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DE CRUZES EM LUZES ATÉ O TRIUNFO FINAL

DE CRUZES EM LUZES ATÉ O TRIUNFO FINAL

 

A Semana Santa tem por característica um singular misto de tristeza e alegria: sofremos com a Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo, mas logo exultamos pela sua Ressurreição.

Na hora mais trágica que houve e haverá na história da humanidade, temos o exemplo augusto de alguém que permaneceu fiel, não se entregou, não fraquejou, não traiu, não recuou, e se manteve de pé como uma tocha de oração e de esperança — Nossa Senhora.

Pelas narrações do Evangelho sabemos que, num momento, o sol se toldou em pleno dia, a terra estremeceu, abriram-se as sepulturas de alguns justos que tinham morrido na Antiga Lei e seus cadáveres se levantaram. Provavelmente, começaram a percorrer a Cidade Santa no meio das trevas, dos estertores do chão que vacilava, sob o silêncio da natureza animal aterrorizada e o gemido das pessoas que choravam. Era, no dizer de Bossuet, o Padre Eterno fazendo as pompas fúnebres de seu Divino Filho.

Enquanto isso, no alto do Calvário, o horror e o abandono se instalavam junto à Cruz do Redentor. Num dilúvio de dores, Jesus havia exclamado o seu Consummatum est! Tudo estava consumado. O Cordeiro já imolado, exangue. Nada mais havia a oferecer do seu sacrifício. Estava morto.

Diante dos homens restava apenas — para me servir novamente da expressão de Bossuet — um Deus quebrado, roto, aniquilado.

Nesta hora o bom ladrão se preparava para deixar a Terra. O centurião que ferira o lado de Nosso Senhor, golpeava-se no peito. Algumas pessoas recolhidas a um canto do Gólgota choravam.

Porém, a alegria não desertara de uma alma! A alma mais inconforme com todo aquele horrível espetáculo de dor, a alma que a tanta injustiça mais repudiava, que ao mal mais odiava, a alma que mais amava o Salvador morto, mais esperava, mais certeza possuía: a certeza de todas as certezas!

Imbuída de uma fé superior a toda fé que haveria no mundo até o fim dos tempos. Era a alma celestialmente inconformada de Nossa Senhora: Stabat Mater dolorosa, juxta crucem lacrimosa. “Junto à Cruz, dolorosa, stabat! — que em latim não significava apenas ‘estar ali’, mas quer dizer que estava de pé. Mantinha-se erguida, em toda a força de seu corpo e de sua alma, com os olhos inundados de lágrimas, mas o coração inundado de luz.

Naquele instante, Nossa Senhora tinha a certeza de que, após a grande tragédia, depois do abandono geral, raiaria a aurora da Ressurreição. Surgiria a aurora da Santa Igreja Católica Apostólica Romana, nimbada de glória a partir de Pentecostes.

E de cruzes em luzes, de luzes em cruzes, o mundo chegaria até o momento bendito que, em Fátima, Ela prenunciou: Por fim o meu Imaculado Coração triunfará!

______Plinio Corrêa de Oliveira. Extraído de conferência em 16/7/1971.

 

 

(Fonte: in GaudiumPress)

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