Orações & Devoções

NOVENÁRIO EM HONRA DO ESPÍRITO SANTO

(Preparação para a Festa de Pentecostes – do dia 31 de Maio ao dia 08 de Junho – Festa no dia 09 de Junho)

NOVENÁRIO EM HONRA DO ESPÍRITO SANTO

(Preparação para a Festa de Pentecostes – do dia 31 de Maio ao dia 08 de Junho – Festa no dia 09 de Junho)

ORAÇÃO PREPARATÓRIA (para todos os dias)

Vinde Santo Espírito, enchei os corações de vossos fieis e

acendei neles o fogo de vosso divino amor.

V/ — Enviai, Senhor, o vosso Espírito e tudo será criado.

R/ — E assim renovareis a face da terra.

OREMOS

Deus, que instruís os corações dos vossos fieis com a luz do Espírito Santo, fazei que pelo mesmo Espírito saibamos o que é reto, e nos alegremos sempre com sua consolação. Amém.

ORAÇÃO

Espírito Santo, divino Paráclito, Pai dos pobres, consolador dos aflitos, Santificador das almas, eis-me prostrado em vossa presença; eu vos adoro com a mais profunda submissão e repito mil vezes, com os Serafins que rodeiam o Vosso trono: Santo! Santo! Santo!

Vós que enchestes de imensas graças a alma de Maria, e inflamastes de santo zelo os corações dos Apóstolos, dignai-vos também abrasar o meu coração com o vosso amor.

Aparecestes em forma de nuvem, de língua de fogo, de pomba, para revelar as comunicações de vossa caridade. Cobri-me com a sombra de vossa proteção, ensinai-me a maneira de vos louvar incessantemente; dai-me costumes puros.

Enfim, sois o Autor de todos os dons celestes. Ah! eu vos suplico, vivificai-me com Vossa graça, santificai-me com vossa caridade, governai-me com vossa sabedoria, adotai-me como filho por vossa bondade e salvai-me pela vossa infinita misericórdia, a fim de que não cesse nunca de vos abençoar, louvar e amar na terra, durante minha vida, em seguida no céu por toda eternidade. Amém.

PRIMEIRO DIA

Meditação

O Espírito Santo é a terceira Pessoa da Santíssima Trindade. Vemos como uma graça singular que esta Pessoa divina se digna habitar em nós. É o Espírito Santo mesmo que vem morar nos nossos corações, isto está escrito em cada pagina do Novo Testamento.

Se há uma coisa para admirar é que nós cristãos e católicos, que temos no coração a luz da Fé e nas mãos as santas escrituras, cheguemos algumas vezes à metade de nossa existência e talvez ao fim de nossa vida sem mesmo nomear o Espírito Santo, enquanto que falamos no Pai e no Filho.

É possível que ignoremos a presença intima do Espírito Santo em nós?

Lastimável ignorância! Não temos consciência das operações continuas da graça, efeito da presença do Espírito Santo em nossas almas.

Insensibilidade criminosa!

Se há uma cousa para nossa vergonha, uma coisa que devia nos lançar de joelhos com o rosto em terra, é que, durante o correr do dia, nós vivemos como se não houvesse o Espírito Santo; somos como os Efésios, que quando o Apóstolo lhes perguntava se eles tinham recebido o Espírito Santo depois que abraçaram a fé, responderam: Nós nem sabíamos que havia Espírito Santo. (At. 19,2).

Nós vivemos no mundo e somos mundanos; vivemos sobre a terra e as coisas da terra nos tornam terrestres; vivemos para o prazer, para o tráfico, para o dinheiro, para a leviandade, para a satisfação de nossa vontade própria.

Se há uma verdade preciosa a conhecer e doce a contemplar, uma verdade que ofereça interesse mais do que ordinário e contenha de alguma forma a medula do cristianismo, uma verdade frequentemente lembrada nos Santos Livros, e no entanto deixada quase na sombra por quem tem o dever de pregar ao povo, é seguramente o dogma tão piedoso quanto consolador da presença e da habitação do Espírito Santo nas almas justas.

Eusébio conta de Leônidas, pai de Orígenes, que durante a noite, enquanto o seu filho dormia, o piedoso cristão, que logo seria martirizado, se aproximava de seu filho, e beijava-lhe com respeito o peito como um santuário do Espírito Santo.

RAMALHETE ESPIRITUAL

Não contristeis o Espírito Santo. Não resistais ao Espírito Santo. Não extingais o Espírito. (Ef. 4,30 — At. 7,51 – I Ts. 5,19)

Exemplo — A ilustre Virgem de Siracusa acabava de distribuir com os pobres o rico dote que sua mãe tinha posto em reserva para o seu casamento. Informado desta conduta e tomado de despeito, o jovem que tinha pedido a sua mão e ao qual Luzia tinha prometido contra a própria vontade casar-se, denunciou- a ao pretor Pascásio. Este mandou prender imediatamente a jovem e quando ela compareceu diante do tribunal, nada lhe foi poupado para renunciar a religião cristã, tida por vã superstição, e para sacrificar aos deuses. “O verdadeiro sacrifício que nós devemos oferecer é visitar as viúvas e os órfãos, disse Luzia, é assistir aos pobres nas necessidades. Ha três anos que eu ofereço este sacrifício ao Deus Vivo, e só resta sacrificar a mim mesma como uma vitima que é devida à sua divina Majestade”.

“Dizei isto aos cristãos e não a mim, respondeu Pascásio; eu sou obrigado a guardar os editos dos imperadores, meus senhores”.

Santa Luzia continuou; “Vós guardais as leis destes príncipes e eu as de meu Deus; Vós temeis os imperadores da terra, eu o do céu; Vós tendes receio de ofender um homem, e eu ao Rei Imortal; Vós desejais agradar a vossos senhores e eu ao meu Criador; não penseis poder-me separar do amor de Jesus Cristo.

-— “Todos estes discursos acabarão, quando vierem os açoutes, retorquiu o pretor impacientado.

“As palavras, atalhou a intrépida Virgem, não poderiam faltar àqueles a quem Jesus Cristo disse:

Quando vós fordes levados aos tribunais não vos inquieteis sobre o que haveis de responder… o Espírito Santo falará por vós”.

“Vós acreditais que o Espírito Santo está em Vós?”

“Aqueles que vivem piedosamente e castamente são o templo do Espírito Santo.”

“Pois bem, eu vos mandarei a um lugar infame a fim de que o Espírito Santo vos abandone”.

“A violência feita ao corpo nada tira à pureza da alma; e, se vós me ultrajardes eu terei no céu uma dupla coroa”.

Deus salvou por um milagre a honra de sua esposa.

ORAÇÃO

Peço-vos, oh! divino Espírito Santo que me visiteis com vossa graça e vosso amor. Nós Vos pedimos, Senhor, que o Espírito Santo venha em nossos corações e morando neles os torne templos dignos de sua glória.

LADAINHA DO ESPÍRITO SANTO

Senhor, tende piedade de nós

Pai Eterno todo-poderoso, tende piedade de nós

Jesus, Filho Eterno do Pai e Redentor do mundo, tende piedade de nós, Espírito do Pai e do Filho, Amor eterno, santificai-nos,

Santíssima Trindade, ouvi-nos.

Espírito Santo que procedeis do Pai e do Filho, vinde a nós.

Divino Espírito, que sois igual ao Pai e ao Filho, vinde a nós.

Promessa do mais terno e generoso dos Pais, vinde a nós.

Dom do Deus altíssimo, vinde a nós.

Fogo Sagrado, vinde a nós.

Caridade Ardente, vinde a nós.

Unção espiritual das almas, vinde a nós.

Espírito de Verdade, vinde a nós.

Espírito de Sabedoria e de Inteligência, vinde a nós.

Espírito de Conselho e de Força, vinde a nós.

Espírito de Ciência e de Piedade, vinde a nós.

Espírito de Temor de Deus, vinde a nós.

Espírito de graça e de oração, vinde a nós.

Espírito de compunção e de confiança, vinde a nós.

Espírito de doçura e de humildade, vinde a nós.

Espírito de paz e de paciência, vinde a nós.

Espírito de modéstia e de pureza, vinde a nós.

Espírito consolador, vinde a nós.

Espírito Santificador, vinde a nós.

Espírito do Senhor que encheis o universo, vinde a nós.

Espírito de Infalibilidade que dirigis a Igreja, vinde a nós.

Espírito de adoção dos filhos de Deus, vinde a nós.

Espírito Santo, ouvi-nos.

Iluminai nosso Espírito com vossa luz, ouvi-nos.

Inflamai nossos corações com vosso calor, ouvi-nos.

Tornai-nos firmes e corajosos na fé, ouvi-nos.

Conduzi-nos na via de vossos mandamentos, ouvi-nos.

Fazei-nos dóceis a vossas inspirações, ouvi-nos.

Ensinai-nos a orar e orai conosco, ouvi-nos.

Ensinai-nos a nos amar e nos suportar mutuamente, ouvi-nos.

Revesti-nos de caridade e misericórdia para com nossos irmãos, ouvi-nos.

Inspirai-nos horror ao mal, ouvi-nos.

Dirigi-nos na prática do bem, ouvi-nos.

Concedei-nos o mérito das virtudes, ouvi-nos.

Fazei-nos perseverar na justiça, ouvi-nos.

Sede nossa eterna recompensa, ouvi-nos.

Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, perdoai-nos Senhor. Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, ouvi-nos Senhor. Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, tende piedade de nós.

V/ — Vinde, Espírito Santo e enchei os corações de vossos fieis.

R/ — E acendei neles o fogo do vosso divino amor.

ORAÇÃO

Que vosso Divino Espírito nos esclareça, abrase e purifique, e nos refrigere com seu celestial orvalho, tornando-nos fecundos em boas obras, por Nosso Senhor Jesus Cristo, que sendo Deus, vive e reina convosco na glória, em união com o Espírito Santo. Amém.

SEQUÊNCIA

Vinde, oh! Santo Espírito, e mandai do céu um raio da Vossa luz.

Vinde, oh! Pai dos pobres, vinde oh! Distribuidor dos bens, vinde oh! Luz dos corações.

Vinde oh! Consolador ótimo, doce hospede, e suave alegria das almas.

Vinde aliviar-lhes os trabalhos, temperar-lhes os ardores, e enxugar-lhes as lágrimas.

Oh! luz beatíssima, inflamai os íntimos corações dos vossos fieis.

Sem a Vossa graça nada há no homem nada inocente.

Lavai pois o que está sórdido, regai o que é seco, sarai o que anda enfermo.

Abrandai o que é duro, abrasai o que é frio, e reconduzi o desviado.

Concedei aos vossos servos, que em vós confiam, o setenário de vossos dons.

Dai-lhes o mérito da virtude, o dom da graça final, e o glorioso prêmio dos prazeres eternos. Amém.

Espírito Divino acende em mim a luz que faça o meu destino ser alcançar Jesus.

NOTA: As orações que precedem e as que seguem à Meditação, serão repetidas todos os dias do Novenário, antes e depois de cada uma das Meditações que seguem abaixo.

SEGUNDO DIA

Meditação

O Espírito Santo é comparado a uma fonte de água viva e também a um fogo ardente.

O fons vivus, Ignis, Charitas!

A água é vida. Na natureza a água circula como o sangue nas nossas veias. Quer ela brote do seio da terra ou se arroje das montanhas em torrentes, ou caia do céu em chuva, é a água que fertiliza a terra.

Sem ela, a terra mais rica permanece estéril. Onde há água a vida ressurge, a semente germina, a seiva circula nas plantas.

A água faz o oásis surgir no deserto!

A ação da água na natureza nos faz compreender a ação da graça nas almas.

A graça santificante, como a água, purifica, refresca e vivifica.

As almas santas são comparadas a “jardins fertilizados por águas vivas”, a “árvores vicejantes plantadas na beira das águas”.

A água fertiliza a terra, mas é o sol que faz a seiva levantar, que dá à flor seu brilho e à fruta seu sabor.

Nas Sagradas Escrituras, o homem justo é comparado à palmeira: “o justo florescerá como a palmeira”. A palmeira para florescer deve possuir água e sol em abundância, pois a estes dois elementos deve a vegetação tropical a sua vida.

Assim, o fogo é também princípio de vida. O fogo não somente vivifica mas purifica, ilumina e inflama. É o símbolo do trabalho da graça nas nossas almas, nos três graus de vida purgativa, iluminativa e unitiva. O fogo torna o ferro flexível e, ao mesmo tempo que torna maleáveis os metais duros, dá ao giz que o artista modelou a consistência de pedra. Da mesma forma, o Espírito Santo amolece os corações endurecidos pelo vicio e dá às almas fracas a energia, e o vigor, como o fez com os Apóstolos no Pentecostes.

O Espírito Santo ilumina, vivifica, é luz para o coração: lumen cordium, e por isso é principio de união. A fé nos aproxima de Deus, o amor nos une a Ele.

“Eu vim para lançar fogo à terra”, disse Nosso Senhor, este fogo que é a caridade, o amor.

A Nicodemos, Jesus declara que: “Se o homem não renascer da água e do Espírito Santo, não entrará no reino de Deus” (João III 5) e João Batista pregou que o Messias batizaria “no Espírito Santo e no fogo”.

Vede! Água, fogo, é sempre [símbolos do] o Espírito Santo.

Este batismo de fogo, receberam-no os Apóstolos no dia de Pentecostes, quando o Espírito Santo desceu sobre eles em [forma de] línguas de fogo.

RAMALHETE ESPIRITUAL

A alma não está tão unida ao nosso corpo como o Espírito divino está com a nossa alma.

EXEMPLO

O Espírito Santo distribui seus dons conforme lhe apraz, a uns dá o dom das línguas, a outros o das profecias, das revelações e dos milagres.

Santo Antônio de Pádua pregou em Roma e todos os homens o entenderam, embora sendo de nacionalidades diferentes.

De São Francisco Xavier, Apóstolo da índia e do Japão, referem os processos de canonização que falou as línguas de vários povos tão corretamente, como se tivera nascido e sido educado no meio deles. E, sucedeu muitas vezes que, ouvindo-o pregar, homens de diversas nações, ao mesmo tempo, cada um deles o entendia, como si lhes falasse na sua própria língua.

O nosso venerável Padre Anchieta, Apóstolo do Brasil, fazia milagres com tanta frequência, que o chamavam: o Taumaturgo. O seu dom de milagres manifestou-se especialmente no domínio que exerceu sobre os elementos e sobre os animais.

Um dia, achava-se o Padre Anchieta à beira-mar, em profunda meditação, por tal modo que subindo a maré e sem ele o notar nem mover-se, viu-se num momento rodeado das ondas; porém estas nem sequer umedeceram os seus vestidos.

-— Noutra ocasião, navegando o Padre Anchieta numa barca, com o mar em calma e um calor forte que sufocava os marinheiros, viu na margem de um mangue três ou quatro guarás, e lhes disse em língua indígena: “Ide, chamai vossos companheiros, e vinde fazer-nos sombra”. Foram, e em breve voltaram em uma formosa nuvem que se pôs sobre a canoa por espaço de uma légua, até que entrando a viração, pois elas batiam as azas como que abanando com um leque, transmitiu ar fresco aos marinheiros, maravilhados de tão amigável e inesperado obséquio.

Este caso foi jurado pelo companheiro Pe. Pedro Leitão diante do P. Fernão Cardim, Provincial e diante de outras pessoas.

ORAÇÃO

Peço-vos, oh! divino Espírito Santo, que me visiteis com vossa graça e vosso amor. Permiti, Senhor, que a infusão do divino Espírito purifique os nossos corações e os faça fecundos com a intima aspersão da sua graça. Amém.

Vinde, Luz de caridade Inflamar os corações A todos nós, por piedade, Defendei nas tentações.

TERCEIRO DIA

Meditação

O orgulho é o grande obstáculo à nossa perfeição. É o orgulho que nos leva a resistir a Deus, a nos perder.

Quem nos salvará de tão grande perigo? Quem nos dará a humildade?

O Espírito Santo, infundindo em nós o dom de temor. O dom de temor nos dá o profundo sentimento da grandeza e da soberana Majestade de Deus, em cuja presença somos como o nada.

Praticamente, nos mostra em Deus o Mestre onipotente, o Legislador.

Um dos erros do modernismo é alterar as verdades da religião; o livre pensador glorifica o pecado e nós o julgamos com menos severidade, exalta as paixões e nós as desculpamos, nega o inferno e nós o imaginamos menos terrível do que é. Assim, o salutar temor do juízo de Deus morre nas almas.

Temer a Deus não significa ter medo d’Ele. Este temor de Deus, dom do Espírito Santo, nos torna apreensivos em ofender a nosso Pai celeste, em contristá-lo nas mínimas coisas: Temor que aumenta à medida que aumenta o amor.

O Espírito Santo nos faz conceber quão grande é este Deus que a Fé revela e nos leva a nos inclinar diante de sua Majestade: é a Adoração.

Penetra e excita no coração um sentimento de segurança, de abandono nas mãos de um Deus onipotente: é a Confiança.

Influi sobre a vontade e a move a servir sempre um Mestre tão perfeito: é a fidelidade.

Desce ao íntimo da consciência inspirando o sentimento de compunção, tornando-a delicada, receosa em ofender a Deus.

É neste harmonioso conjunto de respeito, confiança, fidelidade e compunção que consiste o dom de temor.

Os frutos do dom de temor são a modéstia, a temperança e a castidade.

RAMALHETE ESPIRITUAL

“Bem-aventurados os pobres de Espírito porque deles é o reino dos céus”. Esta bem-aventurança corresponde ao dom da piedade.

EXEMPLO

O imperador Juliano, vinte anos depois de ter recebido o batismo e a confirmação, renunciou à fé e tornou-se impio.

Convencido de que estes dois sacramentos haviam impresso em sua alma caracteres indeléveis e eternos, e querendo por força se livrar desses dois caracteres espirituais, que sem cessar lhe censuravam a apostasia, recorreu a todos os meios possíveis, sem pensar que esses mesmos esforços eram uma testemunha eloquente a favor desta religião que ele combatia com tanto furor e tenacidade.

A história relata que ele fazia correr sobre sua pessoa o sangue das vitimas imoladas nos altares dos falsos deuses, e recorria às práticas supersticiosas, a fim de destruir em sua alma a impressão, o sinal sagrado de cristão e confirmado.

Ai dele! o desgraçado só fazia irritar a cólera divina e agravar sua culpa.

A despeito de seus esforços sacrílegos, quando a trombeta do anjo chamar os homens ao juízo final, será na qualidade de cristão confirmado que ele sairá do sepulcro e virá dar contas do abuso das graças que lhe, deram os sacramentos.

ORAÇÃO

Peço-vos oh! divino Espírito Santo, que me visiteis com vossa graça e vosso amor, e me concedais o dom do Temor, para me servir de freio a fim de não recair nas faltas passadas, das quais eu vos peço perdão.

Temor de Deus vos suplicamos, Sempre nos vinde dominar. Todos os dons, solicitamos, Vinde em nossa alma derramar.

QUARTO DIA

Meditação

O dom do Temor nos cura do orgulho. – O dom da Piedade é derramado em nossas almas para combater o egoísmo, segundo obstáculo à nossa união com Deus.

Este dom da Piedade nos mostra Deus como um Pai muito bom e suscita em nossas almas um desejo ardente de lhe agradar. Faz-nos doces e confiantes para com este Pai celeste, quando precisamos pedir-lhe um favor ou confessar- lhe uma falta.

Entretém em nossos corações relações de amor para com a Santíssima Virgem a quem consideramos uma Mãe terníssima e poderosa medianeira, para com os Anjos e Santos que temos como protetores e advogados.

Infunde em nós o amor a todos os homens, sobretudo aos pobres e humildes.

Há uma falsa piedade que é uma caricatura da verdadeira; é superficial, estreita, falha de sentimentos generosos e de ideias elevadas, escrava de fórmulas e palavras; piedade farisaica que se interessa mais com os objetos da piedade do que com a Virtude, que pratica os conselhos e negligencia os preceitos, se ocupa de trabalhos supérfluos e esquece os impostos pelo dever, piedade de rotina, suspeita, sentimental, perdida num vago misticismo, que se acomoda a tudo, meio mundana, meio cristã.

A piedade será para nós questão de temperamento?

Naturezas impressionáveis fazem consistir a piedade em sentimentalismo; naturezas ardentes no zelo exterior; a piedade dos fracos se limita a não ofender os outros.

Será lógica a nossa piedade?

Teremos em nós uma mistura de devoção e dissipação, misticismo em nossas ideias e trivial idade em nossa vida, sentimentalidade espiritual e grande cobardia em face do dever?

Há inúmeras almas piedosas, como as multidões da galileia. Elas se comprimiam em volta de Nosso Senhor, mas, de todas, só uma mulher pobre e humilde tocou o Senhor com fé e confiança. “Quem me tocou?” perguntou Jesus. Respondeu S. Pedro: “Senhor, as multidões vos cercam e Vós dizeis quem me tocou?” e Jesus disse — “Alguém me tocou, porque uma virtude emanou de mim”.

Como os raios do sol o dom da piedade é luz, calor e vida, e se compõem de fé, amor, e força; vai a Deus sem constrangimento; é o sentimento religioso em toda a sua delicadeza. É menos um ato de obediência imposto ao servo que uma prova de ternura em que se compraz o filho.

Os frutos que produz a piedade são: a alegria espiritual e as doçuras da caridade.

RAMALHETE ESPIRITUAL

Bem-aventurados os mansos porque possuirão a terra”.

EXEMPLO (extraído da vida de Guy de Fontgalland).

A piedade do pequeno Guy de Fongalland não é uma manifestação exterior, ritos, formulas: é a sua própria alma.

É extraordinária a intimidade a que chegara Guy com seu “menino Jesus”.

Sua professora, acompanhando-o à missa tinha-lhe pedido que rezasse por uma de suas intenções. Assim fez Guy, e logo depois da Elevação voltando-se para ela, disse-lhe: “Mademoiselle, está feito, já rezei para o que a Sra. me pedi”.

Como há sempre pessoas que tenham da piedade uma ideia medíocre, a professora não deixou de fazer observar ao pequeno que ele devia se ter abstido de falar depois da Consagração:

Mas, sim! diz Guy, quando todos abaixam a cabeça eu a levanto, olho para Deus bem em frente e digo o que tenho a dizer-lhe: é o meu momento!

Que força no caráter! Que retidão máscula e leal na piedade. É o meu momento, diz Guy…

Bendigamos a minúcia um tanto mesquinha da excelente professora. Ela vai nos mimosear com uma resposta ainda mais bela.

Mas, durante a ação de graças, quando Jesus está no seu coração?

Oh! responde Guy sorrindo, aí não é a mesma coisa, Jesus me fala, eu o escuto e o saboreio!”

A propósito desta resposta, disse um padre franciscano, da mais brilhante inteligência, que, na sua opinião, semelhante frase indica um estado místico muito elevado.

ORAÇÃO

Peço-vos, oh! divino Espírito Santo, que me visiteis com Vossa graça e Vosso amor e me concedais o dom da Piedade, a fim de que eu possa vos servir com mais fervor, seguindo com docilidade vossas santas inspirações, observando vossos divinos preceitos…

Divina Luz da Piedade Nos inflamando o coração Com o Santo ardor da caridade Nos purifique a imperfeição.

QUINTO DIA

Meditação

O dom da Ciência ensina aos homens as verdades da fé, a prática das virtudes cristãs, dando-lhes o verdadeiro conhecimento de seus deveres.

Retifica e amadurece nosso raciocínio e nos torna capazes de discernir o bem do mal.

A fé é a luz de nossas almas.

Pelo dom da Ciência, o Espírito Santo faz brilhar esta virtude de maneira a dissipar nossas trevas; esclarece as dúvidas e expele o erro.

A alma iluminada fica ciente do pouco valor deste mundo, este mundo variável e traidor, que promete mais do que dá.

O dom de Ciência nos ensina a ver Deus nas suas obras, a ler no grande livro da natureza o poema escrito por Deus, porque toda criatura é uma palavra deste poema divino, uma espécie de sacramento, um sinal visível que contém um fragmento da ideia de Deus.

Os santos descobrem nas criaturas tudo o que elas revelam de Deus, de seu poder, sabedoria, e bondade, porque as obras de arte proclamam bem alto o seu autor. Na harmonia do universo percebemos os traços do Criador, a marca de seus passos, a impressão de sua mão, o eco de sua palavra, o reflexo de seu pensamento, a radiação de seu amor.

O dom de Ciência também aumenta o poder intelectual dos sábios, e ilumina os gênios. Nos iletrados dá e esclarece o bom senso, mais valioso que o arrogante conhecimento dos sábios.

A Ciência — o sentido do sobrenatural é para a alma o que a luz do sol é para os olhos, o que o conhecimento humano é para a mente. Aqueles que não possuem este dom são como os cegos que têm meios limitados de percepção: um sentido falta a eles, e um aspeto do mundo lhes escapa.

O fruto deste dom é uma fé esclarecida que nos ajuda a lidar com as criaturas sem os lastimáveis desvios.

RAMALHETE ESPIRITUAL

Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.”

EXEMPLO

Santa Verônica de Milão, morta em 1494, era uma humilde camponesa, que não havia recebido instrução humana e nem sabia sequer ler. A graça do Espírito Santo recebida no crisma foi seu único professor e lhe revelou os segredos do reino dos céus. As luzes interiores do divino Espírito a faziam meditar sem cessar nos mistérios e nas verdades principais da fé. Tornando-se religiosa, desejou ler as Sagradas Escrituras, e para isto, passava as noites aprendendo a ler, sozinha; conseguiu-o finalmente, tendo que vencer dificuldades incríveis.

Um dia, num momento de piedoso abandono, queixou-se a Deus da lentidão de seus progressos.

O Espírito Santo a consolou numa visão: “Não te inquietes, lhe disse, basta conciliares três coisas — primeiro: a pureza de coração, que consiste em amar a Deus acima de tudo, e em amar as criaturas para Ele; segundo: não murmurar nunca e suportar com paciência os defeitos do próximo; terceiro; ter cada dia um tempo marcado para meditar sobre a Paixão de Jesus Cristo.

Fiel às lições do Espírito de Deus, Santa Verônica avançou rapidamente no caminho da perfeição.

ORAÇÃO

Peço-vos, oh! divino Espírito Santo, que me visiteis com vossa graça e vosso amor e me concedais o dom da Ciência, a fim de que eu possa conhecer bem as coisas de Deus e, esclarecido por Vossas santas instruções, andar sem me desviar do caminho de minha salvação.

Dai-nos Ciência que nos guie A Jesus, oh! Mestre Senhor, Nossa razão jamais se alie Aos erros mil do sedutor.

SEXTO DIA

Meditação

O dom da Fortaleza comunica à alma uma coragem sobrenatural, uma energia divina, que a torna capaz de enfrentar as dificuldades, os sofrimentos, as tentações, os perigos, as tristezas e as provações de que é cheia a vida do homem nesta terra.

O dom da Fortaleza nos torna capazes de empreender e de agir. É um movimento sobrenatural que dá á alma um especial controle sobre os sentidos e a natureza, é a tenacidade para o bem.

É o dom que faz as grandes almas, os corações nobres e os caracteres heroicos.

Agir e sofrer: eis a vida.

Agir para Deus é a fonte da vida sobrenatural, sofrer pelo amor de Deus é o segredo da perfeição.

É o dom da Fortaleza que sustenta a alma contra os assaltos do inimigo infernal, contra o Espírito do mundo que menospreza a virtude e rejeita a pobreza, a castidade e a humildade.

Todas as maravilhas de coragem, constância, abnegação, penitência, e resignação são devidas ao dom da Fortaleza. Se multidões de almas de sua livre vontade procuraram a cruz e carregando-a não a acharam demasiado pesada, devem isto ao dom da Fortaleza; porque todo nosso ser se revolta contra o sofrimento. Para suportá-lo é preciso uma energia de vontade, um império sobre si mesmo que não estão na nossa natureza e que só a graça pode dar.

Está em contradição com o dom da Fortaleza o respeito humano, unido a uma certa cobardia que se intimida diante do juízo mundano.

Seus frutos são: a longanimidade, que não se cansa de praticar o bem, a paciência que suporta todas as provações, e a alegria que é a primeira recompensa dada pelo Espírito Santo a quem pode dizer como São Paulo: “Combati o bom combate”.

RAMALHETE ESPIRITUAL

“Bem-aventurados os que têm fome e sede da justiça, porque serão fartos”.

EXEMPLO

Na última perseguição do Japão, um japonês dizia à sua mulher, na presença de seu filhinho de dez anos: “Pobre criança! É muito pequeno para confessar sua fé e ser martirizado! Tornar-se-á pagão!”

Ouvindo isto, a criança foi buscar um ferro em brasa e passou-a na mãozinha. A mãe lhe arrancou com grandes exclamações.

“Como veem, respondeu a criança, posso também vos acompanhar no martírio.

Eis as maravilhas que o Espírito Santo opera numa alma de criança!

Lê-se nos anais da ultima perseguição do México um fato comovedor.

Os perseguidores tinham em seu poder um menino piedoso a quem, à força de maus tratos, queriam fazer confessar onde estavam escondidos o bispo e os padres mexicanos. Porém, o pequeno permanecia calado. Tinham-no pendurado, preso apenas pelos dois polegares.

Num dado momento o pequeno mártir declarou ter uma coisa a dizer. Os malvados algozes sorriam com ar de triunfo, pensando tê-lo vencido.

Quando o desprenderam, ele deixou cair sacudindo-as, as duas falanginhas partidas pela corda que segurava o corpo e então apresentou-lhes os dois indicadores para ser suspenso novamente.

Furiosos, os algozes o ligaram sem piedade, e, com um tiro certeiro no coração, transplantaram esta florzinha para sua verdadeira pátria: o céu.

ORAÇÃO

Peço-vos, oh! divino Espírito Santo, que me visiteis, com vossa graça e vosso amor, e me concedais o dom da Força, a fim de que eu possa vencer os ataques do demônio e todos os perigos que no mundo se opõem à salvação de minha alma.

Na tentação cruel, terrível, Ah! sustentai o nosso ardor E que por Vós, Força invencível, Sempre lutemos com valor.

SÉTIMO DIA

Meditação

O dom de Conselho produz na ordem sobrenatural o que a prudência faz na ordem natural.

Ensina a julgar os homens e as cousas com o Espírito cristão e mostra-nos a maneira de tratar santamente a todos.

Dirige cada um em particular com uma discrição em que se unem a força e a suavidade fazendo-o falar ou calar, agir ou esperar, segundo os tempos, os lugares e as circunstancias.

O dom do Conselho leva a distinguir entre duas coisas boas e justas qual é a melhor, a mais elevada, a mais agradável a Deus.

Ao barco duvidoso no mar revolto, é necessário um piloto esclarecido que conheça a rota segura, por entre rochedos e abrolhos.

Assim, a alma iluminada com o dom de Conselho discerne os meios e vê claramente o seu caminho, para o seguir com confiança, seja árduo embora, estéril ou repugnante.

Não receia o zelo indiscreto que empreende mais do que pode realizar, ficando assim salva da agitação e da inconstância.

Os mandamentos e os preceitos do Evangelho marcam a fronteira de nossas obrigações morais, e nos traçam a vereda ordinária da salvação. Mas, se os Mandamentos bastam para nos livrar da perdição, não nos libertam suficientemente das perplexidades e preocupações da vida.

Uma regra mais estrita é exigida: é a dos conselhos evangélicos. Não é obrigatória. Se é apontada para todos, só para alguns é especialmente proposta.

Há no Evangelho páginas de misteriosa significação que só penetram aqueles que têm o dom de conselho.

É o tesouro escondido do Evangelho.

Os frutos deste dom são: a docilidade e a obediência em seguir em todas as ocasiões os conselhos do Espírito Santo.

RAMALHETE ESPIRITUAL

Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.”

EXEMPLO

Nada deve se colocar como obstáculo entre nós e o serviço de Deus. Se Ele nos chama ao completo sacrifício, este sacrifício deve ser feito.

São Caetano ocupava em Roma uma posição honrável e lucrativa. A atmosfera da corte pontifícia, com seus esplendores permitidos, lhe pareceu perigosa; renunciou a tudo, fez-se padre e passou toda sua vida em obras de caridade, para a salvação das almas.

Santo Afonso, quando advogado, se afastou um dia ligeiramente da verdade; sua consciência ficou de tal forma alarmada, que ele renunciou imediatamente a esta profissão, onde estavam todas as esperanças do seu futuro.

-— Santa Rosa era bela, e sua pessoa atraia a atenção. Ela cortou os cabelos, com o receio de se expôr á tentação, e por sua humildade, e modéstia, encontrou facilidade em prosseguir no caminho da santidade.

São Carlos Borromeu vendeu todo seu patrimônio e em um só dia distribuiu com os pobres o dinheiro.

Não houve pastor na Igreja que trabalhasse tão energicamente, e que tomasse tão pouco repouso como São Carlos. Não houve jamais quem fosse tão dedicado para ganhar as almas, não reservando para si um instante, como ele. Sempre rodeado de homens, cheio de negócios, ocupado do clero, da arquidiocese, dos necessitados. A prece se aliava á sua ação.

ORAÇÃO

Peço-vos, oh! divino Espírito Santo, que me visiteis com vossa graça e vosso amor, e me concedais o dom de Conselho, a fim de que eu possa escolher o que é mais conveniente à minha santificação, e descobrir as ciladas do Espírito maligno.

Vinde nos dar Vosso Conselho Que nos ensine a sempre ver Em Jesus Cristo, nosso espelho, o que devemos resolver.

OITAVO DIA

Meditação

O dom da Inteligência nos dá a percepção clara, o sentido íntimo das verdades divinas.

Consiste numa iluminação que nos torna capazes de penetrar profundamente as verdades sobrenaturais, não de um modo obscuro, mas, por uma espécie de intuição que vê como transparentes as palavras e os símbolos.

A alma contempla o objeto de sua fé, como si possuísse um novo sentido, e com olhos que se abriram para a luz de um mundo mais elevado.

Intellectus” vem de “intus legere” que significa penetrar o espírito da letra.

A alma dotada da inteligência se sente dilatada por esta clareza, esta luz, que lhe aumenta a fé, a esperança e a caridade. Sente-se impressionada de um modo novo pela leitura do santo Evangelho, acha um sentido desconhecido nas palavras do Salvador, compreende melhor o fim dos Sacramentos, sente-se comovida pelos ritos profundos da liturgia, e atraída pela vida dos Santos, que lhe causa grande edificação.

O dom da Inteligência, assim como o da sabedoria, completa a obra da perfeição, e nos conduz á contemplação.

Esta atração para a vida contemplativa não depende das condições materiais da existência, e não é o privilégio das almas enclausuradas. Encontra-se às vezes numa operária, numa camponesa, numa mãe de família, pois, a graça da contemplação não é fruto da ciência mas antes da

humildade de espírito, e da pureza de coração.

O fruto do dom da Inteligência é uma fé luminosa.

RAMALHETE ESPIRITUAL

Bem-aventurados os limpos de coração porque verão a Deus.”

EXEMPLO

Escreve um missionário da China: Numa missão, encontrei uma meninazinha de dez anos, muito bem instruída da religião, o que nesta idade é muito raro entre os chineses. Esta criança desejava ardentemente se crismar, eu hesitava, no entanto, achando-a jovem demais. Querendo me certificar se sua coragem igualava sua inteligência, disse-lhe: “Depois que estiveres crismada, que farias se o mandarim te pusesse na prisão, te interrogasse sobre a doutrina? O que responderias?

Responderia: sou cristã pela graça de Deus.

E se ele te mandasse renunciar ao Evangelho, que farias?

-— Responderia: Nunca.

Se ele chamasse o carrasco e te dissesse: Apostasia, ou terás a cabeça cortada, qual seria tua resposta?

Eu lhe diria: Corta!

Encantado de vê-la tão bem disposta e resoluta, não hesitei em administrar-lhe o sacramento da Confirmação.

ORAÇÃO

Peço-vos, oh! divino Espírito Santo, que me visiteis com vossa graça e vosso amor e me concedais o dom da Inteligência a fim de que eu possa entender os mistérios divinos, e pela contemplação das cousas celestes desapegar meus pensamentos e afetos de todas as vaidades deste mundo miserável.

Divina luz de Inteligência A nossa mente esclarecei E com fervor e diligencia Nós seguiremos vossa lei.

NONO DIA

Meditação

O dom da Inteligência nos conduz à Sabedoria, assim como o conhecimento é o primeiro passo para o amor.

Conhecendo a excelência de uma cousa, desejamo-la.

O Espírito Santo é luz e calor, é amor e Verdade ao mesmo tempo.

O dom da Sabedoria é ligado ao da Inteligência, enquanto ao objeto que numa é mostrado, e na outra é possuído.

O dom da Sabedoria é bem interpretado pela etimologia da palavra sapiência: “sapere“, saber bem, sentir o gosto, provar as coisas divinas, estimar o valor das coisas pelo sabor.

O dom da Sabedoria consiste na experiência do coração que possui o dom divino, e se compraz na sua posse. Com efeito, a sabedoria é o amor puro, é santidade, é a última palavra da perfeição, resumidas neste grito do Salmista: “Oh! provai e vede como o Senhor é suave”.

O dom da Sabedoria está em nossos corações, possuindo nós a graça santificante, e cresce, à medida que formos fieis e dóceis às inspirações divinas.

Os que têm mais facilidade de adquirir o dom da Sabedoria são os pobres, cuja condição engendra a simplicidade, amesquinha e aniquila o orgulho que é o grande obstáculo à nossa união com Deus.

Depois dos pobres, são as crianças batizadas, pois as suas almas ainda não foram manchadas, nem seus corações obscurecidos pelo pecado.

Quando a Sabedoria incriada, o Filho de Deus, veio a este mundo, ela tocou em muitas coisas com suas mãos divinas: os doentes, os aflitos, os famintos, os moribundos, as crianças; o pão que benzeu e dividiu no deserto; a dor e o sofrimento; enfim, as abraçou na Cruz. Jesus deixou em

tudo o que tocou um perfume, uma doçura, que só percebem aqueles que possuem o dom da Sabedoria.

A Sabedoria é o antegozo da nossa felicidade eterna, é a suprema perfeição da alma em sua união com Deus.

O fruto deste dom é uma estima singular da sabedoria divina.

RAMALHETE ESPIRITUAL

Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus.”

EXEMPLO

Santo Antão, abade, cujas austeridades extraordinárias a todos causavam espanto e admiração, tinha um aspecto singularmente alegre, de maneira que os estranhos que visitavam a solidão em que vivia reconheciam-no à primeira vista pelo seu rosto sereno, onde brilhava o mais puro gozo, e distinguiam-no entre todos os monges.

Isto parece incompreensível ao mundano, que pensa que uma vida mortificada é penitente é incompatível com uma verdadeira alegria e gozo do Espírito Santo; vê os espinhos da abnegação, mas não as suas rosas; experimenta a amargura dos padecimentos, mas não saboreia a sua doçura; olha para a cruz, mas não vê a unção que o Espírito de paz nela infunde.

O servo de Deus, Contardo Ferrini, ilustre professor de direito romano, que na cátedra da universidade italiana, fez resplandecer ao mesmo tempo a ciência, a nobreza da fé, e a pureza dos costumes, costumava dizer: — “Eu não posso conceber uma vida sem oração, um despertar matutino sem o sorriso de Deus, um repouso noturno sem que seja sobre o peito de Cristo”.

Cada manhã recitava suas orações e fazia sua meditação; cada manhã ia à igreja para a “festa dos santos pensamentos”, como dizia. Depois de longas viagens, mal descia do trem, procurava uma igreja para assistir ao santo sacrifício da Missa e unir-se a Jesus na comunhão. E era um leigo e, mais ainda, professar de universidade…

ORAÇÃO

Peço-vos, oh! divino Espírito Santo que me visiteis com vossa graça e vosso amor, e me concedais o dom da Sabedoria, a fim de que eu possa dirigir minhas ações a Deus, e o possua eternamente no céu, depois de o ter amado e servido nesta terra. Amém.

Vinde nos dar Sabedoria que nos dispensa a salvação. O nosso empenho, noite e dia, seja alcançar a perfeição.

(Fonte: livreto Novenário em Honra do Divino Espírito Santo, Typographia Minerva – Assis Bezerra, Fortaleza/1934, editado e formatado por Carlos Alberto de França Rebouças Júnior, em 11.03.2011. Textos revistos e atualizados)

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