Mariologia
8 DE DEZEMBRO – FESTA DA IMACULADA CONCEIÇÃO DA BEM-AVENTURADA VIRGEM MARIA
A IMACULADA CONCEIÇÃO
8 DE DEZEMBRO – FESTA DA IMACULADA CONCEIÇÃO DA BEM-AVENTURADA VIRGEM MARIA
A IMACULADA CONCEIÇÃO
Ponho-me na presença de Maria Imaculada, minha doce Mãe, e escuto o seu apelo: «Vinde a mim todos os que me amais e dir-vos-ei quantas coisas Deus fez na minha alma» (BR.).
1 – A festa da Imaculada Conceição harmoniza-se perfeitamente com o espírito do Advento; enquanto a alma se dispõe para a vinda do Redentor, é justo pensar naquela, «a toda pura», que foi Sua Mãe. A própria promessa do Salvador está unida, ou antes, incluída, na promessa desta Virgem singular. Depois de ter amaldiçoado a serpente enganadora, Deus proclamou: «Porei inimizades entre ti e a mulher, e entre a tua posteridade e a posteridade dela. Ela te pisará a cabeça» (Gên. 3. 15). E eis que a Virgem anunciada avança, «branca como a neve, resplandecente como o sol, cheia de graça e bendita entre todas as mulheres». (BR.).
Em vista do sublime privilégio que fará d’Ela a Mãe do Verbo Encarnado, Maria – única entre todas as criaturas – foi preservada do pecado original. Apesar disso, não vejamos somente na Imaculada, a preservação do pecado original, a ausência absoluta da mais tênue sombra de imperfeição, mas vejamos também o aspecto positivo deste mistério que, desde o primeiro momento da sua existência, fez d’Ela a cheia de graça.
Os teólogos ensinam que Maria Santíssima começou a sua carreira espiritual com uma graça muito mais abundante e perfeita do que aquela que os maiores santos alcançaram no fim da vida. Se considerarmos que, durante toda a sua existência, a Santíssima Virgem correspondeu sempre dum modo pleno e total a todos os movimentos da graça e a qualquer chamamento divino, podemos adivinhar com que incessante e rapidíssimo progresso cresceram n’Ela a caridade e a graça, a ponto de a converterem na criatura mais santa, mais totalmente unida a Deus e mais transformada n’Ele.
2 – S. João da Cruz, ao descrever as maravilhas do estado de união perfeita com Deus, apresenta-nos a Virgem Imaculada como o seu protótipo e modelo: «Tais eram as obras da gloriosíssima Virgem nossa Senhora, que, estando desde o princípio elevada a este alto estado de união, nunca teve impressa na alma forma de qualquer criatura, nem por ela se moveu, mas sempre a sua moção foi do Espírito Santo» (S. Ill, 2, 10).
Vemos, por conseguinte, realizarem-se plenamente em Maria as duas condições essenciais do estado de união. A primeira – prévia e negativa – requer que na vontade da alma não haja nada que seja contrário à vontade divina; nenhum apego que a faça prisioneira das criaturas, de sorte que estas dominem de algum modo sobre o seu afeto, levando-a a agir por amor das mesmas criaturas: tudo isto deve ser eliminado. A segunda condição – positiva e construtiva, e consequência da primeira – consiste em que a vontade humana em tudo e por tudo, seja movida unicamente pela vontade de Deus. De tal modo isto se realizou na alma puríssima da Imaculada, que n’Ela jamais existiu a mínima sombra de apego às criaturas, «nunca teve impressa na alma forma de qualquer criatura, nem por ela se moveu», mas, totalmente dominada pelo amor divino, agia somente sob o impulso e a «moção do Espírito Santo».
Assim a Imaculada apresenta-se-nos como a Esposa puríssima do Espírito Santo, não só em relação à sua maternidade divina, mas ainda em relação a toda a sua vida, movida exclusivamente pelo Seu impulso.
Colóquio – Ó Maria, Mãe de Deus e minha Mãe, quanta luz e quanto conforto recebo da vossa doce imagem! Vós, a mais bela, a mais santa, a mais pura de todas as criaturas, vós, a «cheia de graça», tão «cheia de graça que merecestes trazer em vós o Autor e a fonte de toda a graça, não desdenhais apresentar-vos a mim, pobre criatura, que conheço o pecado e as suas misérias, como modelo de pureza, de amor, de santidade!
Se os privilégios da vossa Imaculada Conceição e da vossa divina Maternidade são. inimitáveis, vós os ocultais sob as aparências de uma vida tão simples e humilde que não temo aproximar-me de vós, nem pedir-vos que me leveis pela mão para me ajudardes a subir convosco o monte da perfeição. Sim, vós sois a Rainha do céu e da terra, mas sois mais Mãe que Rainha, pois vós mesma me animais a recorrer a vós, dizendo: «Ó filho, escuta-me: felizes os que seguem os meus caminhos … aquele que me achar, encontrará a vida e alcançará o favor do Senhor» (MR.). E eu respondo com o grito da Igreja: «Atraí-me, ó Virgem Imaculada, correrei atrás de vós, ao odor dos vossos perfumes».
Sim, atraí-me, Mãe Imaculada, atraí-me sobretudo com o luminoso encanto da vossa pureza sem mancha. Como me sinto impuro e maculado pelas coisas terrenas, perante vós que sois puríssima, tão desprendida de tudo, tão esquecida de vós mesma que nada vos moveu a agir senão a vontade divina, a moção do Espírito Santo!
Se vos vejo sempre dócil e pronta a responder ao mínimo chamamento divino, embora oculto sob as circunstâncias mais humanas e comuns; se vos oiço repetir docemente o vosso «sim», ecce ancilla Dómini… fiat, em todos os acontecimentos da vossa vida, grandes ou pequenos, alegres ou penosos, é justamente porque sois a Puríssima. Nenhuma sombra de criatura, de interesse, de afeto humano, toca ao de leve o vosso coração e por isso nada pode impedir o vosso rápido voo para Deus.
Ó Virgem Imaculada, ainda que eu seja tão pertinaz, tão preguiçoso e a varo em dar-me a Deus, tão mergulhado nas coisas da terra, fazei-me compreender como deve ser puro o meu coração para nunca recusar nada ao Senhor e poder repetir sempre convosco o meu dócil e pronto fiat.
Iluminai a minha alma com a luz que irradia da vossa resplandecente pureza, para que não fique escondido em mim nenhum apego, nenhum afeto terreno, impedindo-me uma vida de autêntica e plena consagração a Deus.
Confio-vos especialmente o meu voto de castidade; guardai-o e fazei que eu seja puro não só de corpo, mas também de alma e coração. Com a vossa ajuda, minha Mãe, estou disposto a renunciar a qualquer afeto, por mínimo que seja, que me possa prender às criaturas: quero que o meu coração seja todo para Deus, para Ele quero guardar todas as suas palpitações em espírito de total castidade.
☞ NOTA 1: Para ler mais sobre a Imaculada Conceição da Bem-Aventurada Virgem Maria, acesse AQUI 1 e 2.
☞ NOTA 2: Para rezar a oração composta pelo Santo Padre o Papa São Pio X à Imaculada Conceição de Maria, acesse AQUI.
(Fonte: livro Intimidade Divina Meditações Sobre a Vida Interior para Todos os Dias do Ano, Pe. Gabriel de Sta. Maria Madalena, OCD, Edições Carmelitanas, Porto-Portugal, 2ª edição/1967, pp. 51-55 – Texto revisto e atualizado e alguns destaques acrescidos)