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OS DEMÔNIOS NÃO PODEM FAZER MILAGRES

OS DEMÔNIOS NÃO PODEM FAZER MILAGRES

O Anticristo com o diabo de Luca Signorelli (1502).

O diabo e os demônios, sendo criados (como anjos bons: depois, por livre escolha, se tornaram maus) são necessariamente limitados no ser e no agir e, portanto, não podem fazer milagres. O milagre é um fato sobrenatural que só Deus, sendo onipotente, pode realizar ou diretamente ou através da mediação materna de Maria ou a dos anjos e dos santos.1 O agir dos demônios entra naquele campo chamado pela teologia de preternatural (do latim “praeter”, “além, além de”). Eles podem fazer coisas que superam as possibilidades naturais de todo ser humano e da própria natureza, mas que não são verdadeiros e próprios milagres. O milagre, efetivamente, é algo que a natureza não poderá nunca por si mesma realizar; ou, em outras palavras, não com aquela rapidez ou naquela modalidade. O milagre é um fato que supera as leis da natureza, no sentido de que diferentemente de uma ação preternatural, é algo de totalmente impossível à natureza, e que não pode ser explicado com os nossos conhecimentos humanos, mesmo não estando em contradição com a razão humana.2

Os demônios, tendo capacidades maiores em relação a nós, produzem fenômenos que, às vezes, podem parecer para nós aparentemente miraculosos, mas que na realidade não o são, porque eles atuam sempre através de forças e meios naturais e nunca poderão fazer o que só a onipotência de Deus pode realizar. Na sua obra de enganos nos confrontos com o homem, comportam-se como hábeis transformistas, como prestidigitadores habilíssimos, produzindo fatos espetaculares, coisas surpreendentes que na realidade são truques e falsas alquimias para nos deslumbrar e realizar os seus desígnios perversos. Exatamente porque não se trata de fatos sobrenaturais, com a intervenção do sobrenatural – através da oração, dos sacramentos, dos sacramentais e de uma vida de união com Cristo – são desmascarados e vencidos.

___Notas:

1.Os anjos e os homens agem como instrumentos da virtude divina ao realizar o milagre: não por qualquer virtude gratuita ou natural, que neles permaneça habitualmente, porque em tal caso poderiam fazer milagres sempre, quando o quisessem. Trata-se de uma graça dada gratuitamente – como a graça de operar curas – e que é concedida por Deus para operar sobrenaturalmente, como é concedida a graça da profecia para conhecer sobrenaturalmente as coisas. E acontece como ao profeta, que não pode a seu bel-prazer profetizar, mas apenas quando o Espírito de profecia lhe toca o coração” (Santo Tomás de Aquino,”De Pot., q. 6, a. 4).

2. “Mesmo ultrapassando as leis da natureza ou até mesmo suspendendo-as (no sentido de que impede as ações da natureza produzir aqueles efeitos que lhes são próprios, o milagre nunca é irracional. Santo Tomás distingue três gêneros de milagres, com base na distância entre as possibilidades da natureza e a intervenção de Deus. Existem antes de tudo os milagres quais Deus faz alguma coisa, que a natureza não pode nunca fazer, por exemplo, que o sol retroceda ou se detenha. Vêm depois os milagres nos quais Deus faz alguma coisa que pode ser feita também pela natureza, mas não na mesma ordem. Por exemplo, é obra da natureza que um animal viva, veja, caminhe; mas não faz parte do poder da natureza fazer viver depois da morte, fazer ver depois da cegueira, fazer andar um paralítico. Finalmente, existe o gênero de milagres em que Deus faz o que a natureza também costuma fazer, mas sem se servir dos elementos da natureza: por exemplo, a cura da febre (cf. Battista Mondin. Dizionario enciclopedico del pensiero di San Tommaso di Aquino. Edizioni Studio Domenicano, Bologna, 1991, p. 397).

(Fonte: livro, em formato PDF, Possessões Diabólicas e Exorcismos, Francesco Bamonte, pp. 37-39, obtido do blog Alexandria Católica)

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