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SANTO ANTÔNIO DE PÁDUA OU DE LISBOA

SANTO ANTÔNIO DE PÁDUA OU DE LISBOA

Santo Antônio de Pádua e o Menino Jesus (Foto: O Fiel Católico).

SABE AQUELE “SANTO” que costuma “desencalhar” o povo quando virado de cabeça para baixo num copo d’água? Pois bem, aquele não é Santo Antônio. Antônio não é esse e nem tem nada a ver com esse tipo de prática inspirada na bruxaria.

Santo Antônio nasceu em Portugal, na cidade de Lisboa, no fim do século XII, em 1195. Seus pais eram muito religiosos e o educaram com muito carinho na fé da Igreja. Seu nome de batismo era Fernando, e desde muito pequeno acompanhava os pais nas celebrações religiosas na Catedral. Ainda menino, foi encaminhado para a escola dos Cônegos Regulares de Santo Agostinho, onde recebeu boa formação humana e educação cristã aprimorada. Segundo biografias, o menino foi consagrado pela mãe à Santíssima Mãe de Deus, o que explica muita coisa, como o fato de sempre estar “voltado para o Alto” . Assim, foi crescendo em sabedoria e graça, servindo ao Altar de Deus como acólito.

A vida religiosa

Com a idade de 15 anos, Fernando se decidiu em seguir a vida religiosa. Assim, foi admitido ao mosteiro dos frades agostinianos de São Vicente, em Lisboa. Com facilidade nos estudos, o jovem recebeu grande formação intelectual por parte dos religiosos (sim, os santos também estudavam).

O mosteiro era muito próximo da casa de seus parentes, o que permitia que sempre estivessem próximos. Todavia disse o Senhor: “Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a Mim, não é digno de Mim” (Mt 10, 37); assim, como prova de amor ao Bom Mestre, Antônio pediu para ser transferido para Coimbra, ao Mosteiro de Santa Cruz, cerca de 200km distante de Lisboa. Ali permaneceu por oito anos, recebendo a mais sólida formação filosófica e teológica.

Santo Antônio, Martelo dos Hereges – Lawrence Klimecki (Foto: O Fiel Católico)

Tal formação, adquirida junto aos frades agostinianos, proporcionou a Fernando a graça de poder receber a ordenação sacerdotal. Como padre, ele alcança uma grande familiaridade com a Sagrada Escritura.

É-nos ensinado que a Divina Providência age sempre, e sempre para um bem. Por isso, a dor do afastamento familiar foi sanada para a Maior Glória de Deus. Acontece que o mosteiro para o qual foi transferido ficava perto de um convento franciscano. Certo dia, por lá passaram cinco dos filhos de São Francisco, que estavam indo ao Marrocos pregar Cristo aos Maometanos. Em Marrocos foram martirizados, e seus restos mortais foram mandados para o mosteiro onde Fernando residia. Tal feito heroico por amor a Deus surpreendeu o jovem, que havia se tornado sacerdote, por isso ele pediu dispensa da ordem dos agostinianos, para entrar para a dos Frades Menores.

Em 1221 ele é admitido na Ordem Franciscana, recebendo o afinal nome “Frei Antônio” e vestindo o hábito de São Francisco, com o grande sonho de poder morrer mártir também.

Martelo dos Hereges

Durante muito tempo, Frei Antônio permaneceu em silêncio. Tentou ir como missionário para a África, mas foi acometido de uma doença que não lhe permitiu concluir a viagem, fazendo-o ter de voltar para a Europa. Contudo, uma forte tempestade desviou a rota do navio e ele foi parar na Sicília. Providencialmente, São Francisco fizera uma carta circular convocando os frades a um Capítulo na Itália. Antônio compareceu, e diz a história que nem o próprio Francisco lhe dera atenção.

Seguiram-se meses de solidão e seu superior – por falta de opção – lhe ordenou a dizer algumas palavras aos frades recém ordenados. Santo Antônio fez tão bem o que lhe fora ordenado que surpreendeu a todos. A partir de então, começou sua vida de pregação, sobretudo contra os hereges cátaros.

Tornou-se, então, o primeiro grande teólogo franciscano. Pregou aos grandes e aos pequenos, ao Colégio Cardinalício e aos hereges e judeus. Sua pregação, que acompanhava sua vida santa e seus milagres, era tão eficaz que multidões se convertiam à Fé. Refutava tão bem os infiéis – com palavras e atos – que ficou conhecido como “O Martelo dos Hereges” (e não ‘santo casamenteiro’).

Combateu heresias que contestavam o valor de toda a vida, a autoridade da Igreja e a própria Natureza de Deus. Não só proclamou o Evangelho, mas também o viveu plenamente, de modo que sua própria vida atestava a profunda verdade de suas palavras. Sua eloquência não era pela força das palavras, mas da Verdade. Por isso e pelo seu desejo de martírio, foi proclamado Doutor da Igreja e Confessor, em 1946, pelo papa Pio XII.

Santo Antônio prega aos peixes (Foto: O Fiel Católico)

É sabido, por exemplo, que certa vez Frei Antônio foi pregar numa cidade, mas ninguém o queria escutar, então, como todo cristão em sã consciência, ele foi para o quarto chorar… Mentira! A Verdade precisava ser anunciada, então Antônio foi anunciá-la aos peixes, que deram testemunho do Poder de Deus:

“Ouçam a palavra de Deus, vocês, peixes do mar…” e Santo Antônio pregou para os peixes, que subiram à superfície para ouvi-lo. “Bendito seja o Deus eterno, pois peixes da água honram-no mais do que pessoas que negam sua doutrina. Os animais irracionais escutam mais prontamente a palavra de Deus do que a humanidade sem fé”.

Milagre eucarístico

Santo Antônio, durante uma pregação na cidade de Rimini, Itália, viu-se envolvido em uma disputa com um judeu, que negava a Presença real de Jesus na Eucaristia. Então, Santo Antônio aceitou uma aposta. “Não acredito que a Hóstia seja o Corpo de Cristo! Mas quero desafiar-te, ó frade: se a minha mula se ajoelhar diante da Hóstia, então acreditarei”… “Aceito o desafio” –, respondeu Santo Antonio –, “Daqui a três dias, trarás a mula a esta mesma praça, diante do povo. Eu trarei a Eucaristia e o animal se ajoelhará diante do Pão consagrado”.

Santo Antônio retirou-se para o convento e durante aqueles dias dirigiu-se ao Senhor com a oração e o jejum. No dia estabelecido, o “Martelo” apresentou-se com o Santíssimo Sacramento. À vista do Santo que avançava, um profundo silêncio estendeu-se por toda aquela multidão. Então Antônio, em voz alta, ordenou à mula: “Em nome do teu Criador, que trago vivo, verdadeiro, real e substancial nas minhas mãos, embora indignamente, ordeno-te, ó mula, que venhas já ajoelhar-te diante d´Ele, a fim de que estes reconheçam que toda a criação é submissa e obediente ao Cordeiro que se imola sobre os nossos Altares”. O adversário gritava com o animal e tentava-o com alimento. Mas a mula, recusando a cevada do patrão, aproximou-se docilmente do religioso: dobrou as patas anteriores diante da Hóstia e assim ficou por longo tempo.

Santo Antônio e a mula (Foto: O Fiel Católico)

Santo Antônio – ‘Casamenteiro’

“Certo” –, dirá o leitor –, “entendi; Santo Antônio realmente foi excepcional. Então, de onde diabos vem a lenda do ‘casamenteiro’?”

Ocorre que os milagres sempre acompanharam o santo, tanto que sua canonização se deu apenas onze meses após a sua morte. Além disso, em sua exumação, descobriu-se que sua língua estava intacta, inclusive permanece salivando ainda hoje, tamanho o testemunho de pregação nos deu tão grandioso Santo.

Voltando à polêmica do “casamenteiro”, diz a história que uma moça queria se casar, mas como era muito pobre, não tinha condições de alcançar seu objetivo. Pôs-se a rezar diante da imagem do santo, pedindo a graça. Caiu nas mãos da moça um bilhete, que dizia: “Vá até o comerciante mais rico da cidade e peça que ele lhe dê em ouro o equivalente ao peso do bilhete”. Quando o comerciante colocou o bilhete na balança, o bilhete pesava tanto que a moça conseguiu a quantia que precisava para o seu casamento.

Se tal história é verdadeira ou não, eu não faço ideia. O fato é que, em vida, Santo Antônio sempre se dedicou a ajudar os casais em crise a superar os momentos de conflito, a combater a imoralidade e o adultério.

 

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Fontes:
Frei Paulo Back, Nova Trezena de Santo Antônio.
NUGENT, Madeline Pecora. Antônio, palavras de fogo, vida de luz. Paulinas, 2008.
LEHMANN, João Batista. Na Luz Perpétua, leituras religiosas da vida dos Santos de Deus, para todos os dias do ano.

 

 

(Fonte: O Fiel Católico – Alguns destaques acrescidos)

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