Mariologia

MARIA, ESPOSA DO ESPÍRITO SANTO

MARIA, ESPOSA DO ESPÍRITO SANTO

Prólogo: O fato da anunciação representa, na história da humanidade e de Nossa Senhora, um ponto alto. É para os homens o momento em que Deus se tornou “Emanuel”, isto, é Deus conosco.

É para Maria Santíssima o instante em que o Espírito Santo a fez sua Esposa. O régio e divino Esposo não se esqueceu do dote e, antes de tomar Maria por Esposa, a tinha enriquecido qual rainha sem igual.

1. O DOTE: Os santos são a coroa do Espírito Santo. Neles ele manifesta o seu poder santificador e a chama do seu amor. Há de existir forçosamente, um limite nas coisas criadas. Em Maria o Espírito Santo atingiu os limites extremos na ordem da natureza e da graça. Ela é a mais perfeita das criaturas. Ir além seria o mesmo que criar outro Deus. Em outras palavras, podemos afirmar sem medo de exagerar que Nossa Senhora é o máximo de perfeição criada que pode existir. Por que quis Deus orná-la de modo tão extraordinário? Porque Maria fora eleita para Mãe do Filho de Deus. E fora eleita para Esposa do próprio Deus.

Quem é essa que surge bela como o sol ?…” exclama o rei vidente ao contemplar a sombra da que viria um dia a ser a Mãe do Altíssimo.

O leitor talvez julgue haver alguma hipérbole no que estou afirmando. Ouça o que a mesma Igreja coloca nos lábios de Maria, na festa da Imaculada Conceição: “O Senhor possuiu-me no princípio dos meus caminhos, antes de haver criado alguma coisa… Os abismos ainda não eram quando eu fui concebida. Ainda não corriam as fontes, nem existiam os pesados montes, que antes deles eu era nascida… Quando ele estendia as nuvens sobre a terra e regulava as fontes das águas… quando pesava os fundamentos da terra, com ele eu estava… entretendo-me todos os dias em suas delícias…” (Prov. 8. 22 e ss.).

Sem dúvida o escritor sacro fala da sabedoria divina. Mas, inspirada andou a Igreja, em aplicando as mesmas palavras àquela que, um dia, se tornaria Mãe da Sabedoria Divina Humanada.

Quem a adornou de dotes sem par? Aquele que queria nela um instrumento perfeitíssimo para obrar suas maravilhas. Quando o anjo afirma que “o Espirito Santo descerá sobre ti e a Força do Altíssimo te cobrirá com sua sombra” (Luc. 1, 35) lembra à Virgem que Deus é onipotente e seu poder há de fazer brotar de suas entranhas o Santo e Imaculado Cordeiro que tira os pecados do mundo. O mesmo Espírito Santo que a tornaria frutífera, foi quem a tornou toda bela.

Na aurora da existência, no instante exato em que Maria foi concebida, o Espírito Santo lá se achava para isentá-la da culpa original. Erguia-se no firmamento a figura heroica da Mulher que esmagaria a cerviz da serpente infernal. Era apenas uma meninazinha deitada num berço. Mas, sua alma brilhava com o fulgor das neves do Carmelo.

Nos anos de infância, na doce juventude radiosa pelos anos de sol causticante que são os da idade madura, Maria SSma. atravessou a vida como estandarte perenemente erguido aos céus, tocado sem cessar pelas auras da graça divina, sem conhecer jamais a miséria do pecado pessoal. A escolhida para Mãe de Deus que iria tratar o Corpo do Santíssimo com mãos humanas, possuía mãos sem mácula. E o Coração que iria pulsar, anos a fio, junto do Divino Coração de Jesus, era um Coração Imaculado, por obra do Espírito Santificador.

Pudéssemos escolher-nos a Mãe e creio que iríamos escolher a que Deus nos deu. Mas, dar-lhe-íamos tudo, como estivesse em nossas mãos. Deus deu tudo que podia dar à sua Mãe. O Espírito Santo, manancial de santidade e autor da graça, não lhe deu graças apenas, mas tornou-a cheia de graça. Nos santos há abundância de graças.

Em Maria, plenitude de graças. O próprio Autor da graça, Jesus, foi entregue a Maria, que se tornou a depositária das graças. Porque recebeu tudo que podia ser dado, Maria SSma. tornou-se a Santíssima, a Rainha dos santos, a Rainha dos Mártires, a Rainha dos Céus e da terra. Seu corpo puríssimo jamais manchado pelo pecado, não era digno de sofrer a corrupção do sepulcro e Jesus levou sua Mãe ao céu com corpo e alma.

O Espírito Santo adornou Maria de tais e tão grandes dotes para afinal, dar-lhe a coroa das graças: a Maternidade divina. Quis vê-la toda santa, toda bela, toda pura, para fazê-la Mãe do Verbo Humanado.

2. OS ESPONSAIS: grande é a maternidade. Sublime a virgindade. Maior ainda a maternidade virginal. Deus pode suscitar filhos de Abraão das pedras, diria Jesus, em face da empáfia dos fariseus. Deus suscitou esse sinal maravilhoso no meio da humanidade: uma virgem puríssima que é a Mãe de Deus.

Um houve, testemunha do mistério que se realizava, o anjo Gabriel, portador da mensagem divina. Transmite a Nossa Senhora o desejo de Deus. Maria permanece humildemente prostrada, enquanto o mensageiro celeste em pé aponta para o alto: “O Espírito Santo há de vir e cobrir-te com sua sombra…” Sombra protetora, sombra que dá vida, sombra que encherá o mundo de luz. Depois Maria diz: “Eis aqui a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!” E o Verbo se fez homem e habitou entre nós, descendo ao seio da Virgem. E o anjo prostra-se em adoração ao mistério do Deus feito homem.

Esponsais misteriosos, que ninguém é capaz de compreender. Eles exauriram todas as possibilidades divinas: por obra e graça do Espírito Santo nasceu Jesus e não podia nascer outro porque Jesus é o Filho de Deus, Unigênito e Eterno. Aí nem é mister demorar rebatendo doutrinas errôneas de corações ofuscados pela ignorância pelo preconceito e, quiçá, pela malícia. Jesus é Unigênito de Deus, é o Primogênito de Maria Santíssima. E é o único filho de Maria porque é Deus e foi concebido miraculosamente por obra e graça do Espírito Santo.

Epílogo: Festejamos hoje o dia do Espírito Santo. Pentecostes, na história da Igreja, é o primeiro passo ao qual se seguiram milhões de um exército em marcha para a eternidade por Deus. Então o Espirito Santo, descendo sobre os apóstolos deu à Igreja o que Jesus lhe tinha prometido: a Igreja estava definitivamente fundada.

Trinta e tantos anos atrás o Espirito Santo deu à humanidade o Salvador. O mundo era como casa fechada onde não penetram raios do sol. Mofo, tristeza, abandono reinavam por todos os cantos. Então o sopro forte do Espírito Santo abriu as janelas e

No ventre da Virgem Mãe
Encarnou Divina Graça:
Entrou e saiu por ela
Como o sol pela vidraça.

O Sol Divino Jesus encheu o mundo de luz, vida e alegria. E Maria Santíssima permaneceu a Mãe sem mancha, santificada ainda pela presença divina que lhe conservou a integridade; acrescentando-lhe nova beleza: Mãe de Deus, Esposa Imaculada do Espírito Santo.

(Fonte: in Lar Católico, Semanário ilustrado editado pelos Missionários do Verbo Divino, Ano XLII, número 23, 6 de junho de 1959, p. 1 – Texto revisto, atualizado e destaques acrescidos)

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