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A FÉ EXIGE OBRAS

Nas palavras de São Tiago, “a Fé, se não tiver obras, é morta”.

A FÉ EXIGE OBRAS

 

“Ora, o julgamento é este: a luz veio ao mundo, mas os homens preferiram as trevas à luz, porque suas ações eram más” (Jo, 3,20).

Crer não significa aceitar passivamente um conjunto de verdades sem implicações concretas para nossa existência particular. Nas palavras de São Tiago, “a Fé, se não tiver obras, é morta” (Tg 2, 17).

Quem crê deve traçar um plano de vida cristã para imitar Nosso Senhor, adequando a Ele sua mentalidade, inteligência, vontade e sensibilidade, na disposição de sempre progredir nessa união.

Se a Fé move montanhas (cf. Mt 21, 21), também produz efeitos extraordinários – e muito mais! – na alma que a possui, conferindo-lhe as energias necessárias para toda espécie de boas obras.

“Quem n’Ele crê, não é condenado, mas quem não crê, já está condenado, porque não acreditou no nome do Filho Unigênito” (Jo, 3,19).

Por outro lado, essa afirmação categórica de Jesus ressalta o quanto Ele é pedra de escândalo e divisor, em função do qual os homens optam pelo Céu ou pelo inferno.

A oposição entre a luz e as trevas

Não se trata propriamente de uma luta, que se verifica quando há um enfrentamento e uma resistência entre duas forças. Isso não ocorre entre a luz e as trevas: quando aquela se faz presente, estas desaparecem.

Deus, “a verdadeira luz que, vindo ao mundo, ilumina todo homem” (Jo 1, 9), é o Bem. O mal, por sua vez, só existe em quem se afasta ou se levanta contra Ele; consiste, portanto, na ausência de bem.

Ora, quando alguém abraça um caminho contrário ao bem, à verdade e ao belo, distancia-se da luz e entra nas trevas. E isso ocorre mesmo com pessoas dotadas de profusas luzes intelectuais.

Com efeito, também os demônios e precitos conservam sua inteligência no inferno, pois se trata de uma luz natural, muito diferente da luz por excelência de que fala Nosso Senhor, capaz de penetrar a fundo na alma e nos levar a entender algo a respeito de Deus.

“Quem pratica o mal odeia a luz e não se aproxima da luz, para que suas ações não sejam denunciadas” (Jo, 3,21).

Eis uma terrível constante na alma entregue ao pecado: a aversão a tudo quanto lembra a retidão e a virtude, sobretudo àqueles que, por estarem mais avançados no caminho da santidade, refletem com maior intensidade a Luz que é Deus.

Quantas vezes percebemos que alguém anda mal pela indignação que demonstra em relação a um bom!

De fato, ninguém adere ao mal, ao erro e ao feio enquanto tais. Quando uma pessoa quer prevaricar, precisa construir uma doutrina para justificar sua má conduta e, se ela se achegar à luz, esta racionalização cairá por terra.

É como alguém que, ao entrar numa festa, nota uma mancha na própria vestimenta e procura não se expor à claridade, a fim de evitar que os outros vejam sua situação.

Se, pelo contrário, há integridade e desejo de conformar-se com Deus, nada causa mais alegria do que conviver com aqueles que, por tanto terem amado a Luz, transformaram-se eles mesmos em luz para os demais.

Qual caminho escolheremos?

A felicidade não se encontra nas vias do afastamento de Deus, cujo termo é a “Babilônia” do pecado e o castigo divino. Se “todo homem que se entrega ao pecado é seu escravo” (Jo 8, 34), quem enceta este caminho torna-se prisioneiro de um “Nabucodonosor” muito pior que o tirano histórico: o demônio, o qual odeia a Deus e sua obra, e por isso quer a perdição dos homens.

Deus nos livre de seguir as sendas desta escravidão! Pelo contrário, possa o Senhor nos conceder a graça de optar pelas veredas da liberdade, servindo a Ele, fonte da única e verdadeira alegria.

E somente a obteremos depois de passarmos pelas dificuldades da vida, dando cada vez mais de nós mesmos, por inteiro e sem olhar para trás. Assim agiram todos os Santos, Nossa Senhora e o próprio Nosso Senhor Jesus Cristo, em cujo Corpo não restou uma só gota de sangue.

Que Maria Santíssima nos alcance, por sua intercessão onipotente junto a Jesus, a ufania de sermos filhos da Igreja e, em consequência, imensamente amados e perdoados desde que reconheçamos nossas faltas com dor e as depositemos confiantes nas brasas do amor divino. Dessa forma, o Preciosíssimo Sangue de Cristo e as lágrimas extraordinariamente santas de Nossa Senhora se derramarão sobre nossas almas, conferindo-lhes um perfume agradável a Deus.

 

__________Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP (Texto extraído, com adaptações, da Revista Arautos do Evangelho n. 231, março 2021)

 

 

(Fonte: in Gaudium Press, artigo postado em 22/03/2022)

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