NOVENA À IMACULADA CONCEIÇÃO DA BEM-AVENTURADA VIRGEM MARIA – DE 29 DE NOVEMBRO A 07 DE DEZEMBRO – FESTA, 08 DE DEZEMBRO
ORAÇÃO INICIAL
Deus vos salve, Maria, cheia de graça e bendita mais que todas as mulheres, Virgem singular, Virgem soberana e perfeita, eleita por Mãe de Deus e preservada por Ele de toda culpa desde o primeiro instante de sua Concepção:
Assim como por Eva nos veio a morte, assim nos vem a vida por ti, que pela graça de Deus tens sido eleita para ser Mãe do novo povo que Jesus Cristo tem formado com seu Sangue.
A ti, puríssima Mãe, restauradora da caída linhagem de Adão e Eva, viemos confiantes e suplicantes nesta novena, para rogar que nos concedas a graça de sermos verdadeiros filhos teus e de teu Filho Jesus Cristo, livres de toda mancha de pecado.
Confiantes, Virgem Santíssima, que haveis sido feita Mãe de Deus, não somente para vossa dignidade e glória, senão também para salvação nossa e proveito de todo o gênero humano.
Confiantes que jamais se tem ouvido dizer que um somente de quantos tem acudido a vossa proteção e implorado vosso socorro, tem já sido desamparado.
Não me deixeis, pois, a mim tampouco, porque se me deixais me perderei;
Que eu tampouco quero deixar a vos, antes bem, cada dia quero crescer mais em vossa verdadeira devoção.
Alcançai-me principalmente estas três graças:
A primeira, não cometer jamais pecado mortal;
A segunda, um grande apreço da virtude cristã,
A terceira, uma boa morte.
Além disso, dai-me a graça particular que vos peço nesta novena:
(Faz-se aqui o pedido que se deseja obter)
TERCEIRO DIA DA NOVENA – 01 DE DEZEMBRO
MARIA, A “ESCRAVA DO SENHOR”
– A vocação de Maria.
– Deus chama-nos.
– Meios para conhecer a vontade do Senhor.
I. O MEU ESPÍRITO exulta de alegria em Deus, meu Salvador, porque pôs os olhos na baixeza da sua escrava [1].
Quando chegou a plenitude dos tempos, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré [2]. O Senhor dirige-se a quem mais amava nesta terra e serve-se para isso de um mensageiro excepcional, pois era excepcional a mensagem que lhe queria comunicar: Não temas, Maria, pois achaste graça diante de Deus…[3], diz-lhe o Arcanjo São Gabriel.
A Virgem, como fruto da sua meditação, conhecia bem as Escrituras e as passagens que se referiam ao Messias, e eram-lhe familiares as diversas formas empregadas para designá-lo. Além disso, unia-se a esse conhecimento a sua extraordinária sensibilidade interior para tudo o que dizia respeito ao Senhor. Num instante, por uma graça particular, foi-lhe revelado que ia ser a Mãe do Messias, do Redentor de quem tinham falado os Profetas. Ia ser a virgem anunciada por Isaías4, que conceberia e daria à luz o Emanuel, o Deus conosco. A resposta da Virgem é uma reafirmação da sua entrega à vontade divina: Eis a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra [5].
A partir desse momento, o Verbo de Deus, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, fez-se carne nas suas entranhas puríssimas. Foi o que de mais admirável e assombroso aconteceu desde a Criação do mundo. E aconteceu num pequeno povoado desconhecido, na intimidade de Maria. A Virgem compreendeu a sua vocação, os planos de Deus a seu respeito. Agora sabia o motivo de tantas graças do Senhor, a razão das suas qualidades, por que tinha sido sempre tão sensível às inspirações do Espírito Santo. “Todos os pequenos episódios que constituíam a trama da sua existência – e essa mesma existência na sua totalidade – ganhavam agora um relevo imprevisto; ao som das palavras do anjo, tudo teve uma explicação absoluta, mais que metafísica, sobrenatural. Foi como se, de repente, a Virgem se tivesse colocado no centro do universo, para além do tempo e do espaço” [6].
E Ela, uma adolescente, não titubeia diante da grandeza incomensurável de ser a Mãe de Deus, porque é humilde e confia no seu Deus, a quem se entregou plenamente. A Virgem Santa Maria é “Mestra de entrega sem limites […]. Pede a esta Mãe boa que ganhe força na tua alma – força de amor e de libertação – a sua resposta de generosidade exemplar: «Ecce ancilla Domini» – eis a escrava do Senhor” [7]. Senhor, conta comigo para o que quiseres. Não quero pôr limite algum à tua graça, ao que me vais pedindo todos os dias, todos os anos. Nunca deixas de pedir, nunca deixas de dar.
II. “ESTE FATO FUNDAMENTAL de ser a Mãe do Filho de Deus é, desde o princípio, uma abertura total à pessoa de Cristo, a toda a sua obra e à sua missão” [8].
Neste terceiro dia da Novena da Imaculada, a Virgem ensina-nos a estar sempre abertos a Deus, numa entrega plena à chamada que cada um recebe do Senhor. A grandeza de uma vida consiste em podermos dizer ao fim dela: Senhor, sempre procurei cumprir a tua vontade, não tive outro fim nesta terra.
A vocação a que fomos chamados é o maior dom recebido de Deus, o dom para o qual o Senhor nos criou, aquilo que nos torna felizes. Deus chama-nos a todos e quer algo importante de nós, desde o momento em que nos chamou à existência. A grandeza do homem consiste em conhecer a vontade divina e levá-la a cabo, tornando-se colaborador de Deus na obra da Criação e da Redenção. Encontrar a vocação é encontrar um tesouro, a pérola preciosa[9]. Gastar todas as energias nela é encontrar o sentido da vida, a plenitude do ser.
Deus chama alguns à vida religiosa ou ao sacerdócio; “mas quer a grande maioria dos homens no meio do mundo, nas ocupações terrenas. Estes cristãos devem, pois, levar Cristo a todos os ambientes em que desenvolvem as suas tarefas humanas: à fábrica, ao laboratório, ao cultivo da terra, à oficina do artesão, às ruas das grandes cidades e aos caminhos de montanha”, e ali devem eles agir “de tal modo que, através das ações do discípulo, se possa descobrir o rosto do Mestre”[10].
Contemplando a vocação de Santa Maria, compreendemos melhor que as chamadas feitas pelo Senhor são sempre uma iniciativa divina, uma graça que parte dEle: Não fostes vós que me escolhestes, mas eu que vos escolhi[11]. Não poucas vezes, cumprem-se ao pé da letra as palavras da Escritura: Os meus caminhos não são os vossos caminhos…[12] O que tínhamos forjado na nossa imaginação, talvez com tanto entusiasmo, tem às vezes pouco a ver com os projetos do Senhor, que sempre são maiores, mais altos e mais belos.
A vocação também não é a culminância de uma vida de piedade intensa, ainda que normalmente seja necessário um clima de oração e de amor para entender o que Deus nos diz silenciosamente, sem muito ruído. Nem sempre coincide com as nossas inclinações e gostos, ordinariamente muito humanos e pegados à terra. A vocação não pertence à ordem do sentimento, mas à ordem do ser; é algo objetivo que Deus nos preparou desde sempre. Em cada homem, em cada mulher, cumprem-se as palavras de São Paulo aos cristãos de Éfeso[13], tantas vezes meditadas: Elegit nos in ipso ante mundi constitutionem…, “o Senhor escolheu-nos antes da criação do mundo, por amor, para sermos santos e imaculados na sua presença”.
Ordinariamente, Deus procura para as suas obras pessoas correntes, simples, às quais comunica as graças necessárias. Ensina São Tomás, referindo-se à Virgem, que “àqueles a quem Deus escolhe para uma missão, prepara-os de modo que sejam idôneos para desempenhar essa missão para a qual foram escolhidos”[14]. Isso é válido para todos nós. Portanto, se alguma vez nos parece difícil levarmos a cabo a missão a que fomos chamados, sempre poderemos dizer: porque tenho vocação para esta missão, tenho as graças necessárias e poderei cumpri-la. Deus me ajudará, se fizer tudo o que está ao meu alcance.
O Senhor pode preparar uma vocação desde a infância, mas também pode apresentar-se de modo súbito e inesperado, como aconteceu com São Paulo na estrada de Damasco[15]. Geralmente, serve-se de outras pessoas para preparar a chamada definitiva ou para dá-la a conhecer. Com frequência, são os próprios pais quem, mesmo sem o perceberem, cumprindo a sua missão de educadores na fé, preparam o terreno onde germinará a semente da vocação, que só Deus põe na alma. Que grandeza poderem ser assim instrumentos de Deus! O que não fará Deus por eles? Outras vezes, serve-se de um amigo ou de uma moção interior que penetra como espada de dois gumes, e, frequentemente, das duas coisas ao mesmo tempo.
Se existe um verdadeiro desejo de conhecer a vontade de Deus, se se empregam os meios sobrenaturais e a alma é sincera na direção espiritual, o Senhor dá então muito mais garantias de acertar na própria vocação do que em qualquer outro assunto. “Queres viver a audácia santa, para conseguir que Deus atue através de ti? – Recorre a Maria, e Ela te acompanhará pelo caminho da humildade, de modo que, diante dos impossíveis para a mente humana, saibas responder com um “fiat!” – faça-se! – que una a terra ao Céu”16. É uma audácia que nos será necessária no momento em que dissermos sim a Deus e seguirmos a nossa vocação, e depois muitas vezes ao longo da vida, pois Deus nos chama todos os dias, a todas as horas. E se alguma vez depararmos com “impossíveis”, deixarão de sê-lo se formos humildes e contarmos com a graça, como fez nossa Mãe Santa Maria.
III. A VIRGEM ENSINA-NOS que, para acertarmos no cumprimento da vontade divina (que pena se nos tivermos empenhado – por uns caminhos ou outros – em satisfazer os nossos caprichos!), é necessária uma disponibilidade completa. Só podemos cooperar com Deus quando nos entregamos completamente a Ele, deixando-o agir na nossa vida com total liberdade. “Deus não pode comunicar a sua vontade se não começa por haver na alma da criatura esta apresentação íntima, esta consagração profunda. Deus respeita sempre a liberdade humana, não atua diretamente nem se impõe a não ser na medida em que o deixamos agir”[17].
A vida da Virgem Maria indica-nos também que, para ouvirmos o Senhor em todas as circunstâncias, devemos esmerar-nos no trato com Ele: ponderar, como Ela, as coisas no nosso coração, dar-lhes peso e conteúdo sob o olhar de Cristo: aprender a meditar, levantar o ponto de mira dos nossos ideais. A direção espiritual, junto com a oração, pode ser de grande ajuda para entendermos o que Deus quer e vai querendo de nós. E também o será o desprendimento dos nossos gostos, para aderirmos com firmeza àquilo que Deus nos pede, ainda que alguma vez possa parecer-nos difícil e árduo.
A resposta da Virgem foi como um programa daquilo que seria depois a sua vida: Ecce ancilla Domini… Ela não teria outro fim senão cumprir a vontade de Deus. Podemos deixar hoje nas mãos da Virgem um sim que Ela possa apresentar ao seu Filho, um sim sem reservas nem condições, que perdure e se desdobre em outros sins ao longo da nossa vida.
(1) Missas da Virgem Maria, Santa Maria Escrava do Senhor; Lc 1, 47-48; Antífona de entrada da Missa do dia 2 de dezembro; (2) Lc 1, 26; (3) Lc 1, 30-33; (4) Is 7, 14; (5) Lc 1, 38; (6) F. Suárez, A Virgem Nossa Senhora, pág. 14; (7) cfr. Josemaría Escrivá, Sulco, n. 33; (8) João Paulo II, Enc. Redemptoris Mater; (9) cfr. Mt 13, 44-46; (10) Josemaría Escrivá, É Cristo que passa, n. 105; (11) Jo 15, 16; (12) Is 55, 8; (13) Ef 1, 4; (14) São Tomás, S.Th., III, q. 27, a. 4 c; (15) cfr. At 9, 3; (16) Josemaría Escrivá, Sulco, n. 124; (17) M. D. Philippe, Mistério de Maria, págs. 86-87. (WEBSITE DE FRANCISCO FERNÁNDEZ CARVAJAL)
ORAÇÕES FINAIS
Bendita seja tua pureza e eternamente o seja,
pois todo um Deus se recreia em tão graciosa beleza.
A ti, celestial Princesa, Virgem Sagrada Maria,
vos ofereço neste dia alma, vida e coração.
olhai-me com compaixão, não me deixes, Mãe minha.
Reza-se três Ave-Marias.
Tua Imaculada Concepção, Oh! Virgem Mãe de Deus, anunciou alegria ao universo inteiro.
ORAÇÃO:
Senhor nosso Deus, que, pela Imaculada Conceição da Virgem Maria, preparastes para o vosso Filho uma digna morada e, em atenção aos méritos futuros da morte de Cristo, a preservastes de toda a mancha, concedei-nos, por sua intercessão, a graça de chegarmos purificados junto de Vós. Por Nosso Senhor Jesus Cristo. Amém.
(Fontes: 1. orações: www.oracoes.info/NovenasVirgemMaria021.html.; 2. texto: Mosteiro de Nossa Senhora da Santíssima Trindade – http://mosteiro-ro.blogspot.com.br/2013_11_01_archive.html)