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O que é o Santíssimo Sacramento?

Nas discussões religiosas, mais do que nas outras, é indispensável entender bem e, por consequência, saber bem claramente o que se fala.

O que é o Santíssimo Sacramento?

Nas discussões religiosas, mais do que nas outras, é indispensável entender bem e, por consequência, saber bem claramente o que se fala. Como vamos falar do Santíssimo Sacramento, para estabelecer claramente a realidade da presença de Nosso Senhor na Eucaristia, comecemos por expor algumas palavras o que ensina a Igreja Católica sobre este grande mistério. Antes de tudo, devemos evitar mal-entendidos.

A fé nos mostra que Nosso Senhor Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, querendo habitar em meio à sua Igreja até o fim do mundo e provar constantemente a fé de seus fieis, instituiu o Sacramento da Eucaristia, na Quinta-feira Santa, no Cenáculo, na cidade de Jerusalém, algumas horas antes de começar sua dolorosa Paixão.

Ele tomou o pão ázimo (isto é, sem fermento), abençoou-o e, por sua onipotência, transformou-o na própria substância de seu corpo, depois tomou um cálice, que encheu de vinho, abençoou-o e consagrou-o na substância do Seu Sangue divino; de tal maneira que os Apóstolos, ao receber o que Jesus lhes apresentou, receberam não pão e vinho, mas o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo, o próprio Jesus Cristo, oculto sob as aparências do pão e do vinho.

A fé nos mostra que na Hóstia consagrada o Corpo do Salvador é vivo, todo inteiro, unido ao seu Sangue, à sua alma e à sua divindade; e o mesmo se dá em cada partícula da Santa Hóstia inteira. Quando o Sacerdote toma a Hóstia, ele não parte o Corpo do Senhor, mas somente o sinal sensível, a aparência do pão, que vela este Corpo divino e o torna presente no altar.

No cálice, Jesus Cristo está igualmente presente todo inteiro. Seu Sangue adorável está aqui, cheio de vida, unido ao Seu Corpo, à Sua alma e à sua divindade. Jesus Cristo está presente em cada gota de vinho consagrado, como em cada partícula da Santa Hóstia.

A Eucaristia é, pois, um Sacramento (isto é, um sinal exterior) que contém realmente e substancialmente Nosso Senhor Jesus Cristo, Deus feito homem sob as espécies do pão e do vinho.

O Sacramento da Eucaristia torna presente no meio de nós, ainda que velado a nosso olhar, nosso Divino Salvador, como seu Corpo, seu Sangue, sua alma e sua divindade. Como é o mais augusto, o mais santo de todos os sacramentos, é chamado o Santíssimo Sacramento, o Sacramento por excelência.

Dá-se a ele também o nome de Eucaristia; esta palavra vem do grego e significa a graça por excelência.

O Santíssimo Sacramento é, pois, o bom Deus; é Jesus Cristo que está aqui, corporalmente presente em meio aos cristãos. Como outrora em Belém, em Nazaré, em Jerusalém, o Filho eterno de Deus, estava por sua humanidade, realmente presente no meio dos homens; assim, pelo Santíssimo Sacramento, Ele continua a habitar realmente no meio de nós. Não o vemos, mas Ele está igualmente presente, como um homem está realmente presente numa habitação, mesmo estando escondido atrás de uma cortina. O véu que na Eucaristia, nos oculta Jesus Cristo são as espécies sacramentais, isto é, as aparências do pão e do vinho. Em Jerusalém, o véu que ocultava aos judeus a divindade do Salvador era a sua humanidade. Os judeus deviam crer na divindade, que eles não viam, e que, no entanto, estava realmente presente: nós devemos crer igualmente naquilo que não vemos, isto é, na divindade e na humanidade de Jesus Cristo, ambas presentes sob o véu da Hóstia consagrada.

A Igreja nos ensina ainda que os sacerdotes, e somente eles, recebem de Deus, por meio do Sacramento da Ordem, o poder de consagrar, Isto é, de mudar o pão e o vinho no Corpo e no Sangue de Jesus Cristo. Eles o Fazem em uma cerimônia religiosa augustíssima que se chama Missa, a qual todos os cristãos estão obrigados a assistir ao menos todos os domingos e em certas festas, sob pena de pecado mortal. No meio da Missa, no momento solene que se chama consagração ou elevação, o sacerdote, como outrora Jesus Cristo no Cenáculo, transforma o pão e o vinho no Corpo e o Sangue no Filho de Deus. Esta mudança milagrosa se chama transubstanciação, isto é, transformação da substância do pão e do vinho na substância do Corpo e do Sangue de Nosso Senhor.

O sacerdote e os cristãos que estão preparados comungam, isto é, recebem o próprio Cristo, a fim de permanecer mais fieis e de ama-lo mais.

Após a Santa Missa, o Santíssimo Sacramento é respeitosamente conservado sob a espécie do pão e guardado no sacrário no meio do altar. E assim, em nossas igrejas, mesmo em meio aos mais pobres vilarejos, nosso grande Deus habita noite e dia no meio de nós.

 

 

(Fonte: opúsculo A Presença Real e os Milagres Eucarísticos, Mons. de Ségur, tradução e notas de José Eduardo Câmara de Barros Carneiro, Editora Ecclesiae, junho/2013, Cap. V, pp.23-26)

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