Espiritualidade do Coração de JesusLyceu do Sagrado Coração de Jesus (categoria sucessora do blog do mesmo nome)

HINO DE AMOR À DIVINA CHAGA

De São José de Anchieta, Apóstolo do Brasil.

HINO DE AMOR À DIVINA CHAGA

Sagrado Coração de Jesus (imagem: Arautos do Evangelho).

Em seu Poema à Virgem, São José de Anchieta dedica alguns versos ao Sagrado Coração de Jesus, ferido de amor pela salvação dos homens. Precedia assim a Santa Margarida Maria Alacoque, que no século seguinte receberia do próprio Salvador a missão de espalhar essa devoção pelo mundo.

Ó chaga sagrada, não foi o ferro de uma lança que te abriu, mas sim o apaixonado amor que ao nosso amor tinha Jesus foi quem te abriu!

Ó caudal que borbulhou no seio do Paraíso, de tuas águas se embebe e fertiliza a terra!

Ó estrada real, porta cravejada do Céu, torre de refúgio, abrigo da esperança!

Ó rosa a trescalar o perfume divino da virtude! Pedra preciosa com que o pobre compra um trono no Céu!

Ninho em que as cândidas pombinhas depositam seus ovinhos, em que a rola casta alimenta seus filhotes.

Ó chaga vermelha, que reverberas de imensa formosura e feres de amor os corações amigos!

Ó ferida que abriste com a lança do amor, através do peito divinal, estrada larga para o Coração de Cristo!

Prova de inaudito amor com que Ele a Si nos estreitou: porto a que se acolhe a barca na procela!

A ti recorrem os perseguidos do inimigo fero, medicina pronta a toda a enfermidade!

Em ti vai sorver consolação o triste e arrancar do peito opresso a carga da tristeza.

Não será frustrada a esperança do pobre réu que, depondo o temor, entra nos palácios do Paraíso, por tua via.

Ó morada da paz! Ó veio perene da água viva que jorra para a vida eterna!

Só em Ti, ó Mãe, foi rasgada esta ferida, só Tu a sofres, somente Tu a podes franquear.

Deixa-me entrar no peito aberto pelo ferro e ir morar no Coração de meu Senhor; por esta estrada chegarei até às entranhas deste amor piedoso; aí farei o meu descanso, minha eterna morada.

Aí afundarei os meus delitos no rio de seu Sangue, e lavarei as torpezas de minha alma, nesta água cristalina. Nesta morada, neste remanso, o resto de meus dias, quão suave será viver, aí, por fim, morrer!*

 

* SÃO JOSÉ DE ANCHIETA, Sobre a Virgem Maria Mãe de Deus, op. cit., p.278-279.

 

 

(Fonte: revista Arautos do Evangelho, nº 234, Junho/2021, p. 37)

Mostrar mais

Artigos relacionados

Translate »
...