Devoção Mariana

COROA EM HONRA DAS SETE DORES

Santo Afonso M. de Ligório

COROA EM HONRA DAS SETE DORES

Nossa Senhora das Dores (Ícone milagroso de Campocavallo, Itália).

Santo Afonso M. de Ligório

 

℣. Meu Deus, vinde em meu socorro.
℟. Senhor, dai-vos pressa em me socorrer.

– Glória ao Pai, etc.

Ó Mãe aflita, eu me condoo da dor que vos causou a primeira espada que traspassou o vosso coração, quando no Templo, à voz de São Simeão, vos foram representados todos os tormentos que os homens deviam fazer sofrer a vosso amadíssimo Jesus, os quais já conhecíeis pelas divinas Escrituras, tormentos que chegariam a fazê-lo morrer ante os vossos olhos, cravado num madeiro infame, esgotado de sangue e abandonado de todo o mundo, sem que o pudésseis defender e consolar. Por esta lembrança cheia de amargura, que angustiou a vossa alma tantos anos, ó minha Rainha, suplico-vos me obtenhais a graça de ter sempre gravadas no meu coração, durante a minha vida e na hora da minha morte, a Paixão de Jesus Cristo e as vossas dores.

– Pai Nosso, Ave Maria, Glória ao Pai.

Ó Mãe aflita, eu me condoo da dor que vos causou a segunda espada que traspassou o vosso coração, quando vistes o vosso Filho inocente, apenas nascido, perseguido para a morte pelos mesmos homens para cuja salvação veio ao mundo, de sorte que fostes então obrigada a fugir para o Egito, de noite e às ocultas. Por tudo que sofrestes, jovem e delicada Virgem, com o vosso divino Filho exilado, durante esta longa e penosa viagem por lugares abruptos e desertos, e durante a vossa estada no Egito, onde, estrangeiros e desconhecidos, vivestes tantos anos, pobres e desprezados, vos suplico, ó minha amadíssima Soberana, me obtenhais a graça de suportar com paciência na vossa companhia, até à morte, as penas desta miserável vida, a fim de escapar na outra às penas eternas que mereci.

– Pai Nosso, Ave Maria, Glória ao Pai.

Ó Mãe aflita, compadeço-me da dor que vos causou a terceira espada que traspassou o vosso coração, quando perdestes o vosso caro Filho Jesus em Jerusalém, onde três dias ficou ausente de vós: certamente, durante essas noites cruéis, que tivestes de passar sem ver ao vosso lado o objeto do vosso amor e sem conhecer a causa da sua ausência, não pudestes achar repouso, e não fizestes outra coisa que suspirar por Aquele que era todo o vosso bem. Por estes suspiros, por esta separação tão longa e amarga, ó minha Rainha amantíssima, suplico-vos me obtenhais a graça de jamais perder o meu Deus, a fim de que, constantemente unido a ele durante a minha vida, tenha a felicidade de sair deste mundo nesta santa união.

– Pai Nosso, Ave Maria, Glória ao Pai.

Ó Mãe aflita, eu me condoo da dor que vos causou a quarta espada que traspassou o vosso coração, quando vistes o vosso divino Filho condenado à morte, maniatado, coberto de sangue e chagas, coroado de espinhos, caindo no caminho sob o peso da cruz que levara sobre seus machucados ombros, indo como um cordeiro inocente morrer pelo nosso amor: os seus olhos e os vossos se encontraram então, e os vossos olhos foram outros tantos dardos cruéis que feriram reciprocamente os vossos Corações ardentes de amor. Por esta grande dor, ó minha generosa Advogada, suplico-vos me obtenhais a graça de viver em perfeita resignação com a vontade do meu Deus, levando a minha cruz com alegria após Jesus até o meu último suspiro.

– Pai Nosso, Ave Maria, Glória ao Pai.

Ó Mãe aflita, eu me condoo da dor que vos causou a quinta espada que traspassou o vosso coração, quando, no Calvário, vistes com os vossos próprios olhos morrer a pouco e pouco, no meio dos sofrimentos e humilhações, sobre o duro leito da cruz, o vosso amadíssimo Jesus, sem lhe poderdes acudir com o mínimo alívio, coisa que em artigo de morte não se nega aos maiores facínoras. Pela agonia que então sofrestes com o vosso divino Filho agonizante; pela comoção que experimentastes ouvindo as últimas palavras que ele vos dirigiu do altar da cruz, despedindo-se de vós e vos deixando por filhos todos os homens na pessoa de São João; pela coragem que tivestes de vê-los depois pender a cabeça e dar o último suspiro, ó terna Mãe, suplico-vos me obtenhais do vosso amor crucificado a graça de viver e morrer crucificado a todas as coisas deste mundo, a fim de viver unicamente para meu Deus, até à morte, e chegar um dia a vê-lo face a face no paraíso.

– Pai Nosso, Ave Maria, Glória ao Pai.

Ó Mãe aflita, eu me condoo da dor que vos causou a sexta espada que traspassou o vosso coração, quando lancearam o doce Coração do vosso Filho já morto, e morto por esses ingratos que, depois de lhe tirarem a vida, buscavam ainda atormentá-lo. Por este cruel tratamento, cuja pena só vós sentistes, ó Mãe de dores, suplico-vos me obtenhais a graça de habitar no Coração de Jesus, ferido e aberto para mim, neste Coração, digo, que é o belo asilo, retiro de amor, em que buscam e acham repouso todas as almas amantes, e onde Deus só, enquanto eu aí repousar, será o objeto dos meus pensamentos e afetos. Ó Virgem santíssima, podeis alcançar-me esta felicidade, de vós espero consegui-la.

– Pai Nosso, Ave Maria, Glória ao Pai.

Ó Mãe aflita, eu me condoo da dor que vos causou a sétima espada que traspassou o vosso coração, quando vistes entre os vossos braços o corpo do vosso Filho, não mais no brilho da sua beleza, como o tínheis outrora recebido n a gruta de Belém, mas ensanguentado, lívido, e rasgado todo de feridas que haviam penetrado até aos ossos. Ó meu Filho, diríeis então, ó meu Filho, a que estado vos reduziu o amor! E quando o levaram para o sepulcro, quisestes acompanhá-lo e compô-lo com as vossas próprias mãos; e enfim constrangida a lhe dardes o último adeus, deixastes sepultado com ele o vosso coração ardente de amor. Por todos estes martírios sofridos pela vossa bela alma, ó Mãe do santo amor, obtende-me o perdão dos pecados de que me fiz réu contra meu Deus; pesa-me deles de todo o meu coração, protegei-me contra as tentações, e socorrei-me na hora da minha morte, a fim de que, salvo pelos merecimentos de Jesus Cristo e pelos vossos, vá um dia, graças à vossa assistência, após este miserável exílio, cantar no paraíso os vossos louvores, e os de Jesus, durante toda a eternidade.

– Pai Nosso, Ave Maria, Glória ao Pai.

℣. Rogai por nós, ó Virgem afligidíssima!
℟. Para que nos tornemos dignos das promessas de Cristo.

OREMOS: Senhor, sede-nos propício, e concedei-nos a graça de experimentar o feliz efeito da vossa Paixão, na qual, como o havia profetizado, Simeão, uma espada de dor traspassou a alma tão terna da gloriosa Virgem Maria, vossa Mãe, cujas dores celebramos e honramos. Ó vós que viveis e reinais pelos séculos dos séculos. Assim seja.

 

 

(Fonte: livro As Mais Belas Orações de Santo Afonso, Coordenadas pelo Pe. Saint-Omer, Redentorista e traduzidas para o português por D. Joaquim Silvério de Sousa, Editora Vozes/1961, “Devoção à SS. Virgem”, pp. 494-497 – Textos revisto e atualizado)

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