”. Através de sua obra, Bernardo se mostrou um campeão destemido da verdade cristã.
Um ano antes de sua morte, Bernardo sentiu-se compelido a abordar os erros, as corrupções e contaminações da Igreja.
Já no fim de sua vida, Bernardo manteve sua esperança no Evangelho. Um pouco antes de sua morte disse: “Há três coisas sobre as quais baseio minhas esperanças para a eternidade: o amor de Deus por Seus filhos, a certeza de Suas promessas e o poder pelo qual ele fará com que essas promessas se concretizem”. Ele morreu em 20 de Agosto de 1153.
[São Bernardo de Claraval, foi canonizado em 1174, e recebeu, com toda honra e justiça, o título de doutor da Igreja em 1830.]**
NOTA (da fonte):
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* Esta Biografia é baseada na seguinte fonte:
LAWSON, Steven J. Reformador Monástico. Último Monástico: Bernardo de Clairvaux. Cap. 16. Pág. 399-423. In: LAWSON, Steven J. Pilares da graça. Longa linha de Vultos Piedosos. Vol. II. Tradução: Valter Graciano Martins. São José dos Campos, São Paulo: Editora Fiel, 2013.
** Acrescentado por nós.
(Fonte: E-Book Um Tratado Sobre o Amor de Deus, Bernardo de Claraval, pp. 44-46, obtido em Issuu.com/oEstandarteDeCristo)