Jesus Cristo, Sabedoria Eterna e EncarnadaSabedoria dos Santos

O GRANDE LIVRO QUE É O CRUCIFIXO

O GRANDE LIVRO QUE É O CRUCIFIXO

Crucifixo Beneditino

“Um dia Santo Tomás de Aquino visitando a São Boaventura perguntou-lhe de que livro tinha feito mais uso para consignar em suas obras tão belos conceitos. São Boaventura mostrou-lhe a imagem de Jesus crucificado, toda enegrecida pelos beijos que lhe dera, dizendo: “Eis aqui o livro que me fornece tudo que escrevo; É ele que me ensinou o pouco que sei.” Jesus crucificado foi também o livro predileto de São Filipe Benício, que teve a fortuna de exalar a sua alma bendita enquanto beijava aquelas chagas sagradas. Numa palavra, foi no estudo do crucifixo que os santos aprenderam a arte de amar a Deus e de, por amor d’Ele, sofrer as tribulações, os tormentos, os martírios e a morte mais cruel.

Santo Afonso de Ligório

Tinha, pois, Santo Agostinho razão para escrever que o lenho da cruz serviu a Jesus Cristo, não só de patíbulo, para nele operar a nossa redenção, mas também de cátedra para nos ensinar as mais sublimes virtudes. — Por isto, o Santo, arrebatado pelo amor à vista de Nosso Senhor coberto de chagas sobre a cruz, fazia esta terna oração: Gravai, ó meu amantíssimo Salvador, gravai as vossas chagas em meu coração, afim de que nelas leia eu sempre a vossa dor e o vosso amor. Sim, porque, tendo diante dos olhos a grande dor, que Vós, meu Deus, padecestes por mim, sofrerei em paz todas as penas que me possam acontecer; e à vista do amor que me tendes patenteado na cruz, não amarei nem poderei amar senão a Vós.

“Procuremos, portanto, ter uma linda imagem de Jesus crucificado, coloquemo-la em nosso quarto, e olhando para ela freqüentemente, mesmo entre os nossos estudos e trabalhos, façamos com afeto alguma oração jaculatória e particularmente esta: † Meu Jesus, misericórdia![1] O Senhor revelou a Santa Gertrudes, que todo o que olha com devoção o Crucifixo, será cada vez recompensado com um olhar amoroso de Jesus.

Ah, meu Jesus! Quem não Vos há de amar, reconhecendo-Vos pelo Deus que sois e contemplando-Vos na cruz? Oh! Que setas de amor arremessais às almas do alto da cruz! Quantos corações tendes atraído a Vós lá do trono de amor! Ó chagas de meu Jesus, ó belas fornalhas de amor, deixai-me entrar em Vós afim de ser consumido pelo amor de meu Deus, que quis morrer por mim, consumido pelos tormentos. — Ó minha dolorosa Mãe, Maria, ajudai um vosso servo que deseja amar a Jesus. (*I540.)”

[1] 300 dias de indulg. cada vez.

 

 

_______________Santo Afonso Maria de Ligório, Meditações para Todos os Dias do Ano, Volume III, excertos da meditação da Sexta-feira da XVIII Semana Depois de Pentecostes, pp. 129-131.

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