Artigos, Meditações, Textos Selecionados ...

DO AMOR AOS TRABALHOS E CRUZES

DO AMOR AOS TRABALHOS E CRUZES

(reprodução da internet)

Considera que é bem digno de admiração o pouco amor que se tem às cruzes e aos trabalhos, depois de nos haver ensinado Jesus Cristo os graves tesouros que encerram neles. Bem se pode dizer que são aquela pérola preciosa que para comprá-la e possuí-la vende tudo quanto tem aquele que conhece seu valor. É um tesouro escondido que faz ricos e felizes os que têm a dita de encontrá-los. Bem-aventurados os que choram, ditosos os que padecem, felizes os que passam a vida entre contradições e adversidades, disse o Salvador do mundo. Não se enganou o Filho de Deus quando nos deu estas lições, quando pronunciou estas palavras. O Evangelho está cheio destas verdades; todos nos pregam o quanto vale a cruz, a necessidade das cruzes; além do exemplo de Jesus Cristo temos os dos santos. Todos amaram as cruzes; muitos deram ou abandonaram todos os seu bens para encontrar este campo fértil em abrolhos e todo coberto de espinhos. E não poucos pediram a Deus a graça de morrer ou padecer, desejando a vida precisamente para ter mais o que sofrer. Outros se ouviu exclamar: Aumenta, Senhor, a nossa vida neste mundo, mas para prolongar nossos trabalhos. Enfim, não faltaram alguns que, não contentes com isso, pediram ao Senhor que temperasse suas vidas com abatimentos e desprezos: Pati et contemni pro te. Este foi o sentir dos santos em relação às cruzes. Quanta diferença há, bom Deus, de sua opinião à nossa!

Tem-se por desgraça as adversidades, faz-se o que se pode para evitá-las, e se vê nelas infortúnios e contratempos. Porém, donde nasceu este desgosto e este horror com que se vê as cruzes? Não vem de outra origem senão da nossa pouca fé, do nosso pouco amor a Deus e do império que tem o amor próprio sobre nossos corações. Tem-se uma fé vacilante, uma fé fraca, uma fé morta ou moribunda. Isto nos impede de compreender bem os ensinamentos de Jesus Cristo, e penetrar seus mistérios. Ama-se a Deus, de modo especulativo, e daí nasce o pouco interesse de imitar-lhe e seguir-lhe. Cada qual ama a si mesmo; é vil escravo de suas paixões, nada mais que um homem inteiramente carnal; faz pouco caso, pode muito pouco a religião tanto em nosso entendimento como em nosso coração, apenas se atende aos sentidos, só se consulta o amor próprio. Estas são as razões pelas quais não se ama as cruzes. Entretanto, se a cruz é o único caminho que nos guia direto para o céu; se foi conveniente que mesmo o Salvador padecesse para entrar na glória, seus verdadeiros servos e os que se dizem seus discípulos entram no céu por outro caminho?

(Fonte: livro Año Cristiano ó Ejercicios Devotos para Todos los Días del Año, P. J. Croisset, de la Companía de Jesus, Libreria de Rosa y Bouret, Paris/1864, Tomo IX, Meditação-Ponto Primeiro da Festa de Exaltação da Sta. Cruz, pp. 351-352. Tradução e adaptação para o português do Brasil é nossa).

Mostrar mais

Artigos relacionados

Translate »
...